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8 poemas sobre ansiedade para ler e refletir

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Confira a nossa seleção de poemas sobre ansiedade em português!

A ansiedade é, hoje, um dos temas mais discutidos em psicologia.

Isso porque vivemos num mundo repleto de expectativas para conosco; é como se estivéssemos sempre pressionados por tarefas, pela demonstração de resultados, de produtividade e de comprometimento.

Assim, ficamos ansiosos: ansiosos pelo futuro e pelo momento seguinte, pelo resultado de nossos esforços e pela materialização de nossos anseios. Talvez por isso nos afastamos tanto daquela virtude tão celebrada em tempos antigos: a paciência.

Mas pior: não é raro que a ansiedade desenvolva-se em sintomas piores, como medo, preocupação e nervosismo.

Tal é um fato, porém, que não é exclusividade de nossos dias, e muitos poetas já retrataram em versos de variadas maneiras esse sentimento desconfortável.

Sendo assim, preparamos uma seleção com 8 poemas sobre ansiedade para que você possa apreciar algumas abordagens para essa temática.

Boa leitura!

Poemas sobre ansiedade

As minhas ansiedades caem, de Fernando Pessoa

IV

As minhas ansiedades caem
Por uma escada abaixo
Os meus desejos balouçam-se
Em meio de um jardim vertical.

Na Múmia a posição é absolutamente exacta.

Música longínqua,
Música excessivamente longínqua,
Para que a Vida passe
E colher esqueça aos gestos.

Fogo-fátuo, de Olavo Bilac

Cabelos brancos! dai-me, enfim a calma
A esta tortura de homem e de artista:
Desdém pelo que encerra a minha palma,
E ambição pelo mais que não exista;

Esta febre, que o espírito me encalma
E logo me enregela; esta conquista
De ideias, ao nascer, morrendo na alma,
De mundos, ao raiar, murchando à vista:

Esta melancolia sem remédio,
Saudade sem razão, louca esperança
ardendo em choros e findando em tédios;

Esta ansiedade absurda, esta corrida
Para fugir o que o meu sonho alcança,
Para querer o que não há na vida!

Anseios, de Florbela Espanca

Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha cais!

Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!…
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!

Não estendas tuas asas para o longe…
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar!…

Balada de sempre, de Fernando Namora

Espero a tua vinda
a tua vinda,
em dia de lua cheia.

Debruço-me sobre a noite
a ver a lua a crescer, a crescer…

Espero o momento da chegada
com os cansaços e os ardores de todas as chegadas…

Rasgarás nuvens de ruas densas,
Alagarás vielas de bêbados transformadores.
Saltarás ribeiros, mares, relevos…
– A tua alma não morre
aos medos e às sombras! –

Mas…,
Enquanto deixo a janela aberta
para entrares,
o mar,
aí além,
sempre duvidoso,
desenha interrogações na areia molhada…

Ignotus, de Antero de Quental

(A Salomão Sáragga)

Onde te escondes? Eis que em vão clamamos,
Suspirando e erguendo as mãos em vão!
Já a voz enrouquece e o coração
Está cansado — e já desesperamos…

Por céu, por mar e terras procuramos
O Espírito que enche a solidão,
E só a própria voz na imensidão
Fatigada nos volve… e não te achamos!

Céus e terra, clamai, aonde? aonde? —
Mas o Espírito antigo só responde,
Em tom de grande tédio e de pesar:

— Não vos queixeis, ó filhos da ansiedade,
Que eu mesmo, desde toda a eternidade,
Também me busco a mim… sem me encontrar!

Anseio, de Augusto dos Anjos

Quem sou eu, neste ergástulo das vidas
Danadamente, a soluçar de dor?!
— Trinta trilhões de células vencidas,
Nutrindo uma efeméride inferior.

Branda, entanto, a afagar tantas feridas,
A áurea mão taumatúrgica do Amor
Traça, nas minhas formas carcomidas,
A estrutura de um mundo superior!

Alta noite, esse mundo incoerente,
Essa elementaríssima semente
Do que hei de ser, tenta transpor o Ideal…

Grita em meu grito, alarga-se em meu hausto,
E, ai! como eu sinto no esqueleto exausto
Não poder dar-lhe vida material!

Ansiedade, de Manuel Lopes Fonseca

Quero compor um poema
onde fremente
cante a vida
das florestas das águas e dos ventos.

Que o meu canto seja
no meio do temporal
uma chicotada de vento
que estremeça as estrelas
desfaça mitos
e rasgue nevoeiros — escancarando sóis!

Anseio, de João de Deus

Oh, quem me dera embalado
Nesse berço vaporoso,
Nuvens do céu azulado…
Onde os meus olhos repouso
Já de tanto olhar cansado!

De tanto olhar à procura
De um bem que o fosse deveras;
De uma paz, de uma ventura
Dessas venturas sinceras,
Se as pode haver sem mistura.

Mas há, sem dúvida: creio
Neste desejo entranhável!
Há-de haver um rosto, um seio
De amor e gozo inefável
Donde mesmo este amor veio!

Este amor que a vós me prende,
Nuvens do céu azulado!
E a vós, lâmpadas que acende
Depois do Sol apagado
Quem… de Quem tudo depende!

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre ansiedade.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa seleção de poemas sobre beijo.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 8 poemas sobre ansiedade para ler e refletir. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-ansiedade-poesia-portuguesa/. Acesso em: 26 out. 2024.