Confira a nossa seleção de poemas sobre beijo em português!
O beijo talvez seja o símbolo mais óbvio da união entre duas pessoas que se amam.
Por ele, de uma só vez, fica expresso o desejo e uma conexão íntima e sentimental entre os envolvidos, além de uma manifestação de carinho, posto que não somente não se beija quem não se gosta, como é preciso algo mais para beijar.
Assim, é natural que a poesia se valha do beijo como expressão dessa conexão especial, e também como símbolo para outros sentimentos, como por exemplo o prazer (que se deriva naturalmente do beijo).
Dito isso, preparamos uma seleção com 6 poemas sobre beijo para que você possa apreciar algumas abordagens para esta temática.
Boa leitura!
Poemas sobre beijo
Horas rubras, de Florbela Espanca
Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos rubros e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas…Oiço olaias em flor às gargalhadas…
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p’las estradas…Os meus lábios são brancos como lagos…
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras…Sou chama e neve e branca e mist’riosa…
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!
Beijo, de João de Deus
Beijo na face
Pede-se e dá-se:
Dá?
Que custa um beijo?
Não tenha pejo:
Vá!Um beijo é culpa,
Que se desculpa:
Dá?
A borboleta
Beija a violeta:
Vá!Um beijo é graça,
Que a mais não passa:
Dá?
Teme que a tente?
É inocente…
Vá!Guardo segredo,
Não tenha medo…
Vê?
Dê-me um beijinho,
Dê de mansinho,
Dê!*
Como ele é doce!
Como ele trouxe,
Flor,
Paz a meu seio!
Saciar-me veio,
Amor!Saciar-me? louco…
Um é tão pouco,
Flor!
Deixa, concede
Que eu mate a sede,
Amor!Talvez te leve
O vento em breve,
Flor!
A vida foge,
A vida é hoje,
Amor!Guardo segredo,
Não tenhas medo
Pois!
Um mais na face,
E a mais não passe!
Dois…*
Oh! dois? piedade!
Coisas tão boas…
Vês?
Quantas pessoas
Tem a Trindade?
Três!Três é a conta
Certinho, e justa…
Vês?
E que te custa?
Não sejas tonta!
Três!Três, sim: não cuides
Que te desgraças:
Vês?
Três são as Graças,
Três as Virtudes;
Três.As folhas santas
Que o lírio fecham,
Vês?
E não o deixam
Manchar, são… quantas?
Três!
Um beijo, de Olavo Bilac
Foste o beijo melhor da minha vida,
Ou talvez o pior…glória e tormento,
Contigo à luz subi do firmamento,
Contigo fui pela infernal descida!Morreste, e o meu desejo não te olvida:
Queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
E do teu gosto amargo me alimento,
E rolo-te na boca malferida.Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
Batismo e extrema-unção, naquele instante
Por que, feliz, eu não morri contigo?Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto,
Beijo divino! E anseio, delirante,
Na perpétua saudade de um minuto…
Inverno, de Cecília Meireles
Choveu tanto sobre o teu peito
que as flores não podem estar vivas
e os passos perderam a força
de buscar estradas antigas.Em muita noite houve esperanças
abrindo as asas sobre as ondas.
Mas o vento era tão terrível!
Mas as águas eram tão longas!Pode ser que o sol se levante
sobre as tuas mãos sem vontade
e encontres as coisas perdidas
na sombra em que as abandonaste.Mas quem virá com as mãos brilhantes
trazendo o seu beijo e o teu nome,
para que saibas que és tu mesmo,
e reconheças o teu sonho?A primavera foi tão clara
que se viram novas estrelas,
e soaram no cristal dos mares,
lábios azuis de outras sereias.Vieram, por ti, músicas límpidas,
trançando sons de ouro e de seda.
Mas teus ouvidos noutro mundo
desalteravam sua sede.Cresceram prados ondulantes
e o céu desenhou novos sonhos,
e houve muitas alegorias
navegando entre Deus e os homens.Mas tu estavas de olhos fechados
prendendo o tempo em teu sorriso.
E em tua vida a primavera
não pôde achar nenhum motivo…
A fada negra, de Antero de Quental
Uma velha de olhar mudo e frio,
De olhos sem cor, de lábios glaciais,
Tomou-me nos seus braços sepulcrais.
Tomou-me sobre o seio ermo e vazio.E beijou-me em silêncio, longamente,
Longamente me uniu à face fria…
Oh! como a minha alma se estorcia
Sob os seus beijos, dolorosamente!Onde os lábios pousou, a carne logo
Mirrou-se e encaneceu-se-me o cabelo,
Meus ossos confrangeram-se. O gelo
Do seu bafo secava mais que o fogo.Com seu olhar sem cor, que me fitava,
A Fada negra me coalhou o sangue.
Dentro em meu coração inerte e exangue
Um silêncio de morte se engolfava.E volvendo em redor olhos absortos,
O mundo pareceu-me uma visão,
Um grande mar de névoa, de ilusão,
E a luz do sol como um luar de mortos…Como o espectro dum mundo já defunto,
Um farrapo de mundo, nevoento,
Ruína aérea que sacode o vento,
Sem cor, sem consistência, sem conjunto…E quanto adora quem adora o mundo,
Brilho e ventura, esperar, sorrir,
Eu vi tudo oscilar, pender, cair,
Inerte e já da cor dum moribundo.Dentro em meu coração, nesse momento,
Fez-se um buraco enorme — e nesse abismo
Senti ruir não sei que cataclismo,
Como um universal desabamento…Razão! velha de olhar agudo e cru
E de hálito mortal mais do que a peste!
Pelo beijo de gelo que me deste,
Fada negra, bendita sejas tu!Bendita sejas tu pela agonia
E o luto funeral daquela hora
Em que eu vi baquear quanto se adora,
Vi de que noite é feita a luz do dia!Pelo pranto e as torturas benfazejas
Do desengano… pela paz austera
Dum morto coração, que nada espera,
Nem deseja também… bendita sejas!
Cantiga, de Manuel Bandeira
Nas ondas da praia
Nas ondas do mar
Quero ser feliz
Quero me afogar.Nas ondas da praia
Quem vem me beijar?
Quero a estrela-d’alva
Rainha do mar.Quero ser feliz
Nas ondas do mar
Quero esquecer tudo
Quero descansar.
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre beijo.
Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre casamento.
Um abraço e até a próxima!