Confira a nossa seleção de poemas para dormir em português!
A necessidade de dormir é uma das características mais interessantes da natureza humana.
A princípio, pode parecer o ato de dormir um desperdício do limitado tempo de nossas vidas, ainda mais se considerarmos que dormimos por uma parte considerável de nossos dias.
Porém, precisamos de dormir, e enquanto o fazemos nosso corpo trabalha por nós de inúmeras maneiras, fazendo com que possamos acordar no dia seguinte com energias renovadas, física e psiquicamente.
Mas o ato de dormir, para além de uma necessidade fisiológica, possui conotações muito mais vastas, que naturalmente foram e continuam sendo objeto de atenção de poetas.
Sendo assim, preparamos uma seleção com 6 poemas para dormir refletindo sobre algumas destas conotações que tornam o sono muito mais interessante.
Boa leitura!
Poemas para dormir
Acalanto para Deus menino, de Manuel Bandeira
Sóror Juana Inés de la Cruz
Pois meu Deus nasceu para penar,
Deixem-no velar.
Pois está desvelado por mim,
Deixem-no dormir.
Deixem-no velar:
Não há pena em quem ama,
Como não penar.
Deixem-no dormir:
Sono é ensaio da morte
Que um dia há de vir.
Silêncio, que dorme.
Cuidado, que vela.
Não o despertem, não.
Sim, despertem-no, sim.
Deixem-no velar.
Deixem-no dormir.
Lucinda, de Almeida Garrett
Ergue a frente, lírio,
Ergue a branca frente!
O astro do delírio
Já surgiu no oriente.Vês, o sol ardente
Lá caiu no mar;
A frente pendente
Ergue a respirar!Alvo é o luar,
Teu alvor não cresta;
A hora de gozar,
De viver é esta.Longa foi a sesta,
Longo o teu dormir;
Ergue a branca testa,
Tempo é de surgir!Já se abre a sorrir
Tua boca linda…
Despertar, sentir
Ou sonhar é ainda?Sonho que não finda
Será o teu sonhar,
Se a dormir, Lucinda,
Te sentes amar.
Dorme, que a vida é nada!, de Fernando Pessoa
Dorme, que a vida é nada!
Dorme, que tudo é vão!
Se alguém achou a estrada,
Achou-a em confusão,
Com a alma enganada.Não há lugar nem dia
Para quem quer achar,
Nem paz nem alegria
Para quem, por amar,
Em quem ama confia.Melhor entre onde os ramos
Tecem dosséis sem ser
Ficar como ficamos,
Sem pensar nem querer.
Dando o que nunca damos.
Vontade de dormir, de Mário de Sá-Carneiro
Fios d’ouro puxam por mim
A soerguer-me na poeira –
Cada um para o seu fim,
Cada um para o seu norte…. . . . . . . . . . . . . . .
– Ai que saudade da morte…
. . . . . . . . . . . . . . .
Quero dormir… ancorar…
. . . . . . . . . . . . . . .
Arranquem-me esta grandeza!
– Pra que me sonha a beleza,
Se a não posso transmigrar?…
Durmo. Se sonho, ao despertar não sei, de Fernando Pessoa
Durmo. Se sonho, ao despertar não sei
Que coisas eu sonhei.
Durmo. Se durmo sem sonhar, desperto
Para um espaço aberto
Que não conheço, pois que despertei
Para o que inda não sei.
Melhor é nem sonhar nem não sonhar
E nunca despertar.
Dormindo, de Olavo Bilac
De qual de vós desceu para o exílio do mundo
A alma desta mulher, astros do céu profundo?
Dorme talvez agora… Alvíssimas, serenas,
Cruzam-se numa prece as suas mão pequenas.
Para a respiração suavíssima lhe ouvir,
A noite se debruça… E, a oscilar e a fulgir,
Brande o gládio de luz, que a escuridão recorta,
Um arcanjo, de pé, guardando a sua porta.
Versos! podeis voar em torno desse leito,
E pairar sobre o alvor virginal de seu peito,
Aves, tontas de luz, sobre um fresco pomar…
Dorme… Rimas febris, podeis febris voar…
Como ela, num livor de névoas misteriosas,
Dorme o céu, campo azul semeado de rosas;
E dois anjos do céu, alvos e pequeninos,
Vêm dormir nos dois céus dos seus olhos divinos…
Caravana, que Deus pelo espaço conduz!
Todo o vosso clarão nesta pequena alcova
Sobre ela, como um nimbo esplêndido, se mova:
E, a sorrir e a sonhar, sua livre cabeça
Como a da Virgem Mãe repouse e resplandeça!
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas para dormir.
Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas existenciais.
Um abraço e até a próxima!