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5 poemas sobre emoções para ler e se comover!

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Confira a nossa seleção de poemas sobre emoções em português!

É escusado dizer que a poesia é um dos veículos mais nobres e autênticos para que alguém expresse suas emoções.

Isso é, aliás, o que têm feito poetas desde muitos séculos antes de nós.

As emoções são um tema que nunca se esgota, e embora possamos identificá-las e compará-las, há sempre algo de singular passível de ser colocado pelo artista nesta experiência comum.

Quer dizer: o artista, tomando de pretexto algo universal, insere na obra a sua própria individualidade, ou a interpretação individualizada de sua experiência.

E é por isso que grandes artistas tanto nos comovem e nos fazem pensar: pois aquilo que expressam abre nossos olhos para uma dimensão nova de uma experiência universal.

Sendo assim, preparamos uma seleção com 5 poemas sobre emoção em português para que você possa ler e se comover.

Boa leitura!

Poemas sobre emoções

Nervos d’oiro, de Florbela Espanca

Meus nervos, guizos de oiro a tilintar
Cantam-me n’alma a estranha sinfonia
Da volúpia, da mágoa e da alegria,
Que me faz rir e que me faz chorar!

Em meu corpo fremente, sem cessar,
Agito os guizos de oiro da folia!
A Quimera, a Loucura, a Fantasia,
Num rubro turbilhão sinto-As passar!

O coração, numa imperial oferta.
Ergo-o ao alto! E, sobre a minha mão,
É uma rosa de púrpura, entreaberta!

E em mim, dentro de mim, vibram dispersos,
Meus nervos de oiro, esplêndidos, que são
Toda a Arte suprema dos meus versos!

Tenho dito tantas vezes, de Fernando Pessoa

Tenho dito tantas vezes
Quanto sofro sem sofrer
Que me canso dos revezes
Que sonho só pra os não ter.

E esta dor que não tem mágoa,
Esta tristeza intangível
Passa em mim como um som de água
Ouvido num outro nível.

E, de aí, talvez que seja
Uma nova antiga dor
Que outra vida minha esteja
Lembrando no meu torpor.

E é como a aragem que nasce
De ouvir música e sentir…
Ah, que a emoção em mim passe
Como se a estivesse a ouvir!

Minha finalidade, de Augusto dos Anjos

Turbilhão teleológico incoercível,
Que força alguma inibitória acalma,
Levou-me o crânio e pôs-lhe dentro a palma
Dos que amam apreender o Inapreensível!

Predeterminação imprescriptível
Oriunda da infra-astral Substância calma
Plasmou, aparelhou, talhou minha alma
Para cantar de preferência o Horrível!

Na canonização emocionante
Da dor humana, sou maior que Dante,
— A águia dos latifúndios orentinos!

Sistematizo, soluçando, o Inferno…
E trago em mim, num sincronismo eterno,
A fórmula de todos os destinos!

Exaltação, de Florbela Espanca

Viver! Beber o vento e o sol! Erguer
Ao céu os corações a palpitar!
Deus fez os nossos braços pra prender,
E a boca fez-se sangue pra beijar!

A chama, sempre rubra, ao alto a arder!
Asas sempre perdidas a pairar!
Mais alto até estrelas desprender!
A glória! A fama! Orgulho de criar!

Da vida tenho o mel e tenho os travos
No lago dos meus olhos de violetas,
Nos meus beijos estáticos, pagãos!

Trago na boca o coração dos cravos!
Boêmios, vagabundos, e poetas,
Como eu sou vossa Irmã, ó meus Irmãos!

Sangra-me o coração. Tudo que penso, de Fernando Pessoa

Sangra-me o coração. Tudo que penso
A emoção mo tomou. Sofro esta mágoa
Que é o mundo imoral, regrado e imenso,
No qual o bem é só como um incenso
Que cerca a vida, como a terra a água.

Todos os dias, ouça ou veja, dão
Misérias, males, injustiças — quanto
Pode afligir o estéril coração.
E todo anseio pelo bem é vão,
E a vontade tão vã como é o pranto.

Que Deus duplo nos pôs na alma sensível
Ao mesmo tempo os dons de conhecer
Que o mal é a norma, o natural possível,
E de querer o bem, inútil nível,
Que nunca assenta regular no ser?

Com que fria esquadria e vão compasso
Que invisível Geômetra regrou
As marés deste mar de mau sargaço —
O mundo fluido, com seu tempo e espaço,
Que ele mesmo não sabe quem criou?

Mas, seja como for, nesta descida
De Deus ao ser, o mal teve alma e azo;
E o Bem, justiça espiritual da vida,
É perdida palavra, substituída
Por bens obscuros, fórmulas do acaso.

Que plano extinto, antes de conseguido,
Ficou só mundo, norma e desmazelo?
Mundo imperfeito, porque foi erguido?
Como acabá-lo, templo inconcluído,
Se nos falta o segredo com que erguê-lo?

O mundo é Deus que é morto, e a alma aquele
Que, esse Deus exumado, refletiu
A morte e a exumação que houveram dele.
Mas está perdido o selo com que sele
Seu pacto com o vivo que caiu.

Por isso, em sombra e natural desgraça,
Tem que buscar aquilo que perdeu —
Não ela, mas a morte que a repassa,
E vem achar no Verbo a fé e a graça —
A nova vida do que já morreu.

Porque o Verbo é quem Deus era primeiro,
Antes que a morte, que o tornou o mundo,
Corrompesse de mal o mundo inteiro:
E assim no Verbo, que é o Deus terceiro,
A alma volve ao Bem que é o seu fundo.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre emoções.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa seleção de poemas sobre dor.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 5 poemas sobre emoções para ler e se comover!. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-emocoes-poesia-versos-poetas/. Acesso em: 26 out. 2024.