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6 poemas sobre o futuro que dão o que pensar…

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Confira a nossa seleção de poemas sobre o futuro em português!

O futuro é uma fonte de inspiração inesgotável para aqueles que criam ficção.

Mesmo aqueles que não se dedicam a esta arte, o simples pensar em como será amanhã, ou daqui a dez anos, ou daqui a cinquenta já lhes estimula imediatamente o cérebro, e é quase impossível que imagens bem características se lhes não apresentem.

Que será de mim? Que será da humanidade?

Essa incerteza unida a esse mar de possibilidades é algo que nos instiga e estimula a meditar, e tal se manifesta com força dobrada naqueles que fazem literatura.

Por isso, reflexões e idealizações sobre o futuro são frequentes na poesia.

Sendo assim, preparamos uma seleção com 6 poemas sobre o futuro para que você possa apreciar algumas abordagens para esta temática.

Boa leitura!

Poemas sobre o futuro

Uns, com os olhos postos no passado, de Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

Uns, com os olhos postos no passado,
Veem o que não veem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, veem
O que não pode ver-se.

Porque tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.

A J. Felix dos Santos, de Antero de Quental

Sempre o futuro, sempre! e o presente
Nunca! Que seja esta hora em que se existe
De incerteza e de dor sempre a mais triste,
E só farte o desejo um bem ausente!

Ai! que importa o futuro, se inclemente
Essa hora, em que a esperança nos consiste,
Chega… é presente… e só à dor assiste?…
Assim, qual é a esperança que não mente?

Desventura ou delírio?… O que procuro,
Se me foge, é miragem enganosa,
Se me espera, pior, espectro impuro…

Assim a vida passa vagarosa:
O presente, a aspirar sempre ao futuro:
O futuro, uma sombra mentirosa.

Idealização da humanidade futura, de Augusto dos Anjos

Rugia nos meus centros cerebrais
A multidão dos séculos futuros
— Homens que a herança de ímpetos impuros
Tornara etnicamente irracionais!

Não sei que livro, em letras garrafais,
Meus olhos liam! No húmus dos monturos,
Realizavam-se os partos mais obscuros,
Dentre as genealogias animais!

Como quem esmigalha protozoários
Meti todos os dedos mercenários
Na consciência daquela multidão…

E, em vez de achar a luz que os Céus inflama,
Somente achei moléculas de lama
E a mosca alegre da putrefação!

Uma estrela funesta, de Raimundo Correia

Mente a Esperança! Mente a dádiva ilusória
Do Futuro! A radiante aparição da Glória
Mente! Empós desta, em vão, peregrinando vais
A agra região da dor! Longe é o alto! Jamais
Da Glória estrepitante a onda espumosa e brava
Virá rojar-te aos pés — branca e submissa escrava;
Para o diadema real, que sonhas, não produz
Diamantes Bisnagár, nem pérolas Ormuz.
Cingirás de irrisão e opróbrio uma coroa.
Tens acaso um amigo? O amigo te atraiçoa.
À mulher culto dás? Desdenha-te a mulher.
Não te será fiel teu próprio cão, sequer.
Bates de porta em porta, e vais de tenda em tenda,
Em vão! Nunca acharás uma alma, que te entenda!

Via Láctea, de Olavo Bilac

VII

Não têm faltado bocas de serpentes,
(Dessas que amam falar de todo o mundo,
E a todo o mundo ferem, maldizentes)
Que digam: “Mata o teu amor profundo!

Abafa-o, que teus passos imprudentes
Te vão levando a um pélago sem fundo…
Vais te perder!” E, arreganhando os dentes,
Movem para o teu lado o olhar imundo:

“Se ela é tão pobre, se não tem beleza,
Irás deixar a glória desprezada
E os prazeres perdidos por tão pouco?

Pensa mais no futuro e na riqueza!”
E eu penso que afinal… Não penso nada:
Penso apenas que te amo como um louco!

Adiamento, de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã…
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não…
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um eléctrico…
Esta espécie de alma…
Só depois de amanhã…
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte…
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos…
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã…
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro…

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã…
Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância…
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital…
Mas por um edital de amanhã…
Hoje quero dormir, redigirei amanhã…
Por hoje qual é o espectáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espectáculo…

Antes, não…
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã…
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã…
Sim, talvez só depois de amanhã…

O porvir…
Sim, o porvir…

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre o futuro

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa seleção de poemas sobre inspiração.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 6 poemas sobre o futuro que dão o que pensar…. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-o-futuro-humanidade-poesia/. Acesso em: 25 out. 2024.