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4 inspiradores poemas sobre independência em português!

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Confira a nossa seleção de poemas sobre independência em português!

Independência é uma das palavras mais inspiradoras da língua portuguesa.

Embora comporte muitas acepções possíveis, o conceito encerrado por ela é universal e refere-se quase sempre a um estado de autonomia, autossuficiência e libertação.

Sendo assim, é natural que tal conceito tenha inspirado muitíssimos poetas, que talvez sejam aqueles que mais ardentemente a desejam.

Henry David Thoreau, por exemplo, um espírito autenticamente poético, chegou ao limite de abandonar a sociedade por este desejo de liberdade e independência.

Mas a independência pode, também, extrapolar a esfera pessoal e referir-se, por exemplo, à libertação de um país colonizado, entre muitas outras possibilidades.

Dito isso, preparamos uma seleção com 4 poemas sobre independência para que você possa apreciar diferentes abordagens para este tema tão inspirador.

Boa leitura!

Poemas sobre independência

Não tenhas nada nas mãos, de Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,

Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,

Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.

Que trono te querem dar
Que Átropos to não tire?

Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?

Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra

Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.

Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mal as olhaste.

Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.

A Ideia, de Antero de Quental

IV

Conquista pois sozinho o teu futuro,
Já que os celestes guias te hão deixado,
Sobre uma terra ignota abandonado,
Homem — proscrito rei — mendigo escuro!

Se não tens que esperar do céu (tão puro,
Mas tão cruel!) e o coração magoado
Sentes já de ilusões desenganado,
Das ilusões do antigo amor perjuro:

Ergue-te, então, na majestade estoica
Duma vontade solitária e altiva,
Num esforço supremo de alma heroica!

Faze um templo dos muros da cadeia,
Prendendo a imensidade eterna e viva
No círculo de luz da tua Ideia!

Ao aniversário da independência do Maranhão, de Gonçalves Dias

Avante! avante! ó Bravos — Do Ipiranga
Soou do nobre peito altivo grito,
— Independência ou Morte! — Heroico brado
De sublime sentir, que nobres sentem,
Por vis não compreendido; um Povo inteiro,
Uníssono responde — à voz excelsa —
Ruidoso e forte — Independência ou Morte!

Arrochados grilhões suporte o escravo,
Não desponte sequer nos lábios dele
A prece humilde do que implora a vida,
Suporte afrontas vis — o ente infame
As injúrias, baldões, escárnio afeito,
Em cujas faces o pudor não brilha,
Em cujas veias já não gira o sangue,
Em cujas lábios não borbulham vozes
De raiva — de rancor d’honra ofendida.
Mas o que tal não for — o que no peito
Sente gravado em firmes caracteres
— Amor e Pátria — e Liberdade e Honra —
Sopese a lança e leve a mão da espada,
E venha à campo apercebido em guerra.

A Pátria chama aos seus — ou morte ou vida.
Ou luz ou trevas da batalha pende —
Liberdade ou morrer! Avante! ó Bravos.
É grato ao Lidador a lide acesa,
O pó do campo — o estrépito das armas,
Da baila o sibilar; — fértil o sangue
Do que procura a liberdade saneia,
Honrosa a morte que liberta a Pátria.
A Pátria chama aos seus — Maldito o filho
Que ao prantear da mãe não verte pranto,
Maldito o cidadão — que não tem braços,
Sangue nem coração, que tributar-lhe
Quando ela em dia aflito — aos seus convoca.

Terras do Maranhão — terras ditosas,
De galas, de primores revestida,
Que o avaro Holandês tanto almejava,
A bela França cobiçou teus mimos,
E ufanas de se ver sobre os teus mares
As flores três de lírios — assumiram
Fulgor mais vivo — no teu céu brilhante !
E as quinas de ver o fero aspecto
Do negro Adamastor — quase temeram —
No cabo das procelas combatido —
Amavam pelos ares deslizar-se
Da tua mansa brisa ao leve sopro,
Como depois de um sonho tormentoso
Ama o triste acordar à luz da aurora.

Terras do Maranhão — terras viçosas!
E o estrangeiro há de colher teus frutos,
Calcar-te o solo — espedaçar-te as flores,
E tu erma serás — escrava e muda,
E tu sem filhos — sem valor — sem alma.
Oh! não — que o brado excelso do Ipiranga
Elétrico voou por montes — vales —
Do mar nos altos Andes repulsando
Do Prata às férteis margens do Amazonas.

E esse brado passou! — depois silêncio.
Depois lidar aceso — mortes — prantos.
E a alegria por fim, que a torva morte
Aflições e prazer remata em breve.

Mas do tempo que foi — que resta agora?
Memória apenas — recordar de males,
Suave, quando o tempo os tem quebrado.
Agora resta amor ao pátrio solo,
Amor à liberdade — à Independência
Do Brasileiro Império em mundo novo,
Erguido em verdes prainos vicejantes:
Agora — amor à prole de Bragança,
A Pedro — Imperador.

Independência, de Jorge de Sena

Recuso-me a aceitar o que me derem.
Recuso-me às verdades acabadas;
recuso-me, também, às que tiverem
pousadas no sem-fim as sete espadas.

Recuso-me às espadas que não ferem
e às que ferem por não serem dadas.
Recuso-me aos eus-próprios que vierem
e às almas que já foram conquistadas.

Recuso-me a estar lúcido ou comprado
e a estar sozinho ou estar acompanhado.
Recuso-me a morrer. Recuso a vida.

Recuso-me à inocência e ao pecado
como a ser livre ou ser predestinado.
Recuso tudo, ó Terra dividida!

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre independência.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas de bom-dia com imagens.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 4 inspiradores poemas sobre independência em português!. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-independencia-portugues-poesia/. Acesso em: 26 out. 2024.