Confira a nossa seleção de poemas sobre perdas em português!
Sem dúvida, as perdas que experimentamos ao longo de nossas vidas constituem experiências das mais marcantes que temos de enfrentar.
Muitas vezes, são estas experiências que se impõem contra a nossa vontade e forçam-nos a aceitá-las.
As perdas que sofremos podem estar relacionadas a entes queridos, relacionamentos, sonhos e mesmo a algo material.
Ocorre, contudo, que amadurecemos ao lidar com elas, e ficamos impregnados da sensação de que, nesta vida, tudo é passageiro.
Sendo assim, preparamos uma seleção com 5 poemas sobre perdas para que você possa apreciar algumas abordagens para este tema.
Boa leitura!
Poemas sobre perdas
Raios não peço ao Criador do mundo, de Bocage
Raios não peço ao Criador do mundo,
Tormentas não suplico ao rei dos mares,
Vulcões à terra, furacões aos ares,
Negros monstros ao báratro profundo:Não rogo ao deus do Amor, que furibundo
Te arremesse do pé de seus altares;
Ou que a peste mortal voe a teus lares,
E murche o teu semblante rubicundo:Nada imploro em teu dano, ainda que os laços
Urdidos pela fé, com vil mudança
Fizeste, ingrata Nise, em mil pedaços:Não quero outro despique, outra vingança,
Mais que ver-te em poder de indignos braços,
E dizer quem te perde, e quem te alcança.
Acalanto, de Manuel Bandeira
Para as mães que perderam o seu menino
Dorme, dorme, dorme…
Quem te alisa a testa
Não é Malatesta,
Nem Pantagruel
– O poeta enorme.
Quem te alisa a testa
É aquele que vive
Sempre adolescente
Nos oásis mais frescos
De tua lembrança.Dorme, ele te nina.
Te nina, te conta
– Sabes como é –,
Te conta a experiência
Do vário passado,
Das várias idades.
Te oferece a aurora
Do primeiro riso.
Te oferece o esmalte
Do primeiro dente.A dor passará,
Como antigamente
Quando ele chegava.Dorme… Ele te nina
Como se hoje fosses
A sua menina.
Assovio, de Cecília Meireles
Ninguém abra a sua porta
para ver que aconteceu:
saímos de braço dado,
a noite escura mais eu.Ela não sabe o meu rumo,
eu não lhe pergunto o seu:
não posso perder mais nada,
se o que houve já se perdeu.Vou pelo braço da noite,
levando tudo que é meu:
— a dor que os homens me deram,
e a canção que Deus me deu.
Saudade, de Augusto dos Anjos
Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.À noite quando em funda soledade
Minh’alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.
A um ausente, de Carlos Drummond de Andrade
Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre perdas.
Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre pensamento.
Um abraço e até a próxima!