Avançar para o conteúdo

5 comoventes poemas sobre pobreza para ler e se emocionar!

curso fundamentos da criação poética curso como escrever um livro de poesia

Confira a nossa seleção de poemas sobre pobreza em português!

A pobreza, infelizmente, é uma realidade que assola grande parte da população mundial.

Para além de suas consequências sociais e econômicas, a pobreza impacta profundamente o emocional e o psicológico daqueles que a experimentam, como invadindo o que neles há de mais íntimo.

Posto que tal realidade comove, muitos poetas têm-na abordado ao longo dos séculos.

Sendo assim, preparamos uma seleção com 5 poemas sobre pobreza para que você possa apreciar algumas abordagens para este tema.

Boa leitura!

Poemas sobre pobreza

Queixam-se todos os defuntos, de Tomás Pinto Brandão

Nós, abaixo assinados pela terra,
clamamos, de que em tanta mortandade
não tenha entrado Médico, nem Frade;
e que só faça a morte aos pobres guerra!

Dirá a morte que pouco ou nada erra,
em desviar de toda a enfermidade
a dois que são da sua faculdade;
porque o Médico mata e o Frade enterra.

Replicamos: que as tumbas com frequências,
andam cá por estreitos pecadores,
sem subirem às largas consciências.

Dirá também que os tais são matadores;
e é preciso que tenha dependências
a morte com Ministros e Senhores.

Os pobres, de Olavo Bilac

Aí vêm pelos caminhos,
Descalços, de pés no chão,
Os pobres que andam sozinhos,
Implorando compaixão.

Vivem sem cama e sem teto,
Na fome e na solidão:
Pedem um pouco de afeto,
Pedem um pouco de pão.

São tímidos? São covardes?
Têm pejo? Têm confusão?
Parai quando os encontrardes,
E dai-lhes a vossa mão!

Guiai-lhe os tristes passos!
Dai-lhes, sem hesitação,
O apoio do vossos braços,
Metade de vosso pão!

Não receeis que, algum dia,
Vos assalte a ingratidão:
O prêmio está na alegria
Que tereis no coração.

Protegei os desgraçados,
Órfãos de toda a afeição:
E sereis abençoados
Por um pedaço de pão…

Quem me dera eu fosse o pó da estrada, de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

Quem me dera eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando…

Quem me dera eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira…

Quem me dera eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo…

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse…

Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena…

Vagabundo, de Álvares de Azevedo

Eat, drink and love; what can the rest avail us?
(Byron)

Eu durmo e vivo no sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão namoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo, e sou ditoso!

Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas,
E quem vive de amor não tem pobreza.

Não invejo ninguém, nem ouço a raiva
Nas cavernas do peito, sufocante,
Quando à noite na treva em mim se entornam
Os reflexos do baile fascinante.

Namoro e sou feliz nos meus amores;
Sou garboso e rapaz… Uma criada
Abrasada de amor por um soneto
Já um beijo me deu subindo a escada…

Oito dias lá vão que ando cismando
Na donzela que ali defronte mora.
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora!…

Tenho por meu palácio as longas ruas;
Passeio a gosto e durmo sem temores:
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.

O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta,
E a preguiça a mulher por quem suspiro.

Escrevo na parede as minhas rimas,
De painéis a carvão adorno a rua;
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.

Sinto-me um coração de lazzaroni;
Sou filho do calor, odeio o frio;
Não creio no diabo nem nos santos…
Rezo à Nossa Senhora, e sou vadio!

Ora, se por aí alguma bela
Bem doirada e amante da preguiça
Quiser a nívea mão unir à minha
Há de achar-me na Sé, domingo, à Missa.

Dos céus à terra desce a mor Beleza, de Camões

Dos céus à terra desce a mor Beleza,
Une-se à nossa carne, e a faz nobre;
E, sendo a humanidade dantes pobre,
Hoje subida fica à mor riqueza.

Busca o Senhor mais rico a mor pobreza;
Que, como ao mundo o seu amor descobre,
De palhas vis o corpo tenro cobre,
E por elas o mesmo céu despreza.

Como? Deus em pobreza à terra desce?
O qu’é mais pobre tanto lhe contenta,
Qu’este somente rico lhe parece.

Pobreza este Presépio representa;
Mas tanto por ser pobre já merece,
Que quanto mais o é, mais lhe contenta.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre pobreza.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre palabras.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 5 comoventes poemas sobre pobreza para ler e se emocionar!. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-pobreza-fome-poesia-versos/. Acesso em: 25 out. 2024.