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5 ótimos poemas sobre vontade para refletir sobre sua força

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Confira a nossa seleção de poemas sobre vontade em português!

Vontade é uma palavra que assume sentidos distintos a depender de qual autor estamos lendo.

O próprio dicionário dá-nos diferentes definições para ela embora, o mais das vezes, ela se refira a esta força poderosa que move nossas ações e pensamentos.

A vontade é muitas vezes vista como a raiz da determinação e da coragem, virtudes preciosíssimas para poetas, que costumam se orgulhar daquilo que são e mover-se para atingir aquilo que desejam.

Por isso, não é raro encontrarmos poemas sobre vontade, onde esta se nos apresenta modelada em palavras expressivas e marcada pelo gênio do poeta.

Sendo assim, preparamos uma lista com 5 poemas sobre vontade em português, para que você possa apreciar maneiras criativas de retratar sua influência em nossas vidas.

Boa leitura!

Poemas sobre vontade

Em outro mundo, onde a vontade é lei, de Fernando Pessoa

Em outro mundo, onde a vontade é lei,
Livremente escolhi aquela vida
Com que primeiro neste mundo entrei.
Livre, a ela fiquei preso e eu a paguei
Com o preço das vidas subsequentes
De que ela é a causa, o deus; e esses entes,
Por ser quem fui, serão o que serei.

Por que pesa em meu corpo e minha mente
Esta miséria de sofrer? Não foi
Minha a culpa e a razão do que me dói.

Não tenho hoje memória, neste sonho
Que sou de mim, de quanto quis ser eu.
Nada de nada surge do medonho
Abismo de quem sou em Deus, do meu
Ser anterior a mim, a me dizer
Quem sou, esse que fui quando no céu,
Ou o que chamam céu, pude querer.

Sou entre mim e mim o intervalo —
Eu, o que uso esta forma definida
De onde para outra ulterior resvalo.
Em outro mundo […]

Felicidade, de Manuel Bandeira

A doce tarde morre. E tão mansa
Ela esmorece,
Tão lentamente no céu de prece,
Que assim parece, toda repouso,
Como um suspiro de extinto gozo
De uma profunda, longa esperança
Que, enfim cumprida, morre, descansa…

E enquanto a mansa tarde agoniza,
Por entre a névoa fria do mar
Toda a minh’alma foge na brisa:
Tenho vontade de me matar!

Oh, ter vontade de se matar…
Bem sei é cousa que não se diz.
Que mais a vida me pode dar?
Sou tão feliz!

– Vem, noite mansa…

A um mascarado, de Augusto dos Anjos

Rasga essa máscara ótima de seda
E atira-a à arca ancestral dos palimpsestos…
É noite, e, à noite, a escândalos e incestos
É natural que o instinto humano aceda!

Sem que te arranquem da garganta queda
A interjeição danada dos protestos,
Hás de engolir, igual a um porco, os restos
Duma comida horrivelmente azeda!

A sucessão de hebdômadas medonhas
Reduzirá os mundos que tu sonhas
Ao microcosmos do ovo primitivo…

E tu mesmo, após a árdua e atra refrega,
Terás somente uma vontade cega
E uma tendência obscura de ser vivo!

A Ideia, de Antero de Quental

IV

Conquista pois sozinho o teu futuro,
Já que os celestes guias te hão deixado,
Sobre uma terra ignota abandonado,
Homem — proscrito rei — mendigo escuro!

Se não tens que esperar do céu (tão puro,
Mas tão cruel!) e o coração magoado
Sentes já de ilusões desenganado,
Das ilusões do antigo amor perjuro:

Ergue-te, então, na majestade estoica
Duma vontade solitária e altiva,
Num esforço supremo de alma heroica!

Faze um templo dos muros da cadeia,
Prendendo a imensidade eterna e viva
No círculo de luz da tua Ideia!

Coração numeroso, de Carlos Drummond de Andrade

Foi no Rio.
Eu passeava na Avenida quase meia-noite.
Bicos de seio batiam nos bicos de luz estrelas inumeráveis.
Havia a promessa do mar
e bondes tilintavam,
abafando o calor
que soprava no vento
e o vento vinha de Minas.

Meus paralíticos sonhos desgosto de viver
(a vida para mim é vontade de morrer)
faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente
na Galeria Cruzeiro quente quente
e como não conhecia ninguém a não ser o doce vento mineiro,
nenhuma vontade de beber, eu disse: Acabemos com isso.

Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas
autos abertos correndo caminho do mar
voluptuosidade errante do calor
mil presentes da vida aos homens indiferentes,
que meu coração bateu forte, meus olhos inúteis choraram.

O mar batia em meu peito, já não batia no cais.
A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu
a cidade sou eu
sou eu a cidade
meu amor.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre vontade.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre beleza.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 5 ótimos poemas sobre vontade para refletir sobre sua força. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-vontade-portugues-poesia/. Acesso em: 26 out. 2024.