Confira a nossa seleção de poemas sobre a natureza e aprecie a beleza de versos de grandes poetas!
A relação do homem com a natureza é muito, muito antiga e esse é um dos temas que mais consistentemente encontramos em obras artísticas de todos os tempos.
Os poemas sobre a natureza datam, pelo menos, de Teócrito, cujo nascimento não sabemos com exatidão, mas supõe-se que tenha se dado por volta de 300 A.C.
É ele reconhecido como o criador do gênero literário que se chamou de bucolismo (ou poesia bucólica, poesia pastoral, ou ainda poesia pastoril).
Nesse gênero, resumidamente, encontramos cantos de exaltação à simplicidade da vida no campo, com todas as suas minúcias e, especialmente, com ênfase no cotidiano tranquilo e em contato contínuo com a natureza.
Natureza… ela e suas belezas inspiraram uma infinidade de poetas, que nos legaram ótimos versos repletos de verve.
Dito isso, preparamos uma seleção com 6 poemas sobre a natureza, para que você possa apreciar a beleza dos versos de alguns grandes poetas.
Boa leitura!
Poemas sobre a natureza
Velhas árvores, de Olavo Bilac
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas…O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Quando está frio no tempo do frio, de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável,
Porque para o meu ser adequado à existência das cousas
O natural é o agradável só por ser natural.Aceito as dificuldades da vida porque são o destino,
Como aceito o frio excessivo no alto do Inverno —
Calmamente, sem me queixar, como quem meramente aceita,
E encontra uma alegria no fato de aceitar —
No fato sublimemente científico e difícil de aceitar o natural inevitável.Que são para mim as doenças que tenho e o mal que me acontece
Senão o Inverno da minha pessoa e da minha vida?
O Inverno irregular, cujas leis de aparecimento desconheço,
Mas que existe para mim em virtude da mesma fatalidade sublime,
Da mesma inevitável exterioridade a mim,
Que o calor da terra no alto do Verão
E o frio da terra no cimo do Inverno.Aceito por personalidade.
Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos,
Mas nunca ao erro de querer compreender demais,
Nunca ao erro de querer compreender só corri a inteligência,
Nunca ao defeito de exigir do Mundo
Que fosse qualquer cousa que não fosse o Mundo.
As rosas, de Machado de Assis
Rosas que desabrochais,
Como os primeiros amores,
Aos suaves resplendores
Matinais;Em vão ostentais, em vão,
A vossa graça suprema;
De pouco vale; é o diadema
Da ilusão.Em vão encheis de aroma o ar da tarde;
Em vão abris o seio úmido e fresco
Do sol nascente aos beijos amorosos;
Em vão ornais a fronte à meiga virgem;
Em vão, como penhor de puro afeto,
Como um elo das almas,
Passais do seio amante ao seio amante;
Lá bate a hora infausta
Em que é força morrer; as folhas lindas
Perdem o viço da manhã primeira,
As graças e o perfume.
Rosas que sois então? – Restos perdidos,
Folhas mortas que o tempo esquece, e espalha
Brisa do inverno ou mão indiferente.Tal é o vosso destino,
Ó filhas da natureza;
Em que vos pese à beleza,
Pereceis;
Mas, não… Se a mão de um poeta
Vos cultiva agora, ó rosas,
Mais vivas, mais jubilosas,
Floresceis.
Árvores do Alentejo, de Florbela Espanca
Ao Prof Guido Battelli
Horas mortas… Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido… e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
– Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Eu me ausento de ti, meu pátrio Sado, de Bocage
Eu me ausento de ti, meu pátrio Sado,
Mansa corrente de leitos, amena,
Em cuja praia o nome de Filena
Mil vezes tenho escrito, e mil beijado:Nunca mais me verás entre o meu gado
Soprando a namorada e branda avena,
A cujo som descias mais serena,
Mais vagarosa para o mar salgado:Devo enfim manejar por lei da sorte
Cajados não, mortíferos alfanges
Nos campos do colérico Mavorte;E talvez entre impávidas falanges
Testemunhas farei da minha morte
Remotas margens, que humedece o Ganjes.
A poesia do outono, de António Nobre
Noitinha. O sol, qual brigue em chamas, morre
Nos longes d’água… Ó tardes de novena!
Tardes de sonho em que a poesia escorre
E os bardos, a sonhar, molham a pena!Ao longe, os rios de águas prateadas
Por entre os verdes canaviais, esguios,
São como estradas liquidas, e as estradas
Ao luar, parecem verdadeiros rios!Os choupos nus, tremendo, arrepiadinhos,
O chale pedem a quem vai passando…
E nos seus leitos nupciais, os ninhos,
As lavandiscas noivam piando, piando!O orvalho cai do céu, como um unguento.
Abrem as bocas, aparando-o, os goivos…
E a laranjeira, aos repelões do vento,
Deixa cair por terra a flor dos noivos.E o orvalho cai… E, à falta d’água, rega
O val sem fruto, a terra árida e nua!
E o Padre-Oceano, lá de longe, prega
O seu Sermão de Lágrimas, à Lua!Tardes de outono! ó tardes de novena!
Outubro! Mês de Maio, na lareira!
Tardes…
Lá vem a Lua, gratiae plena,
Do convento dos céus, a eterna freira!
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que você tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre a natureza.
Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre o Dia das Crianças.
Um abraço e até a próxima!