Confira a nossa seleção de poemas tristes para sentir a tristeza e chorar de emoção através da expressividade do artista!
Juntamente do amor — e, às vezes, simultaneamente —, talvez seja a tristeza o tema mais abordado por poetas de todas as línguas e todas as épocas.
Poemas tristes parecem ser quase uma obrigação a qualquer um que se ponha a criar versos, e seus efeitos geralmente são belíssimos, pois fazem com que o leitor empatize e se compadeça da dor do poeta.
O poeta americano Edgar Allan Poe, por exemplo, diz ser a melancolia “o mais legítimo de todos os tons poéticos” — e a melancolia, naturalmente, é especialista em gerar poemas tristes.
Sendo assim, preparamos uma seleção com 6 poemas tristes para chorar, compadecer-se de emoção e, quem sabe, encontrar inspiração para fazer versos próprios.
Boa leitura!
Poemas tristes
Só males são reais, só dor existe, de Antero de Quental
Só males são reais, só dor existe:
Prazeres só os gera a fantasia;
Em nada, um imaginar, o bem consiste,
Anda o mal em cada hora e instante e dia.Se buscamos o que é, o que devia
Por natureza ser não nos assiste;
Se fiamos num bem, que a mente cria,
Que outro remédio há aí senão ser triste?Oh! Quem tanto pudera que passasse
A vida em sonhos só. E nada vira…
Mas, no que se não vê, labor perdido!Quem fora tão ditoso que olvidasse…
Mas nem seu mal com ele então dormira,
Que sempre o mal pior é ter nascido!
Hino à Dor, de António Feijó
Sorri com mais doçura a boca de quem sofre,
Embora amargue o fel que os seus lábios beberam;
É mais ardente o olhar onde, como um aljofre,
A Dor se condensou e as lágrimas correram.Soa, como se um beijo ou uma carícia fosse,
A voz que a soluçar na Desgraça aprendeu;
E não há para nós consolação mais doce
Que o regaço de quem muito amou e sofreu.Voz, que jamais vibrou num soluço de mágoa,
Ao nosso coração nunca pode chegar…
Mas o pranto, ao cair duns olhos rasos de água,
Torna mais penetrante e mais profundo o olhar.Lábio, que só bebeu na fonte da Alegria,
É frio, como o olhar de quem nunca chorou;
A Bondade é uma flor que se alimenta e cria
Dos resíduos que a Dor no coração deixou.Em tudo quanto existe o Sofrimento imprime
Uma augusta expressão… mesmo a Suprema Graça,
Dando aos versos do Poeta esse esmalte sublime
Que torna imorredoira a Inspiração que passa.É por isso que a Dor, sem trégua nem guarida,
Dor sem resignação, Dor de estoico ou de santo,
Só de a vermos passar no tumulto da Vida
Deixa os olhos da gente enublados de pranto.
Sem remédio, de Florbela Espanca
Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou…
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!Sinto os passos da Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!
O que me dói não é, de Fernando Pessoa
O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão…São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.
Tristeza, de Teixeira de Pascoaes
O sol do outono, as folhas a cair,
A minha voz baixinho soluçando,
Os meus olhos, em lágrimas, beijando
A terra, e o meu espirito a sorrir…Eis como a minha vida vai passando
Em frente ao seu Fantasma… E fico a ouvir
Silêncios da minh’alma e o ressurgir
De mortos que me foram sepultando…E fico mudo, estático, parado
E quase sem sentidos, mergulhando
Na minha viva e funda intimidade…Só a longínqua estrela em mim actua…
Sou rocha harmoniosa à luz da lua,
Petrificada esfinge de saudade…
Eu escrevi um poema triste, de Mário Quintana
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas tristes para chorar.
Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poesia sobre liberdade.
Um abraço e até a próxima!