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6 poemas sobre família para homenagear filhos, filhas, pais e mães!

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Confira a nossa seleção de poemas sobre família e veja com qual deles você mais se identifica!

A poesia é uma das maneiras mais autênticas e belas que o homem encontrou para expressar-lhe os sentimentos íntimos.

Modelar versos não é senão polir a expressão, dotando-a de beleza e força.

Sendo assim, é natural que poetas deem o formato de versos para tudo aquilo que lhes é importante na vida.

É por isso que encontramos poemas sobre família espalhados em grandes autores, pois estes se valeram da poesia para homenagear filhos, filhas, pais, mães, irmãs e irmãos, registrando-lhes o afeto para toda a eternidade.

Se você acessou este texto em busca de exemplos, preparamos uma seleção com 6 poemas sobre família, para que você possa se inspirar ou valer-se de belos versos para fazer sua própria homenagem.

Boa leitura!

Poemas sobre família

Nasceu-te um filho, de Jorge de Sena

Nasceu-te um filho. Não conhecerás,
jamais, a extrema solidão da vida.
Se a não chegaste a conhecer, se a vida
ta não mostrou – já não conhecerás

a dor terrível de a saber escondida
até no puro amor. E esquecerás,
se alguma vez adivinhaste a paz
traiçoeira de estar só, a pressentida,

leve e distante imagem que ilumina
uma paisagem mais distante ainda.
Já nenhum astro te será fatal.

E quando a Sorte julgue que domina,
ou mesmo a Morte, se a alegria finda
– ri-te de ambas, que um filho é imortal.

Mãe, de Miguel Torga

Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.

Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!

Aos filhos, de Manuel António Pina

Já nada nos pertence,
nem a nossa miséria.
O que vos deixaremos
a vós o roubaremos.

Toda a vida estivemos
sentados sobre a morte,
sobre a nossa própria morte!
Agora como morreremos?

Estes são tempos de
que não ficará memória,
alguma glória teríamos
fôssemos ao menos infames.

Compramos e não pagamos,
faltamos a encontros:
nem sequer quando erramos
fizemos grande coisa!

A meus filhos, de António Osório

A meus filhos
desejo a curva do horizonte.

E todavia deles tudo em mim desejo:
o felino gosto de ver,
o brilho chuvoso da pele,
as mãos que desvendam e amam.

Marga,
meu fermento,
neles caminho e me procuro,
a corpo igual regresso:

ao rápido besouro das lágrimas,
ao calor da boca dos cães,
à sua língua de faca afectuosa;

à seta que disparam os ibiscos,
à partida solene da cama de grades,
ao encontro, na praia, com as algas;

à alegria de dormir com um gato,
de ver sair das vacas o leite fumegante,
à chegada do amor aos quatro anos.

A minha filha, de Guerra Junqueiro

(Vendo-a dormir)

Que alma intacta e delicada!
Que argila pura e mimosa!
É a estrela d’alvorada
Dentro dum botão de rosa!

E, enquanto dormes tranquila,
Vejo o divino esplendor
Da alma a sair da argila,
Da estrela a sair da flor!

Anjos, no azul inocente,
Sobre o teu hálito leve
Desdobram candidamente,
Em pálio, as asas de neve…

E eu, urze má das encostas,
Eu sinto o dever sagrado
De te beijar— de mãos postas!
De te abençoar — ajoelhado!

O menino da sua mãe, de Fernando Pessoa

No plano abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
— Duas, de lado a lado —,
Jaz morto e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre família.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre animais.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 6 poemas sobre família para homenagear filhos, filhas, pais e mães!. [S.I.] 2022. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-familia-filhos-irmaos-maes-pais/. Acesso em: 20 set. 2024.