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5 ótimos poemas sobre esperança em português!

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Confira a nossa seleção de poemas sobre esperança assinados por poetas da língua portuguesa!

A esperança é um dos temas mais recorrentes na literatura e é abordada das mais diversas maneiras.

Alguns a colorem de negro e, para estes, a esperança é um mal. Da Grécia, por exemplo, temos o famoso mito da caixa de Pandora, que continha todos os males do mundo e, segundo algumas interpretações, a esperança não era somente um mal para os gregos, mas o pior de todos eles, superando a guerra, a discórdia, o ódio, a inveja e todos os demais.

Outros autores dão a ela um caráter totalmente oposto, enxergando a esperança como uma dádiva, um dom nobilíssimo que dá força e inspiração para que o ser humano suporte as dificuldades, além de um consolo que torna a vida mais leve e feliz.

De tudo isso, uma coisa é certa: a esperança é um dos temas mais férteis da literatura e continuará inspirando artistas de todas as línguas e todas as culturas.

Sendo assim, preparamos uma seleção com 5 ótimos poemas sobre esperança em português para você apreciar.

Boa leitura!

Poemas sobre esperança

O andaime, de Fernando Pessoa

O tempo que eu hei sonhado
Quantos anos foi de vida!
Ah, quanto do meu passado
Foi só a vida mentida
De um futuro imaginado!

Aqui à beira do rio
Sossego sem ter razão.
Este seu correr vazio
Figura, anônimo e frio,
A vida vivida em vão.

A esperança que pouco alcança!
Que desejo vale o ensejo?
E uma bola de criança
Sobe mais que a minha esperança.
Rola mais que o meu desejo.

Ondas do rio, tão leves
Que não sois ondas sequer,
Horas, dias, anos, breves
Passam — verduras ou neves
Que o mesmo sol faz morrer.

Gastei tudo que não tinha
Sou mais velho do que sou.
A ilusão, que me mantinha,
Só no palco era rainha;
Despiu-se, e o reino acabou.

Leve som das águas lentas,
Gulosas da margem ida,
Que lembranças sonolentas
De esperanças nevoentas!
Que sonhos o sonho e a vida!

Que fiz de mim? Encontrei-me
Quando estava já perdido.
Impaciente deixei-me
Como a um louco que teime
No que lhe foi desmentido.

Som morto das águas mansas
Que correm por ter que ser,
Leva não só as lembranças,
Mas as mortas esperanças —
Mortas, porque hão-de morrer.

Sou já o morto futuro.
Só um sonho me liga a mim —
O sonho atrasado e obscuro
Do que eu devera ser — muro
Do meu deserto jardim.

Ondas passadas, levai-me
Para o olvido do mar!
Ao que não serei legai-me,
Que cerquei com um andaime
A casa por fabricar.

Esperança, de Miguel Torga

Tantas formas revestes, e nenhuma
Me satisfaz!
Vens às vezes no amor, e quase te acredito.
Mas todo o amor é um grito
Desesperado
Que apenas ouve o eco…
Peco
Por absurdo humano:
Quero não sei que cálice profano
Cheio de um vinho herético e sagrado.

Desesperança, de Antero de Quental

Vai-te na aza negra da desgraça,
Pensamento de amor, sombra duma hora,
Que abracei com delírio, vai-te, embora,
Como nuvem que o vento impele… e passa.

Que arrojemos de nós quem mais se abraça,
Com mais ânsia, à nossa alma! e quem devora
Dessa alma o sangue, com que vigora,
Como amigo comungue à mesma taça!

Que seja sonho apenas a esperança,
Enquanto a dor eternamente assiste.
E só engano nunca a desventura!

Se era silêncio sofrer fora vingança!..
Envolve-te em ti mesma, ó alma triste,
Talvez sem esperança haja ventura!

Busque Amor novas artes, novo engenho, de Luís de Camões

Busque Amor novas artes, novo engenho
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Pois não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde;
Vem não sei como; e dói não sei por quê.

Ode à Esperança, de Filinto Elísio

1

Vem, vem, doce Esperança, único alívio
Desta alma lastimada;
Mostra, na c’roa, a flor da Amendoeira,
Que ao Lavrador previsto,
Da Primavera próxima dá novas.

2

Vem, vem, doce Esperança, tu que animas
Na escravidão pesada
O aflito prisioneiro: por ti canta,
Condenado ao trabalho,
Ao som da braga, que nos pés lhe soa,

3

Por ti veleja o pano da tormenta
O marcante afouto:
No mar largo, ao saudoso passageiro,
(Da sposa e dos filhinhos)
Tu lhe pintas a terra pelas nuvens.

4

Tu consolas no leito o lasso enfermo,
C’os ares da melhora,
Tu dás vivos clarões ao moribundo,
Nos já vidrados olhos,
Dos horizontes da Celeste Pátria.

5

Eu já fui de teus dons também mimoso;
A vida largos anos
Rebatida entre acerbos infortúnios
A sustentei robusta
Com os pomos de teus vergéis viçosos.

6

Mas agora, que Márcia vive ausente;
Que não me alenta esquiva
C’o brando mimo dum de seus agrados,
Que farei infelice,
Se tu, meiga Esperança, não me acodes?

7

Ai! que um de seus agrados é mais doce
Que o néctar saboroso;
É mais doce que os beijos requintados
Da namorada Vénus,
A que o Grego põe preço tão subido.

8

Vem, vem, doce Esperança, que eu prometo
Ornar os teus altares
Co’a viçosa verbena, que te agrada,
Co’a linda flor, que agora,
Enfeita os troncos, que te são sagrados.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre esperança.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre a infância.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 5 ótimos poemas sobre esperança em português!. [S.I.] 2022. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/otimos-poemas-sobre-esperanca-em-portugues/. Acesso em: 26 out. 2024.