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7 excelentes poemas sobre o destino em português!

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Confira a nossa seleção de poemas sobre o destino em português e reflita com estes excelentes versos!

Uma das questões mais interessantes e intrigantes, em filosofia, é a questão do destino ou, em outras palavras, a questão de haver ou não, em certa medida, uma predeterminação de eventos que ocorrem e deverão ocorrer em nossa vida a despeito de nossa vontade.

Em filosofia, diversas concepções de mundo pregam que há, sim, uma parcela de nosso destino que escapa ao nosso controle, como por exemplo a que se chama fatalismo, a mais radical entre elas, que diz não haver para o homem campo de ação para alterar os eventos decisivos de nossas vidas.

Como todo tema intrigante, quando falamos de destino surgem mais perguntas que respostas.

Passando da filosofia para a literatura, encontramos muitos poemas sobre o destino que o abordam desde uma perspectiva metafísica até o simples transformá-lo num ente que materializou algo indesejado na vida do poeta.

Seja como for, o fato é que há ótimos poemas sobre o destino e, por isso, fizemos uma seleção com alguns excelentes para que você possa refletir.

Boa leitura!

Poemas sobre o destino

Asa de corvo, de Augusto dos Anjos

Asa de corvos carniceiros, asa
De mau agouro que, nos doze meses,
Cobre às vezes o espaço e cobre às vezes
O telhado de nossa própria casa…

Perseguido por todos os reveses,
É meu destino viver junto a essa asa,
Como a cinza que vive junto à brasa,
Como os Goncourts, como os irmãos siameses!

É com essa asa que eu faço este soneto
E a indústria humana faz o pano preto
Que as famílias de luto martiriza…

É ainda com essa asa extraordinária
Que a Morte — a costureira funerária —
Cose para o homem a última camisa!

Minha finalidade, de Augusto dos Anjos

Turbilhão teleológico incoercível,
Que força alguma inibitória acalma,
Levou-me o crânio e pôs-lhe dentro a palma
Dos que amam apreender o Inapreensível!

Predeterminação imprescritível
Oriunda da infra-astral Substância calma
Plasmou, aparelhou, talhou minha alma
Para cantar de preferência o Horrível!

Na canonização emocionante
Da dor humana, sou maior que Dante,
— A águia dos latifúndios florentinos!

Sistematizo, soluçando, o Inferno…
E trago em mim, num sincronismo eterno,
A fórmula de todos os destinos!

Nada é prêmio: sucede o que acontece, de Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

A cada qual, como a ‘statura, é dada
A justiça: uns faz altos
O fado, outros felizes.

Nada é prêmio: sucede o que acontece.
Nada, Lídia, devemos
Ao fado, senão tê-lo.

Aquele, a quem mil bens outorga o Fado, de Bocage

Aquele, a quem mil bens outorga o Fado,
Desejo com razão da vida amigo
Nos anos igualar Nestor, o antigo,
De trezentos invernos carregado:

Porém eu sempre triste, eu desgraçado,
Que só nesta caverna encontro abrigo,
Porque não busco as sombras do jazigo,
Refúgio perdurável, e sagrado?

Ah! bebe o sangue meu, tosca morada;
Alma, quebra as prisões da humanidade,
Despe o vil manto, que pertence ao nada!

Mas eu tremo!… Que escuto?… É a Verdade,
É ela, é ela que do céu me brada:
Oh terrível pregão da eternidade!

Comunhão, de Antero de Quental

Reprimirei meu pranto!… Considera
Quantos, minh’alma, antes de nós vagaram,
Quantos as mãos incertas levantaram
Sob este mesmo céu de luz austera!…

— Luz morta! amarga a própria primavera! —
Mas seus pacientes corações lutaram,
Crentes só por instinto, e se apoiaram
Na obscura e heroica fé, que os retempera…

E sou eu mais do que eles? igual fado
Me prende à lei de ignotas multidões. —
Seguirei meu caminho confiado,

Entre esses vultos mudos, mas amigos,
Na humilde fé de obscuras gerações,
Na comunhão dos nossos pais antigos.

Destino, de Almeida Garrett

Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta «Floresce!»
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?
Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem…
Ai!, não mo disse ninguém.

Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino .
Vim cumprir o meu destino…
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.

Cada um cumpre o destino que lhe cumpre, de Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

Cada um cumpre o destino que lhe cumpre,
E deseja o destino que deseja;
Nem cumpre o que deseja,
Nem deseja o que cumpre.
Como as pedras na orla dos canteiros
O Fado nos dispõe, e ali ficamos;
Que a Sorte nos fez postos
Onde houvemos de sê-lo.
Não tenhamos melhor conhecimento
Do que nos coube que de que nos coube.
Cumpramos o que somos.
Nada mais nos é dado.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre o destino.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre a sociedade.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 7 excelentes poemas sobre o destino em português!. [S.I.] 2021. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/excelentes-poemas-sobre-o-destino-poesia/. Acesso em: 5 jun. 2024.