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4 exemplos de poesia sobre conhecimento para ler e refletir

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Confira a nossa seleção de exemplos de poesia sobre conhecimento em português!

É através do conhecimento do mundo que evoluímos nossa personalidade e aprendemos a viver.

Se o dinheiro gastamos, os afetos às vezes perdemos e, fisicamente, nossos corpos tendem a mudar, o conhecimento é algo mais sólido e perene, no qual o tempo parece atuar positivamente.

Assim, é antiga a busca pelo conhecimento, e numerosas as vias recomendadas para alcançá-lo.

Os poetas, como não poderia ser diferente, posto que intelectuais, também partilharam desta busca, e deixaram muitas observações em versos para nós.

Sendo assim, preparamos uma seleção com 4 exemplos de poesia sobre conhecimento para que você possa ler e apreciar.

Boa leitura!

Exemplos de poesia sobre conhecimento

Chega através do dia de névoa alguma coisa do esquecimento, de Fernando Pessoa

Chega através do dia de névoa alguma coisa do esquecimento,
Vem brandamente com a tarde a oportunidade da perda.
Adormeço sem dormir, ao relento da vida.

É inútil dizer-me que as acções têm consequências.
É inútil eu saber que as acções usam consequências.
É inútil tudo, é inútil tudo, é inútil tudo.

Através do dia de névoa não chega coisa nenhuma.

Tinha agora vontade
De ir esperar ao comboio da Europa o viajante anunciado,
De ir ao cais ver entrar o navio e ter pena de tudo.

Não vem com a tarde oportunidade nenhuma.

Extravio, de Ferreira Gullar

Onde começo, onde acabo,
se o que está fora está dentro
como num círculo cuja
periferia é o centro?

Estou disperso nas coisas,
nas pessoas, nas gavetas:
de repente encontro ali
partes de mim: risos, vértebras.

Estou desfeito nas nuvens:
vejo do alto a cidade
e em cada esquina um menino,
que sou eu mesmo, a chamar-me.

Extraviei-me no tempo.
Onde estarão meus pedaços?
Muito se foi com os amigos
que já não ouvem nem falam.

Estou disperso nos vivos,
em seu corpo, em seu olfato,
onde durmo feito aroma
ou voz que também não fala.

Ah, ser somente o presente:
esta manhã, esta sala.

Tentanda via, de Antero de Quental

I

Com que passo tremente se caminha
Em busca dos destinos encobertos!
Como se estão volvendo olhos incertos!
Como esta geração marcha sozinha!

Fechado, em volta, o céu! o mar, escuro!
A noite, longa! o dia, duvidoso!
Vai o giro dos céus bem vagaroso…
Vem longe ainda a praia do futuro…

É a grande incerteza, que se estende
Sobre os destinos dum porvir, que é treva…
É o escuro terror de quem nos leva…
O fruto horrível que das almas pende!

A tristeza do tempo! o espectro mudo
Que pela mão conduz… não sei aonde!
⎯ Quanto pode sorrir, tudo se esconde…
Quanto pode pungir, mostra-se tudo. ⎯

Não é a grande luta, braço a braço,
No chão da Pátria, à clara luz da História…
Nem o gládio de César, nem a glória…
É um misto de pavor e de cansaço!

Não é a luta dos trezentos bravos,
Que o solo amado beijam quando caem…
Crentes que traz um Deus, e à guerra saem.
Por não dormir no leito dos escravos…

É a luta sem glória! é ser vencido!
Por uma oculta, súbita fraqueza!
Um desalento, uma íntima tristeza
Que a morte leva… sem se ter vivido!

Não há aí pelejar… não há combate…
Nem há já glória no ficar prostrado ⎯
São os tristes suspiros do Passado
Que se erguem desse chão, por toda a parte…

É a saudade, que nos rói e mina
E gasta, como a pedra a gota d’água…
Depois, a compaixão, a íntima mágoa
De olhar essa tristíssima ruína…

Tristíssimas ruínas! Entristece
E causa dó olhá-las ⎯ a vontade
Amolece nas águas da piedade,
E, em meio do lutar, treme e falece.

Cada pedra, que cai dos muros lassos
Do trêmulo castelo do passado,
Deixa um peito partido, arruinado,
E um coração aberto em dois pedaços!

II

A estrada da vida anda alastrada
Das folhas secas e mirradas flores…
Eu não vejo que os céus sejam maiores,
Mas a alma… essa é que eu vejo mais minguada!

Ah! Via dolorosa é esta via!
Onde uma Lei terrível nos domina!
Onde é força marchar pela neblina…
Quem só tem olhos para a luz do dia!

Irmãos! irmãos! amemo-nos! é a hora…
É de noite que os tristes se procuram,
E paz e união entre si juram…
Irmãos! irmãos! amemo-nos agora!

E vós, que andais a dores mais afeitos,
Que mais sabeis à Via do Calvário
Os desvios do giro solitário,
E tendes, de sofrer, largos os peitos;

Vós, que ledes na noite… vós, profetas…
Que sois os loucos… porque andais na frente…
Que sabeis o segredo da fremente
Palavra que dá fé ⎯ ó vós, poetas!

Estendei vossas almas, como mantos
Sobre a cabeça deles… e do peito
Fazei-lhes um degrau, onde com jeito
Possam subir a ver os astros santos…

Levai-os vós à Pátria-misteriosa,
Os que perdidos vão com passo incerto!
Sede vós a coluna do deserto!
Mostrai-lhes vós a Via-dolorosa!

III

Sim! que é preciso caminhar avante!
Andar! passar por cima dos soluços!
Como quem numa mina vai de bruços,
Olhar apenas uma luz distante!

É preciso passar sobre ruínas,
Como quem vai pisando um chão de flores!
Ouvir as maldições, ais e clamores,
Como quem ouve músicas divinas!

Beber, em taça túrbida, o veneno,
Sem contrair o lábio palpitante!
Atravessar os circos do Dante,
E trazer desse inferno o olhar sereno!

Ter um manto da casta luz das crenças,
Para cobrir as trevas da miséria!
Ter a vara, o condão da fada aérea,
Que em ouro torne estas areias densas!

E, quando, sem temor e sem saudade,
Poderdes, dentre o pó dessa ruína,
Erguer o olhar à cúpula divina,
Heis de então ver a nova-claridade!

Heis de então ver, ao descerrar do escuro,
Bem como o cumprimento de um agouro,
Abrir-se, como grandes portas de ouro,
As imensas auroras do Futuro!

Sabedoria, de Jorge Régio

Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança…
E venha a morte quando
Deus quiser.

Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.

Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar…
E venha a morte quando Deus quiser.

Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de exemplos de poesia sobre conhecimento.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa seleção de poemas sobre coragem.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 4 exemplos de poesia sobre conhecimento para ler e refletir. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/exemplos-de-poesia-sobre-conhecimento-poemas/. Acesso em: 26 out. 2024.