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Os 7 melhores poemas sobre saudade em português!

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Confira a nossa seleção com os 7 melhores poemas sobre saudade em português e deixe-se encantar!

Já houve quem dissesse que saudade é a palavra mais bonita do dicionário português.

Isso porque essa palavrinha, que não encontra tradução fiel em outras línguas, exprime um sentimento universal causado pela distância ou ausência de algo ou alguém que gostamos.

Por isso, não é raro encontrarmos poemas sobre saudade em grandes poetas da língua portuguesa, que possuem a sensibilidade refinada para captar essas manifestações da nossa alma (e de nosso peito!).

Dito isso, preparamos uma lista com os 7 melhores poemas sobre saudade em português, para que você deixe-se encantar do talento destes grandes poetas que, como ninguém, colocam em palavras aquilo que não parece passível de expressão.

Boa leitura!

Poemas sobre saudade

Saudade, de Augusto dos Anjos

Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.

À noite quando em funda soledade
Minh’alma se recolhe tristemente,
P’ra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.

E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,

Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.

A dor de quem recorda os tempos idos, de Alphonsus de Guimaraens

A dor de quem recorda os tempos idos
Fere como um punhal envenenado.
São vozes mudas, últimos balidos
Do cordeiro angustioso do passado.

Choram em sonho os olhos doloridos
Das virgens mortas antes do noivado.
E sentimos na concha dos ouvidos
As árias de quem muito foi amado.

Oh luares ermos pelas sepulturas!
Noites infindas de astros, onde esvoaça
A asa da morte suavemente fria!

Beijais do rosto dela as linhas puras.
Ela sorri: pelos seus lábios passa
A alma das rosas que lhe dei um dia.

A um ausente, de Carlos Drummond de Andrade

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Versos a Corina, de Machado de Assis

V

Guarda estes versos que escrevi chorando
Como um alívio à minha soledade,
Como um dever do meu amor; e quando
Houver em ti um eco de saudade,
Beija estes versos que escrevi chorando.

Único em meio das paixões vulgares,
Fui a teus pés queimar minha alma ansiosa,
Como se queima o óleo ante os altares;
Tive a paixão indômita e fogosa,
Única em meio das paixões vulgares.

Cheio de amor, vazio de esperança,
Dei para ti os meus primeiros passos;
Minha ilusão fez-me, talvez, criança;
E eu pretendi dormir aos teus abraços,
Cheio de amor, vazio de esperança.

Refugiado à sombra do mistério
Pude cantar meu hino doloroso;
E o mundo ouviu o som doce ou funéreo
Sem conhecer o coração ansioso
Refugiado à sombra do mistério.

Mas eu que posso contra a sorte esquiva?
Vejo que em teus olhares de princesa
Transluz uma alma ardente e compassiva
Capaz de reanimar minha incerteza;
Mas eu que posso contra a sorte esquiva?

Como um réu indefeso e abandonado,
Fatalidade, curvo-me ao teu gesto;
E se a perseguição me tem cansado,
Embora, escutarei o teu aresto
Como um réu indefeso e abandonado.

Embora fujas aos meus olhos tristes,
Minha alma irá saudosa, enamorada,
Acercar-se de ti lá onde existes;
Ouvirás minha lira apaixonada,
Embora fujas aos meus olhos tristes.

Talvez um dia meu amor se extinga,
Como fogo de Vesta mal cuidado
Que sem o zelo da Vestal não vinga:
Na ausência e no silêncio condenado
Talvez um dia meu amor se extinga.

Então não busques reavivar a chama;
Evoca apenas a lembrança casta
Do fundo amor daquele que não ama;
Esta consolação apenas basta;
Então não busques reavivar a chama.

Guarda estes versos que escrevi chorando
Como um alívio à minha soledade,
Como um dever do meu amor; e quando
Houver em ti um eco de saudade,
Beija estes versos que escrevi chorando.

Natal… Na província neva, de Fernando Pessoa

Natal… Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!

Tempos idos, de Augusto dos Anjos

Não enterres, coveiro, o meu Passado,
Tem pena dessas cinzas que ficaram;
Eu vivo dessas crenças que passaram,
E quero sempre tê-las ao meu lado!

Não, não quero o meu sonho sepultado
No cemitério da Desilusão,
Que não se enterra assim sem compaixão
Os escombros benditos de um Passado!

Ai! não me arranques d’alma este conforto!
— Quero abraçar o meu Passado morto,
— Dizer adeus aos sonhos meus perdidos!

Deixa ao menos que eu suba à Eternidade
Velado pelo círio da Saudade,
Ao dobre funeral dos tempos idos!

De longe te hei-de amar, de Cecília Meireles

De longe te hei-de amar
– da tranquila distância
em que o amor é saudade
e o desejo, constância.

Do divino lugar
onde o bem da existência
é ser eternidade
e parecer ausência.

Quem precisa explicar
o momento e a fragrância
da Rosa, que persuade
sem nenhuma arrogância?

E, no fundo do mar,
a Estrela, sem violência,
cumpre a sua verdade,
alheia à transparência.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que você tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre saudade.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre o tempo.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. Os 7 melhores poemas sobre saudade em português!. [S.I.] 2021. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/melhores-poemas-sobre-saudade-poesia/. Acesso em: 25 out. 2024.