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6 excelentes poemas sobre a infância em português!

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Confira a nossa seleção de poemas sobre a infância feitos somente por poetas da língua portuguesa!

Para grande parte das pessoas, a infância é o período que inspira maior saudade e cujas memórias parecem mais doces.

Isso porque na infância todos nós temos experiências muito marcantes, uma vez que um mundo inteiro de possibilidades é apresentado para nós.

Saímos, lentamente, do desconhecimento para o conhecimento, através de experiências inteiramente novas que ficam, muitas vezes, gravadas em nossa memória.

Por isso, é natural que a poesia apresente poemas sobre a infância uma vez que vários artistas valem-se da própria arte para registrarem e explorarem suas experiências de vida mais marcantes.

Sendo assim, preparamos uma seleção com 6 poemas sobre a infância feitos por artistas da língua portuguesa para que você possa apreciá-los.

Boa leitura!

Poemas sobre a infância

A criança que pensa em fadas, de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em algum ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.

Pequenina, de Florbela Espanca

És pequenina e ris … A boca breve
É um pequeno idílio cor-de-rosa …
Haste de lírio frágil e mimosa!
Cofre de beijos feito sonho e neve!

Doce quimera que a nossa alma deve
Ao Céu que assim te faz tão graciosa!
Que nesta vida amarga e tormentosa
Te fez nascer como um perfume leve!

O ver o teu olhar faz bem à gente …
E cheira e sabe, a nossa boca, a flores
Quando o teu nome diz, suavemente …

Pequenina que a Mãe de Deus sonhou,
Que ela afaste de ti aquelas dores
Que fizeram de mim isto que sou!

Criança, de Cecília Meireles

Cabecinha boa de menino triste,
de menino triste que sofre sozinho,
que sozinho sofre, — e resiste,

Cabecinha boa de menino ausente,
que de sofrer tanto se fez pensativo,
e não sabe mais o que sente…

Cabecinha boa de menino mudo
que não teve nada, que não pediu nada,
pelo medo de perder tudo.

Cabecinha boa de menino santo
que do alto se inclina sobre a água do mundo
para mirar seu desencanto.

Para ver passar numa onda lenta e fria
a estrela perdida da felicidade
que soube que não possuiria.

Lugares da infância, de Manuel António Pina

Lugares da infância onde
sem palavras e sem memória
alguém, talvez eu, brincou
já lá não estão nem lá estou.

Onde? Diante
de que mistério
em que, como num espelho hesitante,
o meu rosto, outro rosto, se reflecte?

Venderam a casa, as flores
do jardim, se lhes toco, põem-se hirtas
e geladas, e sob os meus passos
desfazem-se imateriais as rosas e as recordações.

O quarto eu não o via
porque era ele os meus olhos;
e eu não o sabia
e essa era a sabedoria.

Agora sei estas coisas
de um modo que não me pertence,
como se as tivesse roubado.

A casa já não cresce
à volta da sala,
puseram a mesa para quatro
e o coração só para três.

Falta alguém, não sei quem,
foi cortar o cabelo e só voltou
oito dias depois,
já o jantar tinha arrefecido.

E fico de novo sozinho,
na cama vazia, no quarto vazio.
Lá fora é de noite, ladram os cães;
e eu cubro a cabeça com os lençóis.

Menino e moço, de António Nobre

Tombou da haste a flor da minha infância alada,
Murchou na jarra de oiro o pudico jasmim:
Voou aos altos céus Sta Águia, linda fada,
Que dantes estendia as azas sobre mim.

Julguei que fosse eterna a luz dessa alvorada,
E que era sempre dia, e nunca tinha fim
Essa visão de luar que vivia encantada,
Num castelo de prata embutido a marfim!

Mas, hoje, as águias de oiro, águias da minha infância,
Que me enchiam de lua o coração, outrora,
Partiram e no céu evolam-se, a distancia!

Debalde clamo e choro, erguendo aos céus meus ais:
Voltam na aza do vento os ais que a alma chora;
Elas, porém, Senhor! elas não voltam mais…

Encantamento, de Teixeira de Pascoaes

Quantas vezes, ficava a olhar, a olhar
A tua doce e angélica Figura,
Esquecido, embebido num luar,
Num enlevo perfeito e graça pura!

E à força de sorrir, de me encantar,
Diante de ti, mimosa Criatura,
Suavemente sentia-me apagar…
E eu era sombra apenas e ternura.

Que inocência! que aurora! que alegria!
Tua figura de Anjo radiava!
Sob os teus pés a terra florescia,

E até meu próprio espirito cantava!
Nessas horas divinas, quem diria
A sorte que já Deus te destinava!

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre a infância.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre família.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 6 excelentes poemas sobre a infância em português!. [S.I.] 2022. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-a-infancia-em-portugues-poesia/. Acesso em: 20 set. 2024.