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5 inspiradíssimos poemas sobre beleza em português

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Confira a nossa seleção de poemas sobre beleza em português!

Talvez não haja palavra que tenha gerado mais discussão nos meios literários que a beleza, por vezes grafada Beleza.

Que é a beleza? Infinitas linhas já foram escritas tentando defini-la e, embora tenham provado que não podemos objetivamente fazê-lo, nenhum de nós é indiferente à ela.

Em poesia, se não é a “Beleza” a inspirar o poeta, pode este banhar-se simplesmente na beleza de paisagens, virtudes, pessoas e ações.

A beleza feminina, por exemplo, já foi motivo para muitos e belíssimos versos desde a antiguidade.

E assim, mesmo que não possamos defini-la precisamente, continua a beleza inspirando, como sempre inspirou, alguns dos melhores versos da poesia universal.

Dito isso, preparamos uma seleção com 5 poemas sobre beleza para que você possa apreciar diferentes abordagens para este misterioso e múltiplo substantivo.

Boa leitura!

Poemas sobre beleza

Em busca da beleza, de Fernando Pessoa

I

Soam vãos, dolorido epicurista,
Os versos teus, que a minha dor despreza;
Já tive a alma sem descrença presa
Desse teu sonho, que perturba a vista.

Da Perfeição segui em vã conquista,
Mas vi depressa, já sem a alma acesa,
Que a própria ideia em nós dessa beleza
Um infinito de nós mesmos dista.

Nem à nossa alma definir podemos
A Perfeição em cuja estrada a vida,
Achando-a intérmina, a chorar perdemos.

O mar tem fim, o céu talvez o tenha,
Mas não a ânsia de Coisa indefinida
Que o ser indefinida faz tamanha.

Beleza, de Almeida Garrett

Vem do amor a Beleza,
Como a luz vem da chama.
É lei da natureza:
Queres ser bela? — ama.

Formas de encantar,
Na tela o pincel
As pode pintar;
No bronze o buril
As sabe gravar;
E estátua gentil
Fazer o cinzel
Da pedra mais dura…
Mas Beleza é isso? — Não; só formosura.

Sorrindo entre dores
Ao filho que adora
Inda antes de o ver,
— Qual sorri a aurora
Chorando nas flores
Que estão por nascer —
A mãe é a mais bela das obras de Deus.
Se ela ama! — O mais puro do fogo dos céus
Lhe ateia essa chama de luz cristalina:

É a luz divina
Que nunca mudou,
É luz… é a Beleza
Em toda a pureza
Que Deus a criou.

Flor de beleza, de Gonçalves Dias

Não vejas!… se a vires… — Eu sei porque o digo:
Tu morres de amor.
(Macedo)

Se fosse rainha aquela
Em cuja fronte singela,
Como em tela delicada
Luz da beleza o condão,
Foras rainha adorada;
Mas rainha sedutora,
Que exige preitos numa hora,
E na outra hora adoração.

Foras rainha! e ditosos
Teus vassalos extremosos,
Que ao renderem-te seus preitos
Beijaram-te a nívea mão.
Pedes amor e respeitos!
Quem não ama a formosura,
Quem não respeita a candura
De um sincero coração?

Mas antes que nos curvemos
Ante a beleza que vemos,
Tua angélica bondade
Conquista a nossa afeição:
Não és mulher, mas deidade,
Uma fada sedutora,
Que nos pede amor agora,
Logo mais — adoração.

Quando pois, cheia de graças,
Entre a turba alegre passas,
Entre a turba sequiosa
De beijar-te a nívea mão;
Dizem uns: quanto é formosa!
Eu porém, sei que és mais bela
Nos dotes da alma singela,
Nas prendas do coração.

Passa rápida a beleza,
Como flor que a natureza
Cria em jardim melindroso,
Ou num agreste torrão:
Passa como um som queixoso,
Como felizes instantes,
Como as juras dos amantes,
Como extremos da paixão.

Mas d’alma a vida é mais fina,
Exala essência divina,
Que avigora e fortifica
O dorido coração;
Morto o corpo, ainda fica,
Como em rosal arrancado,
Leve aroma derramado
Dos espaços na extensão.

Madrigal melancólico, de Manuel Bandeira

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
– Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

À beleza, de Miguel Torga

Não tens corpo, nem pátria, nem família,
Não te curvas ao jugo dos tiranos.
Não tens preço na terra dos humanos,
Nem o tempo te rói.
És a essência dos anos,
O que vem e o que foi.

És a carne dos deuses,
O sorriso das pedras,
E a candura do instinto.
És aquele alimento
De quem, farto de pão, anda faminto.

És a graça da vida em toda a parte,
Ou em arte,
Ou em simples verdade.
És o cravo vermelho,
Ou a moça no espelho,
Que depois de te ver se persuade.

És um verso perfeito
Que traz consigo a força do que diz.
És o jeito
Que tem, antes de mestre, o aprendiz.

És a beleza, enfim. És o teu nome.
Um milagre, uma luz, uma harmonia,
Uma linha sem traço…
Mas sem corpo, sem pátria e sem família,
Tudo repousa em paz no teu regaço.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre beleza

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver o que escrevemos sobre elegia.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 5 inspiradíssimos poemas sobre beleza em português. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-beleza-poesia-portugues/. Acesso em: 25 out. 2024.