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6 bonitos poemas sobre fé em português!

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Confira a nossa seleção de poemas sobre fé em português!

A fé, embora seja conhecida pela maioria das pessoas, é uma palavra difícil de definir.

O dicionário diz-nos que trata-se de uma “adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro”.

É comum encontrarmos, também, em autores de cunho cientificista, o ressaltarem na fé a ausência de qualquer critério objetivo de verificação para aquilo em que se acredita.

A fé, porém, é uma capacidade complexa e fortíssima presente em muitas pessoas, e embora esteja o mais das vezes associada a uma crença religiosa, de forma alguma nisto se resume o seu significado.

O que se percebe é que a fé é geralmente ligada à esperança, a um sentimento positivo em relação ao futuro ou ao desencadear de eventos em situações.

Dito isso, preparamos uma seleção com 6 poemas sobre fé para que você possa apreciar algumas abordagens em versos para esta temática.

Boa leitura!

Poemas sobre fé

Aos olhos dele, de Florbela Espanca

Não acredito em nada. As minhas crenças
Voaram como voa a pomba mansa,
Pelo azul do ar. E assim fugiram o
As minhas doces crenças de criança.

Fiquei então sem fé; e a toda gente
Eu digo sempre, embora magoada:
Não acredito em Deus e a Virgem Santa
É uma ilusão apenas e mais nada!

Mas avisto os teus olhos, meu amor,
Duma luz suavíssima de dor…
E grito então ao ver esses dois céus:

Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa
Que criou esse brilho que m’encanta!
Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!

Ignoto Deo, de José Régio

Desisti de saber qual é o Teu nome,
Se tens ou não tens nome que Te demos,
Ou que rosto é que toma, se algum tome,
Teu sopro tão além de quanto vemos.

Desisti de Te amar, por mais que a fome
Do Teu amor nos seja o mais que temos,
E empenhei-me em domar, nem que os não dome,
Meus, por Ti, passionais e vãos extremos.

Chamar-Te amante ou pai… grotesco engano
Que por demais tresanda a gosto humano!
Grotesco engano o dar-te forma! E enfim,

Desisti de Te achar no quer que seja,
De Te dar nome, rosto, culto, ou igreja…
– Tu é que não desistirás de mim!

Fé, de Machado de Assis

As orações dos homens
Subam eternamente aos teus ouvidos;
Eternamente aos teus ouvidos soem
Os cânticos da terra.

No turvo mar da vida,
Onde aos parcéis do crime a alma naufraga,
A derradeira bússola nos seja,
Senhor, tua palavra.

A melhor segurança
Da nossa íntima paz, Senhor, é esta;
Esta a luz que há de abrir à estância eterna
O fulgido caminho.

Ah ! feliz o que pode,
No extremo adeus às cousas deste mundo,
Quando a alma, despida de vaidade,
Vê quanto vale a terra;

Quando das glórias frias
Que o tempo dá e o mesmo tempo some,
Despida já, — os olhos moribundos
Volta às eternas glórias;

Feliz o que nos lábios,
No coração, na mente põe teu nome,
E só por ele cuida entrar cantando
No seio do infinito.

A pastora, de Gonçalves Dias

Foram as trevas fugindo,
E luzindo
Nasce o sol sobre o horizonte;
Quando a pastora formosa
E mimosa
Já caminho vai do monte!

A relva tenra e molhada,
Orvalhada,
Que de noite despontou,
Se levanta melindrosa,
Mais viçosa
Depois que o sol a afagou!

Nos ramos cantam, trinando
E saltando,
As aves seu casto amor;
Aqui, ali, cintilante
E brilhante
Desabrocha a linda flor.

E a pastorinha engraçada,
Bem fadada,
Na fresca manhã de abril,
Vai cantando maviosa,
E saudosa
Pensando no seu redil.

Para as serras do Gerez
Toca a rês
Toca a rês, gentil pastora;
Lá te aguarda o bom pastor,
Teu amor,
Que te chama encantadora.

Vai, pastora, vai depressa,
Já começa
O sol no vale a brilhar;
Vai, que as tuas companheiras,
Galhofeiras,
Lá estão com ele a folgar!

Pela aldeia entre os pastores
Vão rumores
De que tens uma rival,
Nessa Alteia, a tua antiga,
Doce amiga,
Que te quer hoje tão mal!

Tu não sabes que os amores
São traidores,
Que o homem não sabe amar;
E que diz: Esta é mais bela;
Mas aquela
É que me sabe agradar!

Tenho d’Alteia receios,
Que tem meios
De prender um coração.
É viva, bela, engraçada,
Festejada
Nos cantares do serão.

Como a neve em seus lavores,
Nos amores
Que caprichosa não é!
Zomba dele quando o topa,
E o provoca
De mil maneiras, à fé!

Até dizem — será mentira —
Que lhe atira
Seus motetes muita vez;
Dizem mais, que há prendas dadas
E trocadas
Não sei; mas será talvez!

Triste de ti, se assim fora,
Oh pastora,
Triste de ti sem amor!
Foras alvo dos festejos,
Dos motejos,
E do canto mofador!

Cheia de pudico medo,
Ao folguedo
Do domingo festival,
Não irias, oh formosa,
Vergonhosa
Dos olhos duma rival!

Para as serras do Gerez
Toca a rês,
Toca a rês, gentil pastora;
Lá te aguarda o bom pastor,
Teu amor,
Que te chama encantadora!

Meu gesto que destrói, de Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

Meu gesto que destrói
A mole das formigas,
Tomá-lo-ão elas por de um ser divino;
Mas eu não sou divino para mim.

Assim talvez os deuses
Para si o não sejam,
E só de serem do que nós maiores
Tirem o serem deuses para nós.

Seja qual for o certo,
Mesmo para com esses
Que cremos serem deuses, não sejamos
Inteiros numa fé talvez sem causa.

Na mão de Deus, de Antero de Quental

Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto…
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na não de Deus eternamente!

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre fé.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa seleção de poemas sobre humildade.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 6 bonitos poemas sobre fé em português!. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-fe-poesia-portugues-poetas/. Acesso em: 26 out. 2024.