Confira a nossa seleção de poemas sobre força em português!
Força é uma palavra que comporta significações múltiplas e, quando a evocamos, surge inevitavelmente a pergunta: força em que sentido?
Quando falamos em força, podemos falar em força de caráter, perseverança, resistência a adversidades, força física, bravura, ânimo, e por aí vai.
O que é certo é que a força é uma qualidade que, em suas variadas significações, já foi muito abordada em versos, desde os antigos até os modernos.
Sendo assim, preparamos uma seleção com 4 poemas sobre força para que você possa apreciar algumas dessas abordagens.
Boa leitura!
Poemas sobre força
Disputa em família, de Antero de Quental
Dixit insipiens in corde suo: non est Deus.
I
Sai das nuvens, levanta a fronte e escuta
O que dizem teus filhos rebelados,
Velho Jeová de longa barba hirsuta,
Solitário em teus Céus acastelados:“— Cessou o império enfim da força bruta!
Não sofreremos mais, emancipados,
O tirano, de mão tenaz e astuta,
Que mil anos nos trouxe arrebanhados!Enquanto tu dormias impassível,
Topamos no caminho a liberdade
Que nos sorriu com gesto indefinível…Já provamos os frutos da verdade…
Ó Deus grande, ó Deus forte, ó Deus terrível.
Não passas duma vã banalidade! —”
Quando a suprema dor muito me aperta, de Camões
Quando a suprema dor muito me aperta,
Se digo que desejo esquecimento,
É força que se faz ao pensamento,
De que a vontade livre desconcerta.Assi de erro tão grave me desperta
A luz do bem regido entendimento,
Que mostra ser engano, ou fingimento,
Dizer que em tal descanso mais se acerta.Porque essa própria imagem, que na mente
Me representa o bem de que careço,
Faz-mo de hum certo modo ser presente.Ditosa é, logo, a pena que padeço,
Pois que da causa dela em mi se sente
Hum bem que, inda sem ver-vos, reconheço.
Recordação, de Gonçalves Dias
Nessun maggior dolore…
— DanteQuando em meu peito as aflições rebentam
Eivadas de sofrer acerbo e duro;
Quando a desgraça o coração me arrocha
Em círculos de ferro, com tal força,
Que dele o sangue em borbotões golfeja;
Quando minha alma de sofrer cansada, .
Bem que afeita a sofrer, sequer não pode
Clamar: Senhor piedade; — e que os meus olhos
Rebeldes, uma lágrima não vertem
Do mar d’angústias que meu peito oprime:Volvo aos instantes de ventura, e penso
Que a sós contigo, em prática serena,
Melhor futuro me augurava, as doces
Palavras tuas, sôfregos, atentos
Sorvendo meus ouvidos, — nos teus olhos
Lendo os meus olhos tanto amor, que a vida
Longa, bem longa, não bastara ainda
Porque de os ver me saciasse!… O pranto
Então dos olhos meus corre espontâneo,
Que não mais te verei. — Em tal pensando
De martírios calar sinto em meu peito
Tão grande plenitude, que a minha alma
Sente amargo prazer de quanto sofre.
A dança da psique, de Augusto dos Anjos
A dança dos encéfalos acesos
Começa. A carne é fogo. A alma arde. A espaços
As cabeças, as mãos, os pés e os braços
Tombam, cedendo à ação de ignotos pesos!E então que a vaga dos instintos presos
— Mãe de esterilidades e cansaços —
Atira os pensamentos mais devassos
Contra os ossos cranianos indefesos.Subitamente a cerebral coreia
Para. O cosmos sintético da Ideia
Surge. Emoções extraordinárias sinto…Arranco do meu crânio as nebulosas.
E acho um feixe de forças prodigiosas
Sustentando dois monstros: a alma e o instinto!
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre força.
Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre memórias.
Um abraço e até a próxima!