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7 poemas sobre humildade feitos por grandes poetas

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Confira a nossa seleção de poemas sobre humildade em português!

A humildade é uma das virtudes mais apreciadas por homens de todos os tempos.

O dicionário diz-nos, entre outras coisas, que alguém humilde é alguém “que reconhece suas limitações”, “que denota modéstia” e “sem pretensões”.

Tal capacidade suscita em nós um apreço em igual medida à repulsa que nos suscita a arrogância, a pretensão e a vaidade.

Acima de tudo, a humildade inspira-nos empatia e nos ajuda muito a estabelecer relações saudáveis, pois é uma manifestação do reconhecimento de que somos seres imperfeitos e que somente a partir dele é que pode surgir um esforço para nos tornarmos pessoas melhores.

Sendo assim, preparamos uma seleção com 7 poemas sobre humildade para que você possa apreciar diferentes abordagens para esta bela virtude.

Boa leitura!

Poemas sobre humildade

A um grande homem, de Olavo Bilac

Heureuse au fond du bois la source pauvre et pure!
(Lamartine)

Olha: era um tênue fio
De água escassa. Cresceu. Tornou-se em rio
Depois. Roucas, as vagas
Engrossa agora, e é túrbido e bravio,
Roendo penedos, alagando plagas.

Humilde arroio brando!…
Nele, no entanto, as flores, inclinando
O débil caule, inquietas
Miravam-se. E, em seu claro espelho, o bando
Se revia das leves borboletas.

Tudo, porém: – cheirosas
Plantas, curvas ramadas rumorosas,
Úmidas relvas, ninhos
Suspensos no ar entre jasmins e rosas,
Tardes cheias da voz dos passarinhos, –

Tudo, tudo perdido
Atrás deixou. Cresceu. Desenvolvido,
Foi alargando o seio,
E do alpestre rochedo, onde nascido
Tinha, crespo, a rolar, descendo veio…

Cresceu. Atropeladas,
Soltas, grossas as ondas apressadas
Estendeu largamente,
Tropeçando nas pedras espalhadas,
No galope impetuoso da corrente…

Cresceu. E é poderoso:
Mas enturba-lhe a face o lodo ascoso…
É grande, é largo, é forte:
Mas, de parcéis cortado, caudaloso,
Leva nas dobras de seu manto a morte.

Implacável, violento,
Rijo o vergasta o látego do vento.
Das estrelas, caindo
Sobre ele em vão do claro firmamento
Batem os raios límpidos, luzindo…

Nada reflete, nada!
Com o surdo estrondo espanta a ave assustada;
É turvo, é triste agora.
Onde a vida de outrora sossegada?
Onde a humildade e a limpidez de outrora?

Homem que o mundo aclama!
Semideus poderoso, cuja fama
O mundo com vaidade
De eco em eco no século derrama
Aos quatro ventos da celebridade!

Tu, que humilde nasceste,
Fraco e obscuro mortal, também cresceste
De vitória em vitória,
E, hoje, inflado de orgulhos, ascendeste
Ao sólio excelso do esplendor da glória!

Mas, ah! nesses teus dias
De fausto, entre essas pompas luzidias,
– Rio soberbo e nobre!
Hás de chorar o tempo em que vivias
Como um arroio sossegado e pobre…

Exercício espiritual, de Miguel Torga

Ouço-os de todo o lado.
Eu é que sou assim.
Eu é que sou assado,
Eu é que sou o anjo revoltado,
Eu é que não tenho santidade…

Quando, afinal, ninguém
Põe nos ombros a capa da humildade,
E vem.

Vesper, de Raimundo Correia

A João Ribeiro

Do seu fastígio azul, serena e fria,
Desce a noite outonal, augusta e bela;
Vesper fulgura além… Vesper! Só ela
Todo o céu, doce e pálida, alumia.

De um mosteiro na cúpula irradia
Com frouxa luz… Em sua humilde cela,
Contemplativa e languida à janela,
‘Triste freira, fitando-a, se extasia…

Vesper, envolta em deslumbrante alvura,
Ó nuvens, que ides pelo espaço a fora!
A quem tão longo olhar volve da altura?

Que olhar irmão do seu procura agora
Na terra o astro do amor? O olhar procura
Da solitária freira que o namora.

Um mover de olhos, brando e piedoso, de Camões

Um mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de que; um riso brando e honesto,
Quase forçado; um doce e humilde gesto,
De qualquer alegria duvidoso:

Um despejo quieto e vergonhoso;
Um repouso gravíssimo e modesto;
Uma pura bondade, manifesto
Indicio da alma, limpo e gracioso:

Um encolhido ousar; uma brandura;
Um medo sem ter culpa; um ar sereno;
Um longo e obediente sofrimento:

Esta foi a celeste formosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pôde transformar meu pensamento.

Insânia de um simples, de Augusto dos Anjos

Em cismas patológicas insanas,
É-me grato adstringir-me, na hierarquia
Das formas vivas, à categoria
Das organizações liliputianas;

Ser semelhante aos zoófitos e as lianas,
Ter o destino de uma larva fria,
Deixar enfim a cloaca mais sombria
Este feixe de células humanas!

E enquanto arremedando Éolo iracundo,
Na orgia heliogabálica do mundo,
Ganem todos os vícios de uma vez,

Apraz-me, adstrito ao triângulo mesquinho
De um delta humilde, apodrecer sozinho
No silêncio de minha pequenez!

Renúncia, de Manuel Bandeira

Chora de manso e no íntimo… Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.

Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura…

A vida é vã como a sombra que passa…
Sofre sereno e de alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.

Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira…

Coisas, pequenas coisas, de Fernando Namora

Fazer das coisas fracas um poema.

Uma árvore está quieta,
murcha, desprezada.
Mas se o poeta a levanta pelos cabelos
e lhe sopra os dedos,
ela volta a empertigar-se, renovada.
E tu, que não sabias o segredo,
perdes a vaidade.
Fora de ti há o mundo
e nele há tudo
que em ti não cabe.

Homem, até o barro tem poesia!
Olha as coisas com humildade.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre humildade.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre justiça.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 7 poemas sobre humildade feitos por grandes poetas. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-humildade-poesia-portugues/. Acesso em: 26 out. 2024.