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2 ótimos poemas sobre igualdade para ler e refletir!

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Confira a nossa seleção de poemas sobre igualdade em português!

Igualdade é um tema complexo e recorrente na literatura, manifesto de maneiras muito variadas.

Geralmente, é este tema colocado em pauta como uma maneira de expressar um sentimento patente de injustiça, esta lamentavelmente tão comum em nosso mundo.

É comum, também, que o poeta, expressando o seu desejo de igualdade, pinte em versos como seria o mundo melhor caso houvesse a reparação de suas injustiças.

A igualdade, porém, não se limita a este tipo de abordagem, visto que é um conceito amplo e abrangente.

Sendo assim, preparamos uma seleção com 2 ótimos poemas sobre igualdade para que você possa apreciar duas abordagens distintas para este tema.

Boa leitura!

Poemas sobre igualdade

Igual-desigual, de Carlos Drummond de Andrade

Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol
são iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todas as experiências de sexo
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais
e todos, todos
os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.

Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.
Ninguém é igual a ninguém.
Todo ser humano é um estranho
ímpar.

À História, de Antero de Quental

VI

Se um dia chegaremos, nós, sedentos,
A essa praia do eterno mar-oceano,
Onde lavem seu corpo os pustulentos,
E farte a sede, enfim, o peito humano?
Oh! diz-me o coração que estes tormentos
Chegarão a acabar: e o nosso engano,
Desfeito como nuvem que desanda,
Deixará ver o céu de banda a banda!

Felizes os que choram! alguma hora
Seus prantos secarão sobre seus rostos!
Virá do céu, em meio duma aurora,
Uma águia que lhes leve os seus desgostos!
Há-de alegrar-se, então, o olhar que chora…
E os pés de ferro dos tiranos, postos
Na terra, como torres, e firmados,
Se verão, como palhas, levantados!

Os tiranos sem conto ⎯ velhos cultos,
Espectros que nos gelam com o abraço…
E mais renascem quanto mais sepultos…
E mais ardentes no maior cansaço…
Visões d’antigos sonhos, cujos vultos
Nos oprimem ainda o peito lasso…
Da terra e céu bandidos orgulhosos,
Os Reis sem fé e os Deuses enganosos!

O mal só deles vem ⎯ não vem do Homem.
Vem dos tristes enganos, e não vem
Da alma, que eles invadem e consomem,
Espedaçando-a pelo mundo além!
Mas que os desfaça o raio, mas que os tomem
As auroras, um dia, e logo o Bem,
Que encobria essa sombra movediça,
Surgirá, como um astro de Justiça!

E, se cuidas que os vultos levantados
Pela ilusão antiga, em desabando,
Hão-de deixar os céus despovoados
E o mundo entre ruínas vacilando;
Esforça! ergue teus olhos magoados!
Verás que o horizonte, em se rasgando,
É por que um céu maior nos mostre ⎯ e é nosso
Esse céu e esse espaço! é tudo nosso!

É nosso quanto há belo! A Natureza,
Desde aonde atirou seu cacho a palma,
Té lá onde escondidos na frieza
Vegeta o musgo e se concentra a alma:
Desde aonde de fecha da beleza
A abóbada sem fim ⎯ té onde a calma
Eterna gera os mundos e as estrelas,
E em nós o Empíreo das idéias belas!

Templo de crenças e d’amores puros!
Comunhão de verdade! onde não há
Bonzo à porta e estremar fiéis e impuros,
Uns para a luz… e os outros para
Ali parecerão os mais escuros
Brilhantes como a face de Jeová,
Comungando no altar do coração
No mesmo amor de pai e amor d’Irmão!

Amor d’Irmão! oh! este amor é doce
Como ambrosia e como um beijo casto!
Orvalho santo, que chovido fosse,
E o lírio absorve como etéreo pasto!…
Dilúvio suave, que nos toma posse
Da vida e tudo, e que nos faz tão vasto
O coração minguado… que admira
Os sons que solta esta celeste lira!

Só ele pode a ara sacrossanta
Erguer, e um templo eterno para todos…
Sim, um eterno templo e ara santa,
Mas com mil cultos, mil diversos modos!
Mil são os frutos, e é só uma a planta!
Um coração, e mil desejos doidos!
Mas dá lugar a todos a Cidade,
Assente sobre a rocha da Igualdade.

É desse amor que eu falo! e dele espero
O doce orvalho com que vá surgindo
O triste lírio, que este solo austero
Está entre urze e abrolhos encobrindo.
Dele o resgate só será sincero…
Dele! do Amor!… enquanto vais abrindo,
Sobre o ninho onde choca a Unidade,
As tuas asas d’águia, ó Liberdade!

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre igualdade.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre loucura.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 2 ótimos poemas sobre igualdade para ler e refletir!. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-igualdade-poesia-refletir/. Acesso em: 5 set. 2024.