Confira a nossa seleção de poemas sobre o Dia das Crianças feita por poetas muito conhecidos!
Quem não gosta do Dia das Crianças? Até onde sabemos, esse alienígena não existe…
E isso ocorre por dois motivos: o primeiro, porque a data homenageia os pequenos que tanto nos trazem alegrias; e o segundo, porque a data conduz os mais velhos a restaurarem em mente a lembrança de suas próprias infâncias.
Na literatura, as crianças já inspiraram muitos e muitos artistas. O imenso escritor russo Fiódor Dostoiévski, por exemplo, termina sua obra Os irmãos Karamázov numa cena belíssima onde o protagonista está junto de crianças que, para Dostoiévski, eram seres tocados pelo divino.
Passando da prosa para a poesia, também encontramos vários poemas sobre o Dia das Crianças ou, ao menos, poemas que homenageiam as crianças e, nesta data festiva, podem ser lidos com brilho ainda maior.
Sendo assim, separamos uma lista com 8 poemas sobre o Dia das Crianças para que você possa lê-los nesta data especial ou, quem sabe, encontrar inspiração para criar o seu próprio poema.
Aproveite!
Poemas sobre o Dia das Crianças
Menino, de Manuel Lopes Fonseca
No colo da mãe
a criança vai e vem
vem e vai
balança.
Nos olhos do pai
nos olhos da mãe
vem e vai
vai e vem
a esperança.Ao sonhado
futuro
sorri a mãe
sorri o pai.
Maravilhado
o rosto puro
da criança
vai e vem
vem e vai
balança.De seio a seio
a criança
em seu vogar
ao meio
do colo-berço
balança.Balança
como o rimar
de um verso
de esperança.Depois quando
com o tempo
a criança
vem crescendo
vai a esperança
minguando.
E ao acabar-se de vez
fica a exacta medida
da vida
de um português.Criança
portuguesa
da esperança
na vida
faz certeza
conseguida.
Só nossa vontade
alcança
da esperança
humana realidade.
Criança, de Cecília Meireles
Cabecinha boa de menino triste,
de menino triste que sofre sozinho,
que sozinho sofre, — e resiste,Cabecinha boa de menino ausente,
que de sofrer tanto se fez pensativo,
e não sabe mais o que sente…Cabecinha boa de menino mudo
que não teve nada, que não pediu nada,
pelo medo de perder tudo.Cabecinha boa de menino santo
que do alto se inclina sobre a água do mundo
para mirar seu desencanto.Para ver passar numa onda lenta e fria
a estrela perdida da felicidade
que soube que não possuiria.
Depus a máscara, de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)
Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada…
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha.
Pequenina, de Florbela Espanca
És pequenina e ris… A boca breve
É um pequeno idílio cor-de-rosa…
Haste de lírio frágil e mimosa!
Cofre de beijos feito sonho e neve!Doce quimera que a nossa alma deve
Ao Céu que assim te faz tão graciosa!
Que nesta vida amarga e tormentosa
Te fez nascer como um perfume leve!O ver o teu olhar faz bem à gente…
E cheira e sabe, a nossa boca, a flores
Quando o teu nome diz, suavemente…Pequenina que a Mãe de Deus sonhou,
Que ela afaste de ti aquelas dores
Que fizeram de mim isto que sou!
Como uma criança, de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
Como uma criança antes de a ensinarem a ser grande,
Fui verdadeiro e leal ao que vi e ouvi.
Pequenina, de Antero de Quental
Eu bem sei que te chamam pequenina
E tênue como o véu solto na dança,
Que és no juízo apenas a criança,
Pouco mais, nos vestidos, que a menina…Que és o regato de água mansa e fina,
A folhinha do til que se balança,
O peito que em correndo logo cansa,
A fronte que ao sofrer logo se inclina…Mas, filha, lá nos montes onde andei,
Tanto me enchi de angústia e de receio
Ouvindo do infinito os fundos ecos,Que não quero imperar nem já ser rei
Senão tendo meus reinos em teu seio
E súbditos, criança, em teus bonecos!
Criança desconhecida, de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
Criança desconhecida e suja brincando à minha porta,
Não te pergunto se me trazes um recado dos símbolos.
Acho-te graça por nunca te ter visto antes,
E naturalmente se pudesses estar limpa eras outra criança,
Nem aqui vinhas.
Brinca na poeira, brinca!
Aprecio a tua presença só com os olhos.
Vale mais a pena ver uma cousa sempre pela primeira vez que conhecê-la,
Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez,
E nunca ter visto pela primeira vez é só ter ouvido contar.O modo como esta criança está suja é diferente do modo como as outras estão sujas.
Brinca! pegando numa pedra que te cabe na mão,
Sabes que te cabe na mão.
Qual é a filosofia que chega a uma certeza maior?
Nenhuma, e nenhuma pode vir brincar nunca à minha porta.
Meninos carvoeiros, de Manuel Bandeira
Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
— Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)
— Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles . . .
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!—Eh, carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados.
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre o Dia das Crianças.
Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre solidão.
Um abraço e até a próxima!