Confira a nossa seleção de poemas sobre o meio ambiente em português!
O meio ambiente sempre serviu de inspiração para poetas de todos os tempos.
Sua influência sobre nós é notável, e sem dúvida provoca-nos emoções as mais variadas.
Encontramos com frequência poemas em tom de exaltação para tal influência, assim como versos que expressam admiração pelas belezas do meio ambiente; mas encontramos, também, poemas em tom de lamento, seja pela destruição do meio ambiente, seja por uma influência negativa deste para com o poeta.
Dito isso, preparamos uma seleção com 6 poemas sobre o meio ambiente para que você possa apreciar algumas abordagens para este tema.
Boa leitura!
Poemas sobre o meio ambiente
A folha, de Carlos Drummond de Andrade
A natureza são duas.
Uma,
tal qual se sabe a si mesma.
Outra, a que vemos. Mas vemos?
Ou é a ilusão das coisas?Quem sou eu para sentir
o leque de uma palmeira?
Quem sou, para ser senhor
de uma fechada, sagrada
arca de vidas autônomas?A pretensão de ser homem
e não coisa ou caracol
esfacela-me em frente à folha
que cai, depois de viver
intensa, caladamente,
e por ordem do Prefeito
vai sumir na varredura,
mas continua em outra folha
alheia a meu privilégio
de ser mais forte que as folhas.
Sonho oriental, de Antero de Quental
Sonho-me às vezes rei, nalguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsâmica e fulgente
E a lua cheia sobre as águas brilha…O aroma da magnólia e da baunilha
Paira no ar diáfano e dormente…
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha…E enquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto num cismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descansas debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.
A mãe d’água, de Gonçalves Dias
“Minha mãe, olha aqui dentro,
Olha a bela criatura,
Que dentro d’água se vê!
São d’ouro os longos cabelos,
Gentil a doce figura,
Airosa, leve a estatura;
Olha, vê no fundo d’água
Que bela moça não é!“Minha mãe, no fundo d’água
Vê essa mulher tão bela?
O sorrir dos lábios dela,
Inda mais doce que o teu,
É como a nuvem rosada
Que no romper da alvorada
Passa risonha no céu.“Olha, mãe, olha depressa!
Inclina a leve cabeça
E nas mãozinhas resume
A fina trança mimosa,
E com pente de marfim!…Olha agora que me avista
A bela moça formosa,
Como se fez toda rosa,
Toda candura e jasmim!
Dize, mãe, dize: tu julgas
Que ela se ri para mim!“São seus lábios entreabertos
Semelhantes a romã;
Tem ares duma princesa,
E, no entanto ó tão medrosa!…
Inda mais que minha irmã.
Olha mãe, sabes quem é
A bela moça formosa,
Que dentro d’água se vê!”— Tem-te, meu filho; não olhes
Na funda, lisa corrente:
A imagem que te embeleza
É mais do que uma princesa,
É menos do que é a gente.— Oh! Quantas mães desgraçadas
Choram seus filhos perdidos!
Meu filho, sabes por quê?
Foi porque deram ouvidos
À leve sombra enganosa,
Que dentro d’água se vê!— O seu sorriso é mentira,
Não é mais que sombra vã;
Não vale aquilo que eu valho,
Nem o que vale tua irmã:
É como a nuvem sem corpo
De quando rompe a manhã.— É a mãe d’água traidora,
Que ilude os fáceis meninos,
Quando eles são pequeninos
E obedientes não são;
Olha, filho, não a escutes,
Filho do meu coração:
O seu sorriso é mentira,
É terrível tentação. —
______________Junto ao rio cristalino
Brincava o ledo menino,
Molhando o pé;
O fresco humor o convida,
Menos que a imagem querida,
Que n’água vê.Cauteloso de repente,
Ouve o conselho prudente,
Que a mãe lhe dá;
Não é anjo, não é fada,
Mas uma bruxa malvada,
E coisa má.Ela é quem rouba os meninos
Para os tragar pequeninos,
Ou mais talvez!
E para vingar-se n’água
Da causa tanta magoa,
Remexe os pés.Turba a fonte num instante,
Já não vê o belo infante
A sombra vã,
E as brancas mãos delicadas
E as longas tranças douradas
Da sua irmã.O menino arrependido
Diz consigo entristecido:
— “Que mal fiz eu!
Minha mãe bem que indulgente,
Só por não me ver contente,
Me repreendeu. —Era figura tão bela!
E que expressão tão singela,
Que riso o seu!
Oh! Minha mãe certamente
Só por não me não ver contente,
Me repreendeu!Espreita, sim, mas duvida
Que a bela imagem querida
Torne a volver;
E na fonte cristalina
Para ver todo se inclina
Se a pode ver!Acha-se ainda turbada,
E a bela moça agastada
Não quer voltar;
Sacode leve a cabeça,
Em quanto o pranto começa
A borbulhar.E de triste e arrependido
Diz consigo entristecido:
— Que mal fiz eu!…
— Leda ao ver-me parecia,
— Era boa, e me sorria…
— Que riso o seu!”(…)
Velhas árvores, de Olavo Bilac
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas…O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
As rosas, de Machado de Assis
Rosas que desabrochais,
Como os primeiros amores,
Aos suaves resplendores
Matinais;Em vão ostentais, em vão,
A vossa graça suprema;
De pouco vale; é o diadema
Da ilusão.Em vão encheis de aroma o ar da tarde;
Em vão abris o seio úmido e fresco
Do sol nascente aos beijos amorosos;
Em vão ornais a fronte à meiga virgem;
Em vão, como penhor de puro afeto,
Como um elo das almas,
Passais do seio amante ao seio amante;
Lá bate a hora infausta
Em que é força morrer; as folhas lindas
Perdem o viço da manhã primeira,
As graças e o perfume.
Rosas que sois então? – Restos perdidos,
Folhas mortas que o tempo esquece, e espalha
Brisa do inverno ou mão indiferente.Tal é o vosso destino,
Ó filhas da natureza;
Em que vos pese à beleza,
Pereceis;
Mas, não… Se a mão de um poeta
Vos cultiva agora, ó rosas,
Mais vivas, mais jubilosas,
Floresceis.
Árvores do Alentejo, de Florbela Espanca
Ao Prof Guido Battelli
Horas mortas… Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido… e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
– Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre o meio ambiente.
Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre o corpo.
Um abraço e até a próxima!