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7 ótimos poemas sobre olhos para ler e apreciar!

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Confira a nossa seleção de poemas sobre olhos em português!

Parece ter sido Edgar Allan Poe o primeiro a dizer que “os olhos são a janela da alma”. Desde então, a frase tornou-se célebre e, hoje, é como um dito popular.

Se não há novidade em dizê-lo, também não há novidade em constatar que os olhos expressam as mais profundas emoções experimentadas pelo ser humano.

É também através deles que travamos íntimo contato com outras pessoas, que sabemos num lance se podemos ou não confiar no que nos dizem ou naquilo que aparentam sentir.

Mas além disso, os olhos possuem fisicamente um número tão grande de variações que constituem um dos elementos mais característicos e singulares de uma pessoa. Por eles, pois, distinguimo-la e conhecemo-la.

Naturalmente, tal riqueza não poderia passar despercebida por poetas, que tiraram dos olhos inspiração para versos os mais variados, desde o elogio dos olhos da amada à descrição fria de olhos em desespero.

Sendo assim, preparamos uma seleção com 7 poemas sobre olhos para que você possa ler e apreciar diferentes abordagens para este tema.

Boa leitura!

Poemas sobre olhos

Seus olhos, de Almeida Garrett

Seus olhos – que eu sei pintar
O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.

Divino, eterno! – e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti…
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.

Um sorriso, de Manuel Bandeira

Vinha caindo a tarde. Era um poente de agosto.
A sombra já enoitava as moitas. A umidade
Aveludava o musgo. E tanta suavidade
Havia, de fazer chorar nesse sol-posto.

A viração do oceano acariciava o rosto
Como incorpóreas mãos. Fosse mágoa ou saudade,
Tu olhavas, sem ver, os vales e a cidade.

– Foi então que senti sorrir o meu desgosto…

Ao fundo o mar batia a crista dos escolhos…
Depois o céu… e mar e céus azuis: dir-se-ia
Prolongarem a cor ingênua de teus olhos…

A paisagem ficou espiritualizada.
Tinha adquirido uma alma. E uma nova poesia
Desceu do céu, subiu do mar, cantou na estrada…

Espectros, de Antero de Quental

Espectros que velais, enquanto a custo
Adormeço um momento, e que inclinados
Sobre os meus somos curtos e cansados
Me encheis as noites de agonia e susto!…

De que me vale a mim ser puro e justo,
E entre combates sempre renovados
Disputar dia a dia à mão dos Fados
Uma parcela do saber augusto,

Se a minh’alma há de ver, sobre si fitos,
Sempre esses olhos trágicos, malditos!
Se até dormindo, com angústia imensa,

Bem os sinto verter sobre o meu leito,
Uma a uma verter sobre o meu peito
As lágrimas geladas da descrença!

Atração, de João de Deus

Meus olhos sempre inquietos
Que posso até dizer,
Só acham n’alma objectos
Que os possam entreter;

Meus olhos… coisa rara!
Porque hão de em ti parar
Como a corrente para
Em encontrando o mar!?

E penso nisto, cismo…
Mas é tão natural
Cair-se no abismo
Duma beleza tal!…

Olhei!… Foi indiscreta
A vista que te pus.
A pobre borboleta
Viu luz… caiu na luz!

Uma atração mais forte
Que toda a reflexão,
(É fado, é sina, é sorte!)
Me arrasta o coração…

Olhos suaves, que em suaves dias, de Bocage

Olhos suaves, que em suaves dias
Vi nos meus tantas vezes empregados;
Vista, que sobra esta alma despedias
Deleitosos farpões, no céu forjados:

Santuários de amor, luzes sombrias,
Olhos, olhos da cor de meus cuidados,
Que podeis inflamar as pedras frias,
Animar cadáveres mirrados:

Troquei-vos pelos ventos, pelos mares,
Cuja verde arrogância as nuvens toca,
Cuja horríssona voz perturba os ares:

Troquei-vos pelo mal, que me sufoca;
Troquei-vos pelos ais, pelos pesares:
Oh câmbio triste! oh deplorável troca!

O teu olhar, de Florbela Espanca

Passam no teu olhar nobres cortejos,
Frotas, pendões ao vento sobranceiros,
Lindos versos de antigos romanceiros,
Céus do Oriente, em brasa, como beijos,

Mares onde não cabem teus desejos;
Passam no teu olhar mundos inteiros,
Todo um povo de heróis e marinheiros,
Lanças nuas em rútilos lampejos;

Passam lendas e sonhos e milagres!
Passa a Índia, a visão do Infante em Sagres,
Em centelhas de crença e de certeza!

E ao sentir-se tão grande, ao ver-te assim,
Amor, julgo trazer dentro de mim
Um pedaço da terra portuguesa!

A noite, de Augusto dos Anjos

A nebulosidade ameaçadora
Tolda o éter, mancha a gleba, agride os rios
E urde amplas teias de carvões sombrios
No ar que álacre e radiante, há instantes, fora.

A água transubstancia-se. A onda estoura
Na negridão do oceano e entre os navios
Troa bárbara zoada de ais bravios,
Extraordinariamente atordoadora.

À custódia do anímico registro
A planetária escuridão se anexa…
Somente, iguais a espiões que acordam cedo,

Ficam brilhando com fulgor sinistro
Dentro da treva onímoda e complexa
Os olhos fundos dos que estão com medo!

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre olhos.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa seleção de poemas sobre oração.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 7 ótimos poemas sobre olhos para ler e apreciar!. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-olhos-poesia-portugues/. Acesso em: 26 out. 2024.