Avançar para o conteúdo

4 poemas sobre sabedoria para ler e refletir!

curso fundamentos da criação poética curso como escrever um livro de poesia

Confira a nossa seleção de poemas sobre sabedoria em português!

Sabedoria é um conceito profundo e muito discutido em filosofia.

Suas acepções mais comuns, porém, não escapam mesmo ao homem mais simples.

A sabedoria representa tanto a sensatez como o justo conhecimento das coisas. Para alguns, sábio é o erudito; para outros, é o prudente.

Existindo, assim, acepções e opiniões, é natural que estejam elas também expressas em versos, posto que a poesia é o veículo supremo da linguagem e a sabedoria para muitos a maior das virtudes.

Dito isso, preparamos uma seleção com 4 poemas sobre sabedoria em português para que você possa contemplar diferentes abordagens e refletir sobre ela.

Boa leitura!

Poemas sobre sabedoria

Todas as opiniões que há sobre a natureza, de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

Todas as opiniões que há sobre a natureza
Nunca fizeram crescer uma erva ou nascer uma flor.
Toda a sabedoria a respeito das coisas
Nunca foi coisa em que pudesse pegar, como nas coisas;
Se a ciência quer ser verdadeira,
Que ciência mais verdadeira que a das coisas sem ciência?
Fecho os olhos e a terra dura sobre que me deito
Tem uma realidade tão real que até as minhas costas a sentem.
Não preciso de raciocínio onde tenho espáduas.

Sabedoria, de Jorge Régio

Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança…
E venha a morte quando
Deus quiser.

Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.

Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar…
E venha a morte quando Deus quiser.

Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.

Mestre, são plácidas, de Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

Mestre, são plácidas
Todas as horas
Que nós perdemos,
Se no perdê-las,
Qual numa jarra,
Nós pomos flores.

Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos,
Não a viver,

Mas decorrê-la,
Tranquilos, plácidos,
Tendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios,
De Natureza…

À beira-rio
À beira-estrada,
Conforme calha,
Sempre no mesmo
Leve descanso
De estar vivendo.

O tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.

Não vale a pena
Fazer um gesto.
Não se resiste
Ao deus atroz
Que os próprios filhos
Devora sempre.

Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.

Girassóis sempre
Fitando o sol,
Da vida iremos
Tranquilos, tendo
Nem o remorso
De ter vivido.

Tentanda via, de Antero de Quental

I

Com que passo tremente se caminha
Em busca dos destinos encobertos!
Como se estão volvendo olhos incertos!
Como esta geração marcha sozinha!

Fechado, em volta, o céu! o mar, escuro!
A noite, longa! o dia, duvidoso!
Vai o giro dos céus bem vagaroso…
Vem longe ainda a praia do futuro

É a grande incerteza, que se estende
Sobre os destinos dum porvir, que é treva…
É o escuro terror de quem nos leva…
O fruto horrível que das almas pende!

A tristeza do tempo! o espectro mudo
Que pela mão conduz… não sei aonde!
⎯ Quanto pode sorrir, tudo se esconde…
Quanto pode pungir, mostra-se tudo. ⎯

Não é a grande luta, braço a braço,
No chão da Pátria, à clara luz da História…
Nem o gládio de César, nem a glória…
É um misto de pavor e de cansaço!

Não é a luta dos trezentos bravos,
Que o solo amado beijam quando caem…
Crentes que traz um Deus, e à guerra saem.
Por não dormir no leito dos escravos…

É a luta sem glória! é ser vencido!
Por uma oculta, súbita fraqueza!
Um desalento, uma íntima tristeza
Que a morte leva… sem se ter vivido!

Não há aí pelejar… não há combate…
Nem há já glória no ficar prostrado ⎯
São os tristes suspiros do Passado
Que se erguem desse chão, por toda a parte…

É a saudade, que nos rói e mina
E gasta, como a pedra a gota d’água…
Depois, a compaixão, a íntima mágoa
De olhar essa tristíssima ruína…

Tristíssimas ruínas! Entristece
E causa dó olhá-las ⎯ a vontade
Amolece nas águas da piedade,
E, em meio do lutar, treme e falece.

Cada pedra, que cai dos muros lassos
Do trêmulo castelo do passado,
Deixa um peito partido, arruinado,
E um coração aberto em dois pedaços!

II

A estrada da vida anda alastrada
Das folhas secas e mirradas flores…
Eu não vejo que os céus sejam maiores,
Mas a alma… essa é que eu vejo mais minguada!

Ah! Via dolorosa é esta via!
Onde uma Lei terrível nos domina!
Onde é força marchar pela neblina…
Quem só tem olhos para a luz do dia!

Irmãos! irmãos! amemo-nos! é a hora…
É de noite que os tristes se procuram,
E paz e união entre si juram…
Irmãos! irmãos! amemo-nos agora!

E vós, que andais a dores mais afeitos,
Que mais sabeis à Via do Calvário
Os desvios do giro solitário,
E tendes, de sofrer, largos os peitos;

Vós, que ledes na noite… vós, profetas…
Que sois os loucos… porque andais na frente…
Que sabeis o segredo da fremente
Palavra que dá fé ⎯ ó vós, poetas!

Estendei vossas almas, como mantos
Sobre a cabeça deles… e do peito
Fazei-lhes um degrau, onde com jeito
Possam subir a ver os astros santos…

Levai-os vós à Pátria-misteriosa,
Os que perdidos vão com passo incerto!
Sede vós a coluna do deserto!
Mostrai-lhes vós a Via-dolorosa!

III

Sim! que é preciso caminhar avante!
Andar! passar por cima dos soluços!
Como quem numa mina vai de bruços,
Olhar apenas uma luz distante!

É preciso passar sobre ruínas,
Como quem vai pisando um chão de flores!
Ouvir as maldições, ais e clamores,
Como quem ouve músicas divinas!

Beber, em taça túrbida, o veneno,
Sem contrair o lábio palpitante!
Atravessar os circos do Dante,
E trazer desse inferno o olhar sereno!

Ter um manto da casta luz das crenças,
Para cobrir as trevas da miséria!
Ter a vara, o condão da fada aérea,
Que em ouro torne estas areias densas!

E, quando, sem temor e sem saudade,
Poderdes, dentre o pó dessa ruína,
Erguer o olhar à cúpula divina,
Heis de então ver a nova-claridade!

Heis de então ver, ao descerrar do escuro,
Bem como o cumprimento de um agouro,
Abrir-se, como grandes portas de ouro,
As imensas auroras do Futuro!

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre sabedoria.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa seleção de poemas religiosos.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 4 poemas sobre sabedoria para ler e refletir!. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-sobre-sabedoria-refletir-poesia/. Acesso em: 26 out. 2024.