Confira a nossa seleção de poemas sobre paz (quase todos com rimas) em português!
O dicionário define paz como “estado de calmaria, de harmonia, de concórdia e de tranquilidade”.
A paz, portanto, representa a ausência de conflitos, a tranquilidade interior, a harmonia e a concórdia entre os seres humanos.
Naturalmente, um estado como este é almejado pela maioria das pessoas; e seu contrário, por conseguinte, é aquele que tentamos evitar.
Homens de variados séculos têm escrito sobre o que devemos fazer para que tenhamos paz em nossas vidas, e tal tem sido tanto em prosa quanto em verso.
Não é raro, também, encontrarmos relatos de quem experimentou tal estado, mormente em lembranças marcantes.
Dito isso, preparamos uma seleção com 8 poemas sobre paz para que você possa apreciar algumas abordagens para esta temática.
Boa leitura!
Poemas sobre paz
Paz, de Miguel Torga
Calado ao pé de ti, depois de tudo,
Justificado
Como o instinto mandou,
Ouço, nesta mudez,
A força que te dobrou,
Serena, dizer quem és
E quem sou.
Paz!, de António Nobre
E a Vida foi, e é assim, e não melhora.
Esforço inútil, crê! Tudo é ilusão…
Quantos não cismam nisso mesmo a esta hora
Com uma taça, ou um punhal na mão!Mas a Arte, o Lar, um filho, António? Embora!
Quimeras, sonhos, bolas de sabão.
E a tortura do além e quem lá mora!
Isso é, talvez, minha única aflição…Toda a dor pode suportar-se, toda!
Mesmo a da noiva morta em plena boda,
Que por mortalha leva… essa que traz…Mas uma não: é a dor do pensamento!
Ai quem me dera entrar nesse convento
Que há além da Morte e que se chama A Paz!
O convertido, de Antero de Quental
A Gonçalves Crespo
Entre os filhos dum século maldito
Tomei também o lugar na ímpia mesa,
Onde, sob o folgar, geme a tristeza
Duma ânsia impotente de infinito.Como os outros, cuspi no altar avito
Um rir feito de fel e de impureza…
Mas, um dia, abalou-se-me a firmeza,
Deu-me rebate o coração contrito!Erma, cheia de tédio e de quebranto,
Rompendo os diques ao represo pranto,
Virou-se para Deus minha alma triste!Amortalhei na fé o pensamento,
E achei a paz na inércia e esquecimento…
Só me falta saber se Deus existe!
As estrelas, de Olavo Bilac
Desenrola-se a sombra no regaço
Da morna tarde, no esmaiado anil;
Dorme, no ofego do calor febril,
A natureza, mole de cansaço.Vagarosas estrelas! passo a passo,
O aprisco desertando, às mil e às mil,
Vindes do ignoto seio do redil
Num compacto rebanho, e encheis o espaço…E, enquanto, lentas, sobre a paz terrena,
Vos tresmalhais tremulamente a flux,
– Uma divina música serenaDesce rolando pela vossa luz:
Cuida-se ouvir, ovelhas de ouro! a avena
Do invisível pastor que vos conduz…
Sob o céu todo estrelado, de Manuel Bandeira
As estrelas, no céu muito límpido, brilhavam, divinamente distantes.
Vinha da caniçada o aroma amolecente dos jasmins.
E havia também, num canteiro perto, rosas que cheiravam a jambo.
Um vaga-lume abateu sobre as hortênsias e ali ficou luzindo misteriosamente.
À parte as águas de um córrego contavam a eterna história sem começo nem fim.
Havia uma paz em tudo isso…
(Era de resto o que dizia lá dentro o meigo adágio de Haydn.)
Tudo isso era tão tranquilo… tão simples…
E deverias dizer que foi o teu momento mais feliz.
Montes, e a paz que há neles, pois são longe…, de Fernando Pessoa
Montes, e a paz que há neles, pois são longe…
Paisagens, isto é, ninguém…
Tenho a alma feita para ser de um monge
Mas não me sinto bem.Se eu fosse outro, fora outro. Assim
Aceito o que me dão,
Como quem espreita para um jardim
Onde os outros estão.Quem outros? Não sei. Há no sossego incerto
Uma paz que não há,
E eu fito sem o ler o livro aberto
Que nunca mo dirá…
Elogio da Morte, de Antero de Quental
VI
Só quem teme o Não-ser é que se assusta
Com teu vasto silêncio mortuário,
Noite sem fim, espaço solitário,
Noite da Morte, tenebrosa e augusta…Eu não: minh’alma humilde mas robusta
Entra crente em teu átrio funerário:
Para os mais és um vácuo cinerário,
A mim sorri-me a tua face adusta.A mim seduz-me a paz santa e inefável
E o silêncio sem par do Inalterável,
Que envolve o eterno amor no eterno luto.Talvez seja pecado procurar-te,
Mas não sonhar contigo e adorar-te,
Não-ser, que és o Ser único absoluto.
Soneto, de Augusto dos Anjos
N’augusta solidão dos cemitérios,
Resvalando nas sombras dos ciprestes,
Passam meus sonhos sepultados nestes
Brancos sepulcros, pálidos, funéreos.São minhas crenças divinais, ardentes
— Alvos fantasmas pelos merencórios
Túmulos tristes, soturnais, silentes,
Hoje rolando nos umbrais marmóreos,Quando da vida, no eternal soluço,
Eu choro e gemo e triste me debruço
Na lájea fria dos meus sonhos pulcros,Desliza então a lúgubre coorte,
E rompe a orquestra sepulcral da morte,
Quebrando a paz suprema dos sepulcros.
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre paz.
Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre caminhos.
Um abraço e até a próxima!