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6 bonitos poemas de Guimarães Passos para conhecer sua obra!

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Confira a nossa seleção de poemas de Guimarães Passos e conheça melhor a obra deste poeta brasileiro!

Guimarães Passos é uma figura importante das letras nacionais lembrando, especialmente, por ser fundador da Academia Brasileira de Letras e pelo excelente Tratado de versificação que escreveu juntamente de Olavo Bilac.

Para além de poeta, Guimarães Passos teve forte atuação como jornalista, e envolveu-se diretamente com o governo revolucionário que instalou-se no Paraná para lutar contra o governo do ditador Floriano Peixoto.

Derrubada a revolta, exilou-se em Buenos Aires, onde permaneceu por 18 meses e pôde colaborar com jornais argentinos.

Dito isso, preparamos uma seleção com 6 poemas de Guimarães Passos, para que você possa conhecer um pouco mais da obra deste poeta brasileiro.

Boa leitura!

Poemas de Guimarães Passos

No exílio

Longe da terra pátria!… Os longos dias
Do exílio amargam, mas não há no mundo
Desgraçado tão grande que, no fundo,
Não encontre um prazer nas agonias.

Que o céu alheio aclara-me jucundo,
Se os teus olhos de mim já não desvias,
Se o calor do teu peito a cinzas frias
A saudade reduz em que me afundo!

Ouvir-te o coração apaixonado
Chegar-te aos lábios num prazer tamanho,
Compensa a dor ao mais desesperado.

Bendita a sorte que me uniu contigo:
Mostrou-me a Pátria um coração estranho,
Deste-me, estranha, um coração amigo!

Mea culpa

Não é tua alma o lírio imaculado,
Que à luz de uns olhos puros se levanta,
Pois não fulgura em teu olhar a santa
Chama, que brilha isenta do pecado.

Se o teu seio palpita apaixonado,
Se a voz do amor nos teus suspiros canta,
Não me ilude o queixume, que à garganta,
Quebras, para me ver mais desgraçado!

Eu bem sei quem tu és… Mas, que loucura
Arrasta-me a teus pés como um cativo!
Mostra-me o inferno a aberta sepultura:

E abraçado contigo, ó pecadora!
Eu desço-o tão feliz como se fora
Um justo ao claro céu subindo vivo.

Morte

És negra, és negra, dizem-me os felizes,
Dizem que ao ver-te o vulto atro e sombrio,
Gelam-se os corações, tamanho frio,
Serena, espalhas onde quer que pises.

É que tu levas para um céu vazio,
Onde somente as dores tem raízes,
As esperança todas, e não dizes
Nada a quem fica, nem a quem partiu,

Anjo negro, terror da humanidade,
Morte, estilete que nos toca o fundo
D’alma, enchendo de mágoa e de saudade!

Morte, há no mundo tanta dor contida!
Que, tu, que findas todo o bem do mundo,
És a coisa melhor que há nesta vida.

Aos felizes

A Henrique Silva

Pensais que invento penas por meu gosto,
Que em meus versos afeto sofrimento?
Néscios? Lede nas linhas do meu rosto,
E com verdade me dizei se invento.

Ride felizes, ride que o desgosto
Nunca deixou de vir; em breve o alento
Que hoje tendes tê-lo-eis como o sol posto:
Longe e brilhando apenas um momento.

“Mas, me direis, como te enganas! Ama,
Ama, que perderás essa tristeza,
Terás ventura, terás glória, fama…”

E eu, por vingar-me, sufocando o ai!
Do coração ferido, com firmeza,
Por meu turno respondo-vos – amai!

Prisioneiro

Que era um pássaro apenas, me disseste,
Porém o nome dele tu ignoras,
Ouviste e ainda ouves vibrações sonoras,
Mas o doce cantor não conheceste.

Pensas em mim, e do tenor celeste
Escutas enlevada as sedutoras
Canções saudosas e comovedoras…
Que ave, perguntas, misteriosa é esta?

Que encantada harmonia, que doçura,
Que magoado cantar!… A todo o instante
Ouves esta garganta ardente e obscura.

Nunca a verás; não queiras vê-la, não!
Deixa que o meu amor oculto cante
N’áurea gaiola do teu coração.

Ébrio

Querem que eu ria, que o prazer alheio
Seja meu, que o partilhe e o acompanhe;
Que a ventura que banha aos outros, banhe
Meu negro peito de tristeza cheio.

Seja! Bradai; nenhum de vós estranhe
Mais nesta roda um rosto triste e feio;
Quero beber e rir, pois já não creio
Senão que existem males e champagne.

E uma taça após outra fui bebendo;
Sempre bebendo, vi dançar a mesa,
E os meus convivas fui desconhecendo.

Ébrio afinal, caí… mas não sozinho:
Comigo estavas, porque a natureza
Do meu amor embriaga mais que o vinho.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas de Guimarães Passos.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver o que escrevemos sobre as formas fixas na poesia.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 6 bonitos poemas de Guimarães Passos para conhecer sua obra!. [S.I.] 2022. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/6-bonitos-poemas-de-guimaraes-passos-poesia/. Acesso em: 26 out. 2024.