Saiba por que o Dia Nacional da Poesia é celebrado em 31 de outubro, quando é o Dia Mundial da Poesia e outras datas do Dia da Poesia.
O Dia Nacional da Poesia é uma data comemorativa criada com o objetivo de celebrar a poesia feita em solo brasileiro.
Por muito tempo, o Dia Nacional da Poesia foi celebrado no Brasil no dia 14 de março, em homenagem a Castro Alves, um dos maiores e mais populares poetas brasileiros, sendo 14 de março a data de seu nascimento.
Entretanto, apesar de ser uma data declarada e amplamente conhecida, o 14 de março não era, oficialmente, uma data comemorativa no Brasil.
No passado, houve um projeto de lei para que o Dia da Poesia fosse oficializado nacionalmente; o que não ocorreu, tendo este projeto sido arquivado.
Foi então que, sob sugestão do senador Álvaro Dias, um novo projeto de lei alterando a data comemorativa para 31 de outubro foi aceito e sancionado em 3 de junho de 2015 (Lei 13.131/2015) pela então presidente Dilma Rousseff.
A nova data homenageia outro entre os maiores e mais populares poetas brasileiros, o mineiro Carlos Drummond de Andrade, nascido em 31 de outubro de 1902 na cidade de Itabira, Minas Gerais.
Embora outras localidades comemorem o Dia da Poesia em datas diferentes, nacionalmente a celebração, a partir de 2015, é feita no dia 31 de outubro.
Dito isso, preparamos esse texto para que você possa tirar suas dúvidas sobre o Dia Nacional da Poesia, o Dia Mundial da Poesia e outras celebrações do Dia da Poesia.
Qual a data do Dia Nacional da Poesia?
Como já explicado, 31 de outubro é a data oficial do Dia Nacional da Poesia, no Brasil, a partir de 2015.
Qual a data do Dia Mundial da Poesia?
O Dia Mundial da Poesia é celebrado em 21 de março, data oficializada em 16 de novembro de 1999, na 30ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O propósito deste dia é promover a leitura, escrita, publicação e ensino da poesia através do mundo.
Em quais datas se comemora o Dia da Poesia em outros locais?
O Dia da Poesia é celebrado em várias outras datas ao redor do mundo, muitas delas oficializadas por leis.
Obviamente, para além do Dia Mundial da Poesia e do Dia Nacional da Poesia, há outras datas que simbolizam o nascimento, morte e grandes feitos de poetas de imensa importância regional.
Há cidades cujo maior e indiscutível orgulho é ter sido o local onde nasceu um grande poeta. Por isso, é natural que haja muitas datas para o Dia da Poesia, como mais de um Dia Estadual da Poesia, e assim por diante.
Abaixo, elencamos mais algumas outras datas em que o Dia da Poesia é celebrado:
- Dia Nacional do Poeta: 20 de outubro, em homenagem ao surgimento do Movimento Poético Nacional, em 1976;
- Dia da Poesia: 25 de junho, no Pará, conforme Lei Nº 6.195 de 7 de abril de 1999;
- Dia Estadual da Poesia: 20 de abril, no Acre, conforme Lei Nº 2.130 de 9 de julho de 2009;
- Dia Estadual da Poesia: 8 de agosto, no Amapá, conforme Lei Nº 580 de 21 de junho de 2000;
- Dia Estadual da Poesia: 20 de agosto, em Goiás, conforme Lei Nº 14.866 de 22 de julho de 2004, em homenagem ao nascimento de Cora Coralina;
- Dia Estadual da Poesia: 31 de outubro, em Minas Gerais, em homenagem ao aniversário de Drummond;
- Dia Estadual da Poesia: 19 de dezembro, no Mato Grosso, conforme Lei Nº 7.776 de 26 de novembro de 2002, em homenagem ao aniversário de Manoel de Barros.
Quem foi Carlos Drummond de Andrade, homenageado no Dia Nacional da Poesia?
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902.
Em Belo Horizonte, estudou, trabalhou como funcionário publico e iniciou sua carreira literária.
Sua primeira obra, Alguma poesia, foi publicada em 1930. Neste mesmo ano, seu poema Sentimental foi declamado na conferência Poesia Moderníssima do Brasil, em Coimbra.
Ao longo de sua vida, Drummond alcançou enorme popularidade, recebendo diversas homenagens quando ainda vivo e alcançando o posto, dividido com Manuel Bandeira, de poeta brasileiro mais influente do século XX.
Alguns poemas de Drummond tornaram-se tão famosos a ponto de já integrarem a cultura popular brasileira, havendo muitas pessoas que, embora não conheçam de poesia, conhecem-nos sem saber de onde e sem saber sequer que trata-se de uma composição poética.
E para mostrar um pouco do talento deste grande poeta, separamos alguns de seus melhores poemas.
Boa leitura!
Poemas selecionados de Carlos Drummond de Andrade
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, – e agora?Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse….
Mas você não morre,
você é duro, José!Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Receita de ano novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Liberdade
O pássaro é livre
na prisão do ar.
O espírito é livre
na prisão do corpo.
Mas livre, bem livre,
é mesmo estar morto.
E, para fechar, aí vai um ótimo documentário sobre a vida de Drummond:
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que tenha gostado de nosso texto e tirado suas dúvidas sobre o Dia Nacional da Poesia.
Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver o que escrevemos sobre o fenômeno da tônica secundária.
Um abraço e até a próxima!