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5 emocionantes poemas de despedida feitos por grandes poetas

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Confira a nossa seleção de poemas de despedida em português!

As despedidas estão entre as situações mais difíceis e complexas que podemos enfrentar durante nossas vidas.

Seja ela voluntária ou não, consciente ou não, os reflexos de uma despedida costumam ser profundos, e temos de nos adaptar à nova realidade geralmente na ausência daquilo ou daqueles que um dia tivemos em nossa companhia.

Por outro lado, despedidas costumam se nos afigurar como oportunidades de amadurecimento e transformação, e é por isso que elas costumam inspirar obras artísticas: com elas, tornamo-nos diferentes daquilo que éramos.

Despedidas de amor, despedidas de morte, despedidas em razão de rompimentos ou mudanças… são variadas as maneiras em que elas podem ocorrer em nossas vidas.

Sendo assim, preparamos uma seleção com 5 poemas de despedida para que você possa apreciar esta recorrente situação moldada em versos de grandes artistas da língua portuguesa.

Boa leitura!

Poemas de despedida

Adeus, adeus, adeus! E, suspirando, de Augusto dos Anjos

Pareceu-me inda ouvir o nome dela
No badalar monótono dos sinos.
(Hermeto Lima)

Adeus, adeus, adeus! E, suspirando,
Saí deixando morta a minha amada,
Vinha o luar iluminando a estrada
E eu vinha pela estrada soluçando.

Perto, um ribeiro claro murmurando
Muito baixinho como quem chorava,
Parecia o ribeiro estar chorando
As lágrimas que eu triste gotejava.

Súbito ecoou do sino o som profundo!
Adeus! — eu disse. Para mim no mundo
Tudo acabou-se, apenas restam mágoas.

Mas no mistério astral da noute bela
Pareceu-me inda ouvir o nome dela
No marulhar monótono das águas!

Despedida, de Cecília Meireles

Vais ficando longe de mim
como o sono, nas alvoradas;
mas há estrelas sobressaltadas
resplandecendo além do fim.

Bebo essas luzes sem tristeza,
porque sinto bem que elas são
o último vinho e o último pão
de uma definitiva mesa.

E olho par a fuga do mar,
e para a ascensão das montanhas,
e vejo como te acompanhas,
— para me desacompanhar.

As luzes do amanhecimento
acharão toda a terra igual.
— Tudo foi sobrenatural,
sem peso de contentamento,

sem noções do mal nem do bem,
— jogo de pura geometria,
que eu pensei que se jogaria,
mas não se joga com ninguém.

Última canção do beco, de Manuel Bandeira

Beco que cantei num dístico
Cheio de elipses mentais,
Beco das minhas tristezas,
Das minhas perplexidades
(Mas também dos meus amores,
Dos meus beijos, dos meus sonhos),
Adeus para nunca mais!

Vão demolir esta casa.
Mas meu quarto vai ficar,
Não como forma imperfeita
Neste mundo de aparências:
Vai ficar na eternidade,
Com seus livros, com seus quadros,
Intacto, suspenso no ar!

Beco de sarças de fogo,
De paixões sem amanhãs,
Quanta luz mediterrânea
No esplendor da adolescência
Não recolheu nestas pedras
O orvalho das madrugadas,
A pureza das manhãs!

Beco das minhas tristezas.
Não me envergonhei de ti!
Foste rua de mulheres?
Todas são filhas de Deus!
Dantes foram carmelitas…
E eras só de pobres quando,
Pobre, vim morar aqui.

Lapa – Lapa do Desterro –,
Lapa que tanto pecais!
(Mas quando bate seis horas,
Na primeira voz dos sinos,
Como na voz que anunciava
A conceição de Maria,
Que graças angelicais!)

Nossa Senhora do Carmo,
De lá de cima do altar,
Pede esmolas para os pobres,
– Para mulheres tão tristes,
Para mulheres tão negras,
Que vêm nas portas do templo
De noite se agasalhar.

Beco que nasceste à sombra
De paredes conventuais,
És como a vida, que é santa
Pesar de todas as quedas.
Por isso te amei constante
E canto para dizer-te
Adeus para nunca mais!

Nel mezzo del camin, de Olavo Bilac

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha…

E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.

Hoje, segues de novo… Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.

Adeus, Maria! Há um só momento, de Fernando Pessoa

Adeus, Maria! Há um só momento
Na vida, e morre sem razão.
Ser feliz é um esquecimento
E poder sê-lo uma ilusão.
Adeus, Maria! O coração
Não pode com o pensamento.

Amamo-nos… Seria amor?
Sabe-se lá o que se sente!…

É uma coisa meio dor
Que parece alegria, e a gente
Sente-se amando vagamente.
No fundo há só um amargor.

Amar é querer ser feliz
Com uma outra alma onde o achar.
Há tanta coisa que se diz
E não se pode realizar!
Não sei se te fingi amar,
Mas, se fingi, eu não o quis.

Nem sei se foi com alegria
Ou dor que me esqueci de ti,
Ou como é que te esqueceria
Se não fosse que te esqueci.
E é desde que te aborreci
Que te recordo noite e dia.

Isto é sutil e complicado
Nem talvez tenha uma razão.
Creio que todos têm passado
Pela mesma complicação.
Em que é que pensa o coração?…
E é isto amar e ser amado!…

Adeus, Maria! Ah, se eu pudesse
Não te dizer adeus, e amar
Fosse uma coisa que esquecesse
Sem deixar de continuar!
Ter o prazer de recordar
Sem que o que lembra se perdesse!

Mas tudo é como não queremos.
Temos que ser quem somos. Nem
Vale a pena saber que havemos
Razão contra nós mesmos. Bem
Faz quem despreza, ou quem se abstém!
Adeus!… Sonhamos o que temos.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas de despedida.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas sobre sentimento.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 5 emocionantes poemas de despedida feitos por grandes poetas. [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-de-despedida-poesia-amor-morte/. Acesso em: 14 mai. 2024.