Confira a nossa seleção de poemas sobre animais e inspire-se para compor os seus próprios versos!
Os poemas sobre animais, embora não muito frequentes, existem em grandes artistas e podem ser encontrados pelos amantes de bichinhos!
Isso porque, não é nenhum segredo, desde há muitos e muitos séculos atrás o homem trava relação com as outras espécies que habitam nosso planeta.
Em alguns casos, dá-se uma relação afetuosa, noutros, de admiração, noutros, de medo… e por aí vai, sendo inesgotáveis as possibilidades de de ligações que podemos estabelecer com outros animais.
Dito isso, não é de se espantar que muitos poetas tenham externado sentimentos e considerações através de poemas sobre animais.
Alguns desses poemas, aliás, alcançaram grande sucesso, como o famosíssimo poema Os sapos, de Manuel Bandeira, que é considerado um marco na literatura brasileira.
Sendo assim, preparamos uma seleção com 6 criativos poemas sobre animais para que você possa utilizar de inspiração para fazer os seus próprios versos.
Boa leitura!
Poemas sobre animais
As borboletas, de Vinícius de Moraes
Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas.Borboletas brancas
São alegres e francas.Borboletas azuis
Gostam muito de luz.As amarelinhas
São tão bonitinhas!E as pretas, então…
Oh, que escuridão!
- Confira nossa análise completa de As borboletas, de Vinícius de Moraes.
Os sapos, de Manuel Bandeira
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
– “Meu pai foi à guerra!”
– “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”.O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: – “Meu cancioneiro
É bem martelado.Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”Urra o sapo-boi:
– “Meu pai foi rei!”- “Foi!”
– “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”.Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
– “A grande arte é como
Lavor de joalheiro.Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo”.Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
– “Sei!” – “Não sabe!” – “Sabe!”.Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, éQue soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio…
- Confira nossa análise completa de Os sapos, de Manuel Bandeira.
Ode ao gato, de Jorge José Letria
Tu e eu temos de permeio
a rebeldia que desassossega,
a matéria compulsiva dos sentidos.
Que ninguém nos dome,
que ninguém tente
reduzir-nos ao silêncio branco da cinza,
pois nós temos fôlegos largos
de vento e de névoa
para de novo nos erguermos
e, sobre o desconsolo dos escombros,
formarmos o salto
que leva à glória ou à morte,
conforme a harmonia dos astros
e a regra elementar do destino.
Aqui louvo os animais, de Sebastião Alba
Súbdito só de quem não reina,
aqui louvo os animais.
Há, entre mim e eles, uma funda
relação de videntes:
as paisagens que fendem
e a minha, sepulta,
perfazem um mesmo habitat.
Desde que os não sondo,
fez-se luz em nosso convívio.
O ar inicial
que ensaiava, icárico,
nas bolas de sabão,
mas não atina com o vácuo
da cidade, vem-me
dos seus pulmões arborescentes.
Alheios à sua pele
na osmose dos textos,
ignoram que nas águas
por correr, desta página,
cruzam, saudando-se,
o «Beagle» e a Arca de Noé.
Uma toupeira na calçada, de António Manuel Pires Cabral
Vi uma toupeira na calçada.
As toupeiras não se dão bem em calçadas
– elas que têm no solo arável o seu habitat –
mas aquelas estava ali inexplicavelmente.Uma aventura que acabou mal,
pensei para comigo.A toupeira extraviada na calçada
esbracejava (se assim se pode dizer)
como um náufrago que não tem boia nem tábua.Tentava refugiar-se na terra
a que pertencia. Mas, desfavorável,
a pedra não se deixava fender das suas unhas,
tal como a água se não deixa nadar
do desespero do náufrago
que não tem tábua nem boia.Estava-se mesmo a ver como a coisa ia acabar.
Enquanto tivesse forças, a toupeira,
embora perplexa daquele lugar hostil,
continuaria sempre a esbracejar,
arranhando em vão a pedra da calçada.
Depois, algum gato havia de passar por ali
(há sempre um gato que passa ‘por ali’)
e daria o remate apropriado
a esta história sem história.
No fim de contas, uma toupeira é um rato,
não é verdade? (Pergunta o gato.)Meditando na sorte da toupeira,
enquanto o gato ainda anda por longe,
ocorreu-me então que a calçada
podia muito bem ser um espelho
e a toupeira naufragada
a nossa imagem reflectida nele.Toupeira em calçada todos nós.
O sapo, de Afonso Lopes Vieira
Não há jardineiro assim,
Não há hortelão melhor
Para uma horta ou jardim,
Para os tratar com amor.É o guarda das flores belas,
da horta mais do pomar;
e enquanto brilham estrelas,
lá anda ele a rondar…Que faz ele? Anda a caçar
os bichos destruidores
que adoecem o pomar
e fazem tristes as flores.Por isso, ficam zangadas
as flores, se se faz mal
a quem as traz tão guardadas
com o seu cuidado leal.E ele guarda as flores belas,
a horta mais o pomar;
brilham no céu as estrelas,
e ele ronda, a trabalhar…E ao pobre sapo, que é cheio
de amor pela terra amiga,
dizem-lhe que é feio
e há quem o mate e persigaMas as flores ficam zangadas,
choram, e dizem por fim:
– «Então ele traz-nos guardadas,
e depois pagam-lhe assim?»E vendo, à noite, passar
o sapo cheio de medo,
as flores, para o consolar,
chamam-lhe lindo, em segredo…
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas sobre animais.
Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas de João de Deus.
Um abraço e até a próxima!