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3 poemas de João de Deus, popularíssimo poeta lírico português!

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Confira a nossa seleção de poemas de João de Deus, popularíssimo poeta lírico e pedagogo português!

João de Deus foi um poeta português do século XIX que teve atuação muito destacada, também, como pedagogo.

Sua Cartilha Maternal, obra que propôs um método para o ensino da leitura a crianças, obteve extraordinária popularidade e tornou-se um dos livros mais reimpressos da história de Portugal.

João de Deus obteve enorme popularidade e, ainda em vida, recebeu muitas homenagens. Sendo chamado por muitos de “poeta do amor”, este autor aproximou-se bastante, também, do folclore português, o que constitui-lhe uma marca.

Dito isso, preparamos uma seleção com 3 poemas de João de Deus para que você possa conhecer um pouco mais da obra deste poeta.

Boa leitura!

Poemas de João de Deus

Hino de amor

Andava um dia
Em pequenino
Nos arredores
De Nazaré,
Em companhia
De São José,
O bom Jesus,
O Deus Menino.

Eis senão quando
Vê num silvado
Andar piando
Arrepiado
E esvoaçando
Um rouxinol,
Que uma serpente
De olhar de luz
Resplandecente
Como a do Sol,
E penetrante
Como diamante,
Tinha atraído,
Tinha encantado.
Jesus, doído
Do desgraçado
Do passarinho,
Sai do caminho,
Corre apressado,
Quebra o encanto,
Foge a serpente,
E de repente
O pobrezinho,
Salvo e contente,
Rompe num canto
Tão requebrado,
Ou antes pranto
Tão soluçado,
Tão repassado
De gratidão,
De uma alegria,
Uma expansão,
Uma veemência,
Uma expressão,
Uma cadência,
Que comovia
O coração!
Jesus caminha
No seu passeio,
E a avezinha
Continuando
No seu gorjeio
Enquanto o via;
De vez em quando
Lá lhe passava
A dianteira
E mal poisava,
Não afroixava
Nem repetia,
Que redobrava
De melodia!

Assim foi indo
E foi seguindo.
De tal maneira,
Que noite e dia
Numa palmeira,
Que havia perto
Donde morava
Nosso Senhor
Em pequenino
(Era já certo)
Ela lá estava
A pobre ave
Cantando o hino
Terno e suave
Do seu amor
Ao Salvador!

Melancolia

Oh doce luz! oh lua!
Que luz suave a tua,
E como se insinua
Em alma que fluctua
De engano em desengano!
Oh criação sublime!
A tua luz reprime
As tentações do crime,
E à dor que nos oprime
Abres-lhe um oceano!

É esse céo um lago,
E tu, reflexo vago
Dum sol, como o que eu trago
No seio, onde o afago,
No seio, onde o aperto?
Oh luz órfã do dia!
Que mística harmonia
Há nessa luz tão fria,
E a sombra que me guia
Neste areal deserto!

Embora as nuvens trajem
De dia outra roupagem,
O sol, de que és imagem,
Não tem essa linguagem
Que encanta, que namora!
Fita-te a gente, estuda,
(Sem medo que se iluda)
Essa linguagem muda…
O teu olhar ajuda…
E a gente sente e chora!

Ah! sempre que descrevas
A orbita que levas,
Confia-me o que escrevas
De quanto vês nas trevas,
Que a luz do sol encobre!
As víctimas, que escutas,
De traças mais astutas
Que as dessas feras brutas…
E as lastimas, as luctas
Da órfã e do pobre!

A caridade

Eu podia falar todas as línguas
Dos homens e dos anjos;
Logo que não tivesse caridade,
Já não passava de um metal que tine,
De um sino vão que soa.

Podia ter o dom da profecia,
Saber o mais possível,
Ter fé capaz de transportar montanhas;
Logo que eu não tivesse caridade,
Já não valia nada!

Eu podia gastar toda a fortuna
A bem dos miseráveis,
Deixar que me arrojassem vivo às chamas;
Logo que eu não tivesse caridade,
De nada me servia!

A caridade é dócil, é benévola,
Nunca foi invejosa,
Nunca procede temerariamente,
Nunca se ensoberbece!

Não é ambiciosa; não trabalha
Em seu proveito próprio; não se irrita;
Nunca suspeita mal!

Nunca folgou de ver uma injustiça;
Folga com a verdade!

Tolera tudo! Tudo crê e espera!
Em suma tudo sofre!

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que você tenha gostado de nossa seleção de poemas de João de Deus.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas de Fernando Namora.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. 3 poemas de João de Deus, popularíssimo poeta lírico português!. [S.I.] 2022. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poemas-de-joao-de-deus-poeta-lirico-portugues/. Acesso em: 14 mai. 2024.