Confira a nossa seleção de poemas de Manuel Bandeira que, para muitos, é o maior poeta da literatura brasileira!
Manuel Bandeira, brasileiro natural de Recife, é, sem dúvida, um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos.
Seus poemas exibem enorme criatividade e comovem, sobretudo, pela sensibilidade.
Talvez a delicadeza no trato com os versos seja a principal e inconfundível marca de Manuel Bandeira, que enchia de brilho o falar coloquial de sua época.
Em 1940, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, assumindo a cadeira 24.
Aos 62 anos, em 1968, faleceu gozando de amplo reconhecimento e considerado pela crítica um dos maiores poetas da história da língua portuguesa.
Dito isso, preparamos uma seleção com 7 dos melhores poemas de Manuela Bandeira, para que você possa conhecer um pouco da obra deste grande poeta.
Aproveite!
Poemas de Manuel Bandeira
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento… de desencanto…
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.Meu verso é sangue. Volúpia ardente…
Tristeza esparsa… remorso vão…
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.– Eu faço versos como quem morre.
- Confira nossa análise completa de Desencanto, de Manuel Bandeira.
Arte de Amar
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
O último poema
Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
Quando estás vestida
Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristasTodas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveisEstou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de cossenos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.O bicho, meu Deus, era um homem.
- Confira nossa análise completa de O bicho, de Manuel Bandeira.
Trem de ferro
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isto maquinista?Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita forçaOô…
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!Oô…
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiáOô…
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pramatá minha sede
Oô…
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no Sertão
Sou de Ouricuri
Oô…Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente…
- Confira nossa análise completa de Trem de ferro, de Manuel Bandeira.
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que tenha gostado de nossa seleção de poemas de Manuel Bandeira!
Se você gostou desse conteúdo, não deixe de ver o que escrevemos sobre Mário de Sá-Carneiro.
Um abraço e até a próxima!