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Poesia épica (epopeia): o que é, características e exemplos

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Saiba o que é a poesia épica (ou epopeia), quais são suas características e conheça obras e autores famosos deste gênero literário!

É possível que seja a poesia épica, também chamada de epopeia, o mais consagrado entre todos os gêneros literários.

Isso porque muitas entre as obras mais famosas de todos os tempos foram escritas neste gênero.

Homero, Dante, Milton e Camões são alguns dos nomes famosos que compuseram epopeias que sobreviveram aos séculos e, ainda hoje, são lidas por nós.

Mas o que é a poesia épica? Quais suas características? Quais são as epopeias mais famosas?

Pensando nestas questões, preparamos esse artigo, para que você tenha uma noção precisa deste gênero literário.

Boa leitura!

O que é a poesia épica ou epopeia?

O gramático Napoleão Mendes de Almeida, em poucas palavras, define com precisão:

O gênero épico ou epopeia consiste na narração poética de grandes feitos de heróis e de deuses (da mitologia).

Portanto, a poesia épica é um gênero literário que busca narrar, em versos, feitos de grande importância histórica para uma civilização.

Os poemas épicos buscam enaltecer heróis de um povo, narrar feitos gloriosos e registrar para a posteridade realizações dignas de exaltação.

São poemas geralmente longos, em que o narrador coloca-se em terceira pessoa narrando objetivamente fatos do passado, frequentemente com um pano de fundo mítico ou lendário.

Características da poesia épica ou epopeia

A poesia épica sempre narra em tom grandioso fatos de grande importância histórica

Algumas características da epopeia estão elencadas abaixo:

  • Na poesia épica, há sempre um narrador, que conduz a narrativa e enuncia os fatos da obra.
  • O narrador sempre apresenta-se distanciado dos fatos, e o foco de um poema épico está sempre na narrativa, e não nos sentimentos pessoais experimentados pelo narrador.
  • Assim como um romance é dividido em capítulos, a poesia épica é dividida em cantos.
  • Como a poesia épica narra grandes feitos, há um encadeamento de ações que constitui a essência da narrativa e conduz a um epílogo.
  • Também há, naturalmente, personagens que realizam e experimentam as grandes ações. As personagens principais de um poema épico geralmente possuem qualidades morais elevadas dignas de serem lembradas e que representam o caráter e os valores de um povo.
  • Na poesia épica é frequente, ainda, a presença de personagens mitológicas.

Como é dividido um poema épico?

Quanto à estrutura, um poema épico geralmente é dividido da seguinte maneira:

  • Proposição (ou exórdio): parte introdutória do poema, em que o poeta apresenta o tema e o herói que será cantado.
  • Invocação: momento em que o poeta invoca musas ou deuses, para que lhe deem inspiração para narrar o poema.
  • Dedicatória: geralmente os poemas épicos são dedicados a alguém, nesta parte o narrador faz, caso haja, a sua dedicação.
  • Narração: parte em que os grandes feitos são narrados.
  • Epílogo: desfecho da obra.

Quais são os poemas épicos mais famosos?

Abaixo elencamos os poemas épicos mais famosos na cultura ocidental:

  • Ilíada, de Homero.
  • Odisseia, de Homero.
  • Eneida, de Virgílio.
  • A divina comédia, de Dante.
  • Paraíso perdido, de John Milton.
  • Os Lusíadas, de Camões.
  • Jerusalém libertada, de Torquato Tasso.

Exemplos de poesia épica

Para que você possa sentir o gostinho daquilo que você encontrará na poesia épica, abaixo elencaremos alguns versos de poemas épicos famosos.

Ilíada, de Homero

Na Ilíada, Homero narra a famosa Guerra de Troia. O herói da obra, o semideus Aquiles, que não toma partido durante grande parte do conflito, rebela-se após o assassinato de seu melhor amigo e engaja na batalha.

Assim começa o poema, na tradução de Manoel Odorico Mendes:

Ad Curso de Poesia

Canta-me, ó deusa, do Peleio Aquiles
A ira tenaz, que, lutuosa aos Gregos,
Verdes no Orco lançou mil fortes almas,
Corpos de heróis a cães e abutres pasto:
Lei foi de Jove, em rixa ao discordarem
O de homens chefe e o Mirmidon divino.

Nume há que os malquistasse? O que o Supremo
Teve em Latona. Infenso um letal morbo
No campo ateia; o povo perecia,
Só porque o rei desacatara a Crises.
Com ricos dons remir viera a filha
Aos alados baixéis, nas mãos o cetro
E a do certeiro Apolo ínfula sacra.
Ora e aos irmãos potentes mais se humilha:
“Atridas, vós Aqueus de fina greva,
Raso o muro Priâmeo, assim regresso
Vos deem feliz do Olimpo os moradores!
Peço a minha Criseida, eis seu resgate;
Reverentes à prole do Tonante,
Ao Longe-vibrador, soltai-me a filha.”

Odisseia, de Homero

Na Odisseia, Homero descreve as aventuras do herói Ulisses, retornando para a ilha de Ítaca após a Guerra de Troia.

Assim começa o poema, na tradução de Manoel Odorico Mendes:

Canta, ó Musa, o varão que astucioso,
Rasa Ílion santa, errou de clima em clima,
Viu de muitas nações costumes vários.
Mil transes padeceu no equóreo ponto,
Por segurar a vida e aos seus a volta;
Baldo afã! pereceram, tendo insanos
Ao claro Hiperiônio os bois comido,
Que não quis para a pátria alumiá-los.
Tudo, ó prole Dial, me aponta e lembra.

Eneida, de Virgílio

Em Eneida, Virgílio narra os feitos de Enéias, um herói mítico sobrevivente da Guerra de Troia, a quem é atribuída a fundação de Roma.

Assim começa o poema, na tradução de Manoel Odorico Mendes:

Eu, que entoava na delgada avena
Rudes canções, e egresso das florestas,
Fiz que as vizinhas lavras contentassem
A avidez do colono, empresa grata
Aos aldeãos; de Marte ora as horríveis
Armas canto, e o varão que, lá de Troia
Prófugo, à Itália e de Lavino às praias
Trouxe-o primeiro o fado. Em mar e em terra
Muito o agitou violenta mão suprema,
E o lembrado rancor da seva Juno;
Muito em guerras sofreu, na Ausônia quando
Funda a cidade e lhe introduz os deuses:
Donde a nação latina e albanos padres,
E os muros vêm da sublimada Roma.

Os Lusíadas, de Camões

Em Os Lusíadas, Camões narra os feitos das Grandes Navegações portuguesas, inspirado no estilo grandioso dos poemas épicos da Antiguidade.

Assim começa o poema:

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As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que você tenha gostado de nosso artigo sobre a poesia épica e entendido um pouco mais deste consagrado gênero literário.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa coletânea de poemas para aniversários.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. Poesia épica (epopeia): o que é, características e exemplos. [S.I.] 2022. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/o-que-e-poesia-epica-epopeia-caracteristicas/. Acesso em: 26 out. 2024.