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Poema A bailarina, de Cecília Meireles (com análise)

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Conheça o poema A bailarina, de Cecília Meireles, e confira nossa análise!

A bailarina é um dos poemas de maior sucesso da grande poetisa brasileira Cecília Meireles.

Este pequeno poema infantil realmente é capaz de cumprir um dos grandes objetivos de Cecília, que era o de gerar interesse pela literatura nos pequenos.

Infantil? Exatamente!

Alguns não sabem, mas Cecília Meireles, esta artista de múltiplos talentos, também atuou como educadora, e produziu considerável obra destinada ao público infantil.

O interesse de Cecília pela educação era tão grande que a levou a fundar a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, em 1934.

Dito isso, preparamos esse texto para que você conheça o poema A bailarina, de Cecília Meireles. Em seguida, você poderá conferir nossa análise.

Boa leitura!

A bailarina, de Cecília Meireles

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

Análise do poema

  • Tipo de verso: livre
  • Número e tipo de estrofes: 8 estrofes irregulares
  • Número de versos: 18 versos

A bailarina é um poema construído em versos livres. Este tipo de verso é característico por não utilizar nem metrificação nem rima; porém, embora não metrifique, Cecília Meireles faz um interessante emprego desta última nestes versos.

O poema tem uma graça toda particular em razão de alguns motivos.

Em primeiro lugar, a ausência da métrica parece sugerir uma leitura despretensiosa, leve e informal.

Depois, há o efeito das rimas, que geram uma sonoridade agradável, interessante, e cativam por sua graça inata.

Além das rimas, Cecília explora a repetição de “roda, roda, roda” seguida do diminutivo “bracinhos” que dão um caráter lúdico e delicado ao poema, claramente dedicado a crianças.

Mas talvez o que mais contribua para esse caráter gracioso dos versos de A bailarina seja a própria narrativa, isto é, a imagem que o poema evoca: uma menina “tão pequenina” querendo ser bailarina, mesmo não conhecendo de música.

E embora não saiba de música, ela dança, imitando o que fazem as bailarinas profissionais, ainda que não tenha conhecimento técnico: ela fica na ponta do pé, inclina o corpo, abre os bracinhos…

É realmente bonito ver como Cecília Meireles instiga a imaginação nas crianças: “fecha os olhos e sorri”, “põe no cabelo uma estrela e um véu / e diz que caiu do céu”.

A bailarina encanta por mostrar-nos a imagem real do que poderíamos chamar uma criança feliz: a pequenina tem um sonho, vive-o e se diverte enquanto o faz, e por fim, cansada da brincadeira, como costumam ficar os pequenos, “quer dormir como as outras crianças”.

Sobre Cecília Meireles

Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de novembro de 1901 e morreu, na mesma cidade, em 9 de novembro de 1964.

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Nascida órfã de pai, perdeu a mãe aos três anos e, por isso, foi criada por sua avó portuguesa, Dona Jacinta, natural da ilha dos Açores.

Desde pequena, Cecília recebeu educação religiosa e demonstrou grande interesse pela literatura. Tornou-se professora muito cedo, quando já compunha poemas.

O interesse de Cecília Meireles pela educação fê-la fundar a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, em 1934.

Aos 21 anos, casou-se com o pintor português Fernando Correia Dias, que veio a suicidar-se em 1936.

Cinco anos após este evento dramático, Cecília casa-se novamente, desta vez com o engenheiro agrônomo Heitor Vinícius de Silveira Grilo.

Em 1939, Cecília publica Viagem, livro que rapidamente encantou leitores e acadêmicos, dando-lhe grande reconhecimento e o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras.

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No dia 9 de novembro de 1964, com 63 anos, Cecília faleceu, vítima de câncer, no Rio de Janeiro.

Obras de Cecília Meireles

  • Espectros (1919)
  • Criança, meu amor (1923)
  • Nunca mais (1923)
  • Poema dos poemas (1923)
  • Baladas para el-rei (1925)
  • O espírito vitorioso (1929)
  • Saudação à menina de Portugal (1930)
  • Batuque, samba e macumba (1933)
  • A festa das letras (1937)
  • Viagem (1939)
  • Olhinhos de gato (1940)
  • Vaga música (1942)
  • Mar absoluto (1945)
  • Rute e Alberto (1945)
  • Rui: pequena história de uma grande vida (1948)
  • Retrato natural (1949)
  • Problemas de literatura infantil (1950)
  • Amor em Leonoreta (1952)
  • Doze noturnos da Holanda e O aeronauta (1952)
  • Romanceiro da Inconfidência (1953)
  • Poemas escritos na Índia (1953)
  • Pequeno oratório de Santa Clara (1955)
  • Pistoia, cemitério militar brasileiro (1955)
  • Panorama folclórico de Açores (1955)
  • Canções (1956)
  • Giroflê, giroflá (1956).
  • Romance de Santa Cecília (1957).
  • A rosa (1957).
  • Metal rosicler (1960)
  • Poemas de Israel (1963)
  • Solombra (1963)
  • Ou isto ou aquilo (1964)
  • Escolha o seu sonho (1964)
  • Crônica trovada da cidade de Sam Sebastiam (1965)
  • O menino atrasado (1966)
  • Poemas italianos (1968)
  • Flor de poemas (1972)
  • Elegias (1974)
  • Flores e canções (1979)

Bônus: declamação de A bailarina, de Cecília Meireles

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que você tenha gostado de nossa análise do poema A bailarina, de Cecília Meireles.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa análise do poema O bicho, de Manuel Bandeira.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. Poema A bailarina, de Cecília Meireles (com análise). [S.I.] 2022. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poema-a-bailarina-de-cecilia-meireles-poesia/. Acesso em: 2 mai. 2024.