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Poesia parnasiana: características, autores e exemplos de poemas

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Saiba o que é a poesia parnasiana (ou Parnasianismo), conheça suas características, principais autores, e veja exemplos de poemas parnasianos!

O Parnasianismo é um movimento literário que surgiu no século XIX e obteve grande influência na literatura mundial.

Essencialmente, esse movimento representou uma recuperação dos valores estéticos da Antiguidade clássica e seu lema, l’art pour l’art (em português: “a arte pela arte”), define com precisão suas ideias.

A poesia parnasiana foi uma espécie de manifesto pela autonomia da arte, e caracterizou-se por tentar descolá-la de quaisquer funções didáticas, pedagógicas ou morais, cultuando a forma e buscando a perfeição estética.

Dito isso, preparamos esse texto para que você saiba exatamente o que é a poesia parnasiana, suas características, seus principais autores e, também, para que veja exemplos de poemas segundo os seus conceitos estéticos.

Boa leitura!

Origens da poesia parnasiana

A poesia parnasiana surgiu na França, na segunda metade do século XIX, e ficou marcada pela publicação do Parnaisse contemporain, pelo editor Alphonse Lemerre, donde derivou-lhe o nome.

Essa publicação, de 1866, foi uma antologia de poetas novos, e obteve continuação em 1871 e 1876. Entre seus colaboradores encontravam-se Gautier, Banville, Baudelaire, Leconte de Lisle, Heredia, Sully Prudhomme, Verlaine, Coppée, Villiers de L’Isle Adam, Catulle Mendès, e Mallarmé.

“Parnasse” refere-se ao monte Parnaso que, segundo a mitologia grega, representa um monte consagrado a Apolo e às musas.

Tendo como princípio a busca pela perfeição estética, foi natural que o Parnasianismo escolhesse como forma expressiva a poesia e optasse pela métrica fixa (especialmente em sonetos), lançando mão de rimas ricas e vocabulário brilhante, rebuscado e complexo.

Características da poesia parnasiana

Podemos citar as seguintes características da poesia parnasiana:

  • Rigor estético: nos poemas parnasianos há presença de métrica e rima regulares, e há preferência por versos alexandrinos e decassílabos.
  • Preciosismo: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-se.
  • Autonomia e culto à perfeição: a arte vale por si mesma, a produção artística não deve ser útil, mas pura e erudita, preocupada com o belo e alheia aos problemas da realidade.
  • Afastamento da linguagem oral e da realidade: em forma, afasta-se da linguagem coloquial; em temática, afasta-se do cotidiano, dando preferência a temas abstratos ou, ao menos, descolados da vida prática.
  • Vocabulário rebuscado e complexo: é comum a utilização de palavras raras, assim como de inversões sintáticas e construções de compreensão difícil.

Poesia parnasiana em Portugal

Em Portugal, o Parnasianismo foi introduzido pelo poeta João Penha (1838-1919) e opôs-se, principalmente, ao Romantismo.

As poesias dos principais poetas parnasianos portugueses foram reunidas, por Teófilo Braga, no livro Parnasso português moderno, publicado em 1877.

Principais autores do Parnasianismo em Portugal

  • Guerra Junqueiro (1850-1923): Poeta e político, foi considerado por seus pares como o poeta mais popular de sua época em Portugal. Iniciou sua carreira literária no jornal A Folha, dirigido pelo poeta João Penha. Publicou inúmeras obras, e mais polêmica foi A velhice do padre eterno (1885), em que tece duras críticas ao clero.
  • Teófilo Braga (1843-1924): Poeta, sociólogo, filósofo e político, iniciou sua carreira literária em 1859, no famoso jornal literário A Folha. Colaborou em diversos jornais da época, nos quais publicou muitos de seus poemas. Escreveu, entre outras obras, História da poesia moderna em Portugal (1869).
  • Gonçalves Crespo (1846-1883): Poeta e jurista, nasceu no Rio de Janeiro, mas fixou residência ainda criança em Portugal. Filho de mãe escrava, destacou-se no meio literário português, tendo colaborado no jornal A Folha, principal meio de difusão da poesia parnasiana. Seu primeiro livro foi a coletânea Miniaturas, publicada em 1870.
  • António Feijó (1859-1917): Poeta e diplomata, atuou no Brasil como embaixador nos consulados situados nos estados de Pernambuco e do Rio Grande do Sul. Publicou as seguintes obras poéticas: Transfigurações (1862), Líricas e bucólicas (1884), Cancioneiro chinês (1890), Ilha dos amores (1897), Bailatas (1907), Sol de inverno (coletânea escrita entre 1915-1917), e Novas Bailatas (editada postumamente em 1926).
  • Cesário Verde (1855-1886): Poeta e comerciante, escreveu muitas de suas poesias em periódicos da época, destacando-se o semanário Branco e Negro (1896-1898) e as revistas O Occidente (1878-1915), Renascença (1878-1879) e o Azeitonense (1919-1922). Após sua morte, suas poesias foram reunidas, por Silva Pinto, na obra O livro de Cesário Verde (1887).

Poesia parnasiana no Brasil

O parnasianismo brasileiro começou a ser difundido no país a partir de 1870, pois, no final dessa década, criou-se uma polêmica no jornal Diário do Rio de Janeiro, que reuniu, de um lado, os adeptos do Romantismo e, de outro, os adeptos do Realismo e do Parnasianismo.

Como resultado dessa querela literária, desenvolvida em artigos, conhecida como “Batalha do Parnaso”, houve uma difusão das ideias e das características do parnasianismo nos meios artísticos e intelectuais.

Os autores brasileiros de maior destaque que assumiram o modelo Parnasiano são Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira, que formaram a chamada Tríade Parnasiana.

Principais autores do Parnasianismo no Brasil

  • Alberto de Oliveira (1857-1937): Foi farmacêutico, professor e poeta, e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, tendo sido, inclusive, eleito o “Príncipe dos Poetas” em 1924. Escreveu as seguintes obras poéticas: Canções românticas (1878), Meridionais (1884), Sonetos e poemas (1885), Versos e rimas (1895), Poesias – 1ª série (1900), Poesias – 2ª série (1906), Poesias – 2 vols. (1912), Poesias – 3ª série (1913), Poesias – 4ª série (1928), Poesias escolhidas (1933), Póstumas (1944).
  • Raimundo Correia (1859-1911): Foi magistrado, professor, diplomata e poeta. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, escreveu os livros Primeiros sonhos (1879), Sinfonias (1883), Versos e versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898).
  • Olavo Bilac (1865-1918): Foi jornalista, inspetor de ensino e poeta. Foi também um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Publicou as seguintes obras: Poesias (1888), Crônicas e novelas (1894), Sagres (1898), Crítica e fantasia (1904), Poesias infantis (1904), Conferências literárias (1906), Tratado de versificação (com Guimarães Passos) (1910), Dicionário de rimas (1913), Ironia e piedade (1916), Tarde (1919).

Exemplos de poemas da poesia parnasiana em português

As pombas, de Raimundo Correia

Vai-se a primeira pomba despertada…
Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada…

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada…

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais…

Vaso chinês, de Alberto de Oliveira

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o.
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?… de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;

Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.

Soneto XIII de Via Láctea, de Olavo Bilac

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que você tenha gostado de nosso artigo e entendido de vez o que é a poesia parnasiana.

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Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. Poesia parnasiana: características, autores e exemplos de poemas. [S.I.] 2022. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poesia-parnasiana-caracteristicas-autores/. Acesso em: 25 out. 2024.