Saiba o que é alternância binária em poesia, conheça suas características e veja exemplos de sua aplicação!
Há, em português, dois tipos rítmicos básicos em que o verso pode ser enquadrado: a chamada alternância binária, e a chamada alternância ternária.
Em ambos os casos, o verso que nelas se enquadra destaca-se por uma uniformidade rítmica, proveniente do posicionamento equidistante dos acentos, embora possa apresentar variações quanto ao pé utilizado.
A seguir, elucidaremos o que é alternância binária em poesia, quais são suas características e daremos exemplos de sua aplicação.
Definição de alternância binária
Em poesia, alternância binária é uma série rítmica regular em que as sílabas fortes sucedem-se em intervalos de duas sílabas.
Dizendo de outra forma, é uma série rítmica regular em que uma sílaba forte é sempre seguida de uma sílaba fraca, e uma sílaba fraca sempre seguida de uma sílaba forte.
Alternância binária significa alternância entre dois elementos; neste caso, alternância entre sílabas fortes e fracas.
Aplicação da alternância binária
A alternância binária é empregada em português em todos os metros que comportam ao menos dois pés e pode apresentar duas variações, a depender da primeira sílaba do verso.
Caso a primeira sílaba do verso seja átona, dar-se-á um ritmo iâmbico (– ~ – ~…); caso seja tônica, dar-se-á um ritmo trocaico (~ – ~ -…).
No primeiro caso, nota-se que o movimento só se concretiza perfeitamente em versos agudos; já no segundo, o movimento só se concretiza perfeitamente em versos graves.
A prática portuguesa, contudo, é empregar de praxe ambos os movimentos considerando-os apenas até a última sílaba tônica do verso.
Também se nota que o ritmo iâmbico perfeito aplica-se somente aos metros pares, enquanto o trocaico aos ímpares.
Independentemente do pé utilizado, a alternância binária costuma conferir uma sensação de harmonia e regularidade aos versos; mas pode, em contrapartida, conduzi-los às vezes à monotonia.
Exemplos de alternância binária
Abaixo daremos alguns exemplos do emprego da alternância binária em versos portugueses (nosso destaque para as sílabas tônicas):
Ritmo iâmbico (sucessão de iambos: – ~ – ~…)
Que má tenção, que peito em nós se sente
(Camões)A sua enorme graça, o sal antigo
(Cassiano Ricardo)O amor florindo em nós abril e outubro
(Geir Campos)Fechou à minha Elvira a esquiva porta
(Machado de Assis)
Ritmo trocaico (sucessão de troqueus: ~ – ~ -…)
Oh que ação renhida! balas sobre balas
(Franklin Dória)Vão-me os olhos vendo tudo em roda morto,
Tudo chão de areias, sem um pingo d’água.
(Alberto de Oliveira)