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Hino: o que é, características e exemplos

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Saiba o que é hino em poesia, conheça suas características e veja exemplos de sua aplicação!

Os hinos estão entre as composições poéticas de maior relevância histórica e cultural existentes.

Característicos por seu tom solene e elogioso, eles registram alguns dos sentimentos mais belos e singulares que podem ser expressos pelas letras.

A seguir, elucidaremos o que é hino em poesia, quais são suas características e daremos exemplos de sua aplicação.

Definição de hino

Em poesia, hino é um poema lírico destinado a exaltar e glorificar uma pátria ou entidade divina.

Tal poema pode conter ou não rimas, ser ou não metrificado; o que o caracteriza, porém, não é a forma, mas a temática e o tom.

O hino, em seus primórdios, confundia-se com a ode por serem ambos destinados ao canto e exaltarem deuses e heróis; por isso, há quem classifique o hino como um tipo de ode, como por exemplo o gramático Napoleão Mendes de Almeida.

Modernamente, os hinos têm sido empregados o mais das vezes para louvar uma pátria ou, na liturgia cristã, para louvar a Deus — em ambos os casos, diferentemente das chamadas odes modernas, o hino continua a ser acompanhado de melodia.

O termo hino é derivado do grego húmnos; nesta língua, significava um canto de louvor a deuses ou heróis.

História do hino

A maioria dos hinos mais antigos que conhecemos foram escritos na Grécia, local onde surgiu o termo, que referia-se a cantos solenes que glorificavam deuses e heróis.

Alguns dos exemplos mais antigos que conhecemos são os chamados hinos homéricos, como o Hino a Deméter (escrito por volta do século VII a.C.) e os hinos délficos (escritos no século II a.C.).

Estes e outros hinos eram na Grécia cantados e acompanhados de música em cultos de adoração.

Ainda na Grécia, também serviam os hinos como introduções para recitações épicas; os hinos homéricos, por exemplo, são classificados por Tucídides como compostos com essa finalidade.

Posteriormente, os hinos, sejam literários ou litúrgicos, espalharam-se por diferentes culturas, tendo sido incorporados especialmente na tradição litúrgica cristã, por volta do século IV.

Esta influência é notável especialmente na Vulgata, a célebre versão da Bíblia ao latim, feita por São Jerônimo, onde psalmus e hymnus (termos que às vezes se confundiam na cultura grega) são frequentemente empregados.

Após a popularização da Vulgata, alguns salmos e hinos passaram a ser cantados nas igrejas, costume que intensificou-se na Idade Média através de novos hinos incorporados como parte das cerimônias.

Vários destes hinos foram escritos por figuras ilustres como Venâncio Fortunato, Nokter e Tomás de Aquino, e consolidaram-se na tradição cristã, perdurando alguns deles até nossos dias, traduzidos ou em suas versões originais.

Para além do emprego religioso, os hinos foram, após a Idade Média, empregados com a finalidade de celebrar a pátria, principalmente através daqueles que hoje conhecemos como hinos nacionais.

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Tipos de hinos

A fim de classificá-los, poderíamos enquadrar os hinos em dois tipos mais frequentes:

Hinos religiosos

Em resumo, este tipo de hino aplica-se a todas as composições cuja finalidade é louvar e glorificar divindades.

Muitas vezes, são estes hinos cantados como parte de cerimônias religiosas e acompanhados de instrumentos musicais.

A esta classe pertencem, primeiramente, os hinos da Grécia Antiga, como os já citados hinos homéricos.

Também se enquadram os hinos egípcios em louvor aos seus deuses e o antiquíssimo Hino a Nungal, escrito na Suméria.

A liturgia cristã, contudo, sem dúvida é a mais rica entre todas no emprego dos hinos, que até hoje são utilizados em conformidade com a prática secular.

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Entre os mais célebres hinos cristãos estão Dies irae (século XIII), Vexilla regis prodeunt (século VII) e Veni, Creator Spiritus (século IX).

Na tradição cristã, há hinos de louvor não somente a Deus, mas ao Espírito Santo e a datas especiais tal como o Natal e a Páscoa.

Hinos cívicos

A esta classe de hino pertencem os hinos consagrados a um país ou a um povo, e seus modelos mais conhecidos são os chamados hinos nacionais.

Estes hinos não louvam entidades divinas ou heroicas, mas expressam o sentimento de amor e orgulho patriótico.

Em geral, os hinos nacionais são cantados, acompanhado de música, em ocasiões solenes como eventos esportivos, cerimônias ou festividades nacionais.

O hino nacional mais antigo do mundo é o dos Países Baixos, escrito no século XVI.

De lá para cá, passou a ser tradição de um país ter o próprio hino, tendo, tanto o Brasil como Portugal, oficializado os seus respectivos hinos apenas no século XX.

A esta classe também pertencem outros tipos de hinos como, por exemplo, o conhecido Hino à Bandeira Nacional, de Olavo Bilac (letra), o Hino da Independência do Brasil, de Evaristo da Veiga (letra), hinos de cidades, clubes de futebol, entre outros.

Aplicação do hino

O hino pertence ao gênero lírico, portanto, é uma composição poética que se destina não a narrar fatos objetivos, mas a expressar emoções e sentimentos por parte daquele ou daqueles que o cantam.

Tradicionalmente, o hino é composto para ser cantado e não somente lido; na liturgia cristã, é também chamado cântico, noutras religiões, é também conhecido como canto devocional.

O hino, como está dito, é característico pelo temática e pelo tom: este é sempre laudatório, elogioso, devocional.

A composição, pois, apresenta a finalidade de glorificar o objeto deste elogio, seja ele uma entidade divina ou a própria pátria.

Alguns poetas, estendendo-lhe o sentido, também já compuseram hinos a entidades abstratas como o amor, a morte, a dor, entre outros; nestes casos, geralmente a entidade é grafada com inicial maiúscula.

Exemplos de hino

Abaixo daremos alguns exemplos de aplicação do hino em português:

A Portuguesa

I

Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!

II

Desfralda a invicta bandeira
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu!
Beija o solo teu jucundo
O oceano, a rugir d’amor,
E o teu braço vencedor
Deu novos mundos ao Mundo!

Às armas, às armas!
Sobre a terra e sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!

II

Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!
Sobre a terra e sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!

Hino Nacional Brasileiro

I

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

II

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
“Nossos bosques têm mais vida”,
“Nossa vida” no teu seio “mais amores.”

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
– “Paz no futuro e glória no passado.”

Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Ó, vinde, Espírito Criador

Ó, vinde, Espírito Criador,
As nossas almas visitai
E enchei os nossos corações
Com vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor,
Do Deus excelso o dom sem par,
A fonte viva, o fogo, o amor,
A unção divina e salutar.

Sois doador dos sete dons,
E sois poder na mão do Pai,
Por ele prometido a nós,
Por nós seus feitos proclamais.

A nossa mente iluminai,
Os corações enchei de amor
Nossa fraqueza encorajai,
Qual força eterna e protetor.

Nosso inimigo repeli,
E concedei-nos vossa paz;
Se pela graça nos guiais,
O mal deixamos para trás.

Ao Pai e ao Filho Salvador
Por vós possamos conhecer.
Que procedeis do seu amor
Fazei-nos sempre firmes crer.

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. Hino: o que é, características e exemplos. [S.I.] 2024. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/hino-o-que-e-caracteristicas-exemplos/. Acesso em: 2 mai. 2024.