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Alternância ternária: o que é, características e exemplos

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Saiba o que é alternância ternária em poesia, conheça suas características e veja exemplos de sua aplicação!

Há, em português, dois tipos rítmicos básicos em que o verso pode ser enquadrado: a chamada alternância binária, e a chamada alternância ternária.

Em ambos os casos, o verso que nelas se enquadra destaca-se por uma uniformidade rítmica, proveniente do posicionamento equidistante dos acentos, embora possa apresentar variações quanto ao utilizado.

A seguir, elucidaremos o que é alternância ternária em poesia, quais são suas características e daremos exemplos de sua aplicação.

Definição de alternância ternária

Em poesia, alternância ternária é uma série rítmica regular em que as sílabas fortes sucedem-se em intervalos de três sílabas.

Dizendo de outra forma, é uma série rítmica regular em que uma sílaba forte é sempre espaçada de outra sílaba forte por duas sílabas fracas.

Alternância ternária significa alternância entre três elementos; neste caso, significa uma sucessão entre uma sílaba forte e duas sílabas fracas, cujo posicionamento pode variar.

Aplicação da alternância ternária

A alternância ternária é empregada em português em todos os metros que comportam ao menos dois pés de três sílabas.

A depender da organização de sílabas fortes e fracas no verso, a alternância ternária pode ser:

  1. Datílica: caso consista numa sucessão de dátilos, isto é, de pés compostos de uma sílaba forte seguida de duas sílabas fracas (~ – –)
  2. Anfíbráquica: caso consista numa sucessão de anfíbracos, isto é, de pés compostos de uma sílaba forte entre duas fracas (– ~ –).
  3. Anapéstica: caso consista numa sucessão de anapestos, isto é, de pés compostos de duas sílabas fracas seguidas de uma sílaba forte (– – ~).

No primeiro caso, nota-se que o movimento só se concretiza perfeitamente em versos esdrúxulos; no segundo, apenas em versos graves e, no terceiro, apenas em versos agudos.

A prática portuguesa, contudo, é empregar de praxe todos estes movimentos considerando-os apenas até a última sílaba tônica do verso.

Também se nota que o movimento perfeito exige determinados metros, a depender do pé utilizado:

Independentemente do pé utilizado, a alternância ternária costuma conferir uma sensação de harmonia e regularidade aos versos, além de um andamento notavelmente característico.

Exemplos de alternância ternária

Abaixo daremos alguns exemplos do emprego da alternância ternária em versos portugueses (nosso destaque para as sílabas tônicas):

Ritmo datílico (sucessão de dátilos: ~ – – ~ – -…)

Fogem d’ouvir as sereias
(Sá de Miranda)

de cair sobre as ondas
(Gonçalves Dias)

Dia de sol, inundado de sol!…
(Camilo Pessanha)

Ritmo anfibráquico (sucessão de anfíbracos: – ~ – – ~ -…)

No berço pendente de ramos floridos,
Em que eu pequenino feliz dormitava,
Quem é que esse berço, com todo o cuidado,
Cantando cantigas, alegre embalava?
(Casimiro de Abreu)

Ritmo anapéstico (sucessão de anapestos: – – ~ – – ~…)

Já não fala Tu no ulular da procela
(Olavo Bilac)

Que mergulha no abismo e mergulha no assombro
(Machado de Assis)

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. Alternância ternária: o que é, características e exemplos. [S.I.] 2024. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/alternancia-ternaria-poesia-exemplos/. Acesso em: 5 jun. 2024.