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Poema Esperança, de Mário Quintana (com análise)

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Conheça o poema Esperança, de Mário Quintana, e confira nossa análise!

Esperança é um poema escrito pelo poeta brasileiro Mário Quintana, que está disponível em sua Antologia poética (2015).

Como o título sugere, o poema tem como temática a esperança, cuja aparição é contextualizada nas tradicionais festas de fim de ano, que nos parecem encher deste singular sentimento.

São versos leves, bem-humorados, mas que encerram uma bonita mensagem.

Dito isso, preparamos esse texto para que você conheça o poema Esperança, de Mário Quintana. Em seguida, você poderá conferir nossa análise.

Boa leitura!

Esperança, de Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…

Análise do poema

  • Tipo de verso: livre
  • Número de estrofes: 1 estrofe
  • Número de versos: 16 versos

Esperança é um poema construído em versos livres, portanto, é um poema que não se vale de metrificação, nem de rima.

A “esperança” é personificada nos versos, e é inserida num contexto que se remete às festividades de final de ano, como veremos mais adiante.

Estrutura do poema

Esperança possui 16 versos dispostos numa única estrofe.

O poema não utiliza rimas, não é metrificado, nem segue a nenhum padrão rítmico.

Tal apresentação sugere uma leitura leve e despretensiosa.

Visualmente, podemos reparar algo interessante na estrutura do poema: o sétimo verso, composto de apenas uma letra (a conjunção “e”), representa um ponto onde há um salto, onde a Esperança “atira-se” de um prédio e performa um “delicioso voo” até pousar na calçada.

Sentido do poema

Esperança é um poema que versa sobre a importância e a beleza deste singular sentimento chamado esperança.

No primeiro verso, percebemos que o poema se insere no mês de dezembro, representado metaforicamente como o “décimo segundo andar do Ano”.

As “sirenas”, as “buzinas” e os “reco-recos” sugerem as festividades que ocorrem nesta época e precedem o início de um novo ano.

O eu lírico, pois, personifica a esperança e diz ela ser uma “louca”, que vive no tal “décimo segundo andar do Ano”.

Naturalmente, quer isto dizer que tal época evoca em nós este sentimento personificado, posto que nos sentimos esperançosos com a chegada de um novo ano, que a muitos de nós é enxergado como um tempo de renovações, recomeços e transformações.

Então, vemos no poema que Esperança fantasia atirar-se do alto de tal Ano (um prédio?), em descida que pode ser interpretada como a passagem do ano, como um retorno ao “primeiro andar” (primeiro mês).

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Já na calçada, torna ela a ser criança, “uma meninazinha de olhos verdes”, o que nos sugere simultaneamente as ideias de recomeço e de pureza.

Finalmente, impressionado com o pouso milagroso, o povo pergunta-lhe o nome, e Esperança, que parece ter de repeti-lo sempre, o faz vagarosamente, para que não esqueçam.

É bonita a mensagem deste poema.

Vemos que Esperança, tida como uma “louca”, transforma-se numa afável criança de olhos verdes, que enfim parece mais consciente que o próprio “povo”, sempre a lhe esquecer o nome.

Quer dizer: parece que todos nós, no decorrer do ano, esquecemos da importância de ter esperança em nossas vidas.

Esperança, pois, é um poema que nos relembra da beleza e da necessidade que temos de nutrir este sentimento.

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Sobre Mário Quintana

Mário Quintana nasceu em Alegrete (RS), em 30 de julho de 1906.

Seu pai era dono de uma farmácia, e seus avós eram médicos.

Aos 13 anos, foi para Porto Alegre estudar no Colégio Militar como aluno interno, que acabou não terminando, embora fosse leitor voraz.

Deixou o colégio aos 17 anos, sem diploma, e se iniciou na vida literária, vivendo novamente em Alegrete.

Em 1926, teve um conto vencedor de um concurso patrocinado pelo Diário de Notícias, importante jornal da capital gaúcha.

Transferiu-se novamente a Porto Alegre em 1929, onde começou a trabalhar como jornalista.

Na década de 1930, estabilizou-se profissionalmente, trabalhando como jornalista e tradutor para a Editora Globo.

Seu primeiro livro, A rua dos cataventos, foi publicado em 1940, inaugurando uma época de grande atividade literária em sua vida.

Nas décadas de 60 e 70, consagrou-se nacionalmente como poeta, recebendo homenagens públicas como a saudação na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira (1966), o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre (1967), a placa de bronze em Alegrete (com a famosa inscrição: “Um engano em bronze é um engano eterno.”), entre outras.

Faleceu em 5 de maio de 1994, em Porto Alegre, aos 88 anos de idade.

Obras de Mário Quintana

  • A rua dos cataventos (1940)
  • Canções (1946)
  • Sapato florido (1948)
  • O aprendiz de feiticeiro (1950)
  • Espelho mágico (1951)
  • Inéditos e esparsos (1953)
  • Caderno H (1973)
  • Apontamentos de história sobrenatural (1976)
  • A vaca e o hipogrifo (1977)
  • Esconderijos do tempo (1980)
  • Baú de espantos (1986)
  • Da preguiça como método de trabalho (1987)
  • Preparativos de viagem (1987)
  • Porta giratória (1988)
  • A cor do invisível (1989)
  • Velório sem defunto (1990)
  • Água: os últimos textos de Mario Quintana (2001)

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que você tenha gostado de nossa análise do poema Esperança, de Mário Quintana.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de conferir o que escrevemos sobre Amigo, de Cora Coralina.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. Poema Esperança, de Mário Quintana (com análise). [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poema-esperanca-de-mario-quintana-poesia/. Acesso em: 25 out. 2024.