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Poema Minha terra, de Manuel Bandeira (com análise)

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Conheça o poema Minha terra, de Manuel Bandeira, e confira nossa análise!

Minha terra é um poema escrito pelo poeta brasileiro Manuel Bandeira que está disponível em seu volume intitulado Estrela da vida inteira (1965).

O poema aborda um tema recorrente na poesia, que é a nostalgia dos tempos que se foram — neste caso, o eu lírico relembra os seus dias de infância e, mais especificamente, lamenta as transformações que ocorreram em sua cidade natal.

Dito isso, preparamos esse texto para que você conheça o poema Minha terra, de Manuel Bandeira. Em seguida, você poderá conferir nossa análise.

Boa leitura!

Minha terra, de Manuel Bandeira

Saí menino de minha terra.
Passei trinta anos longe dela.
De vez em quando me diziam:
Sua terra está completamente mudada,
Tem avenidas, arranha-céus…
É hoje uma bonita cidade!

Meu coração ficava pequenino.

Revi afinal o meu Recife.
Está de fato completamente mudado.
Tem avenidas, arranha-céus.
É hoje uma bonita cidade.

Diabo leve quem pôs bonita a minha terra!

Análise do poema

  • Tipo de verso: livre
  • Número de e tipo de estrofes: 4 estrofes irregulares
  • Número de versos: 12 versos

Minha terra é um poema construído em versos livres, portanto, é um poema que não utiliza nem metrificação, nem rima.

O poema é de linguagem simples e pode ser resumido na manifestação do sentimento de nostalgia do eu lírico.

Estrutura do poema

Minha terra possui 12 versos divididos em 4 estrofes irregulares.

O poema não utiliza nem metrificação, nem rima, nem obedece a nenhum padrão rítmico regular.

Podemos dividir a estrutura lógica do poema em quatro partes, levando em consideração a ideia expressa pelo eu lírico, conforme abaixo:

  1. Distanciamento da terra natal
  2. Angústia ao tomar conhecimento de que ela mudara
  3. Constatação de que as mudanças realmente aconteceram
  4. Lamento diante do ocorrido

Sentido do poema

Minha terra é um poema em que o eu lírico expressa uma mistura de nostalgia e desconsolo para com sua cidade natal.

Já pelo título, podemos imaginar um poema em que o eu lírico irá expressar o seu sentimento em relação ao lugar em que nasceu.

Assim são os primeiros versos:

Saí menino de minha terra.
Passei trinta anos longe dela.
De vez em quando me diziam:
Sua terra está completamente mudada,
Tem avenidas, arranha-céus…
É hoje uma bonita cidade!

Vemos, pois, que a linguagem do poema é simples, e o eu lírico conta-nos simplesmente que deixou sua terra quando “menino”, e então passou trinta anos longe dela.

Disso podemos concluir que sua “terra” está intimamente ligada com as recordações de sua infância, e os trinta anos dão-nos uma noção de quanta coisa pode ter acontecido neste tempo, e quão intensa pode ter-se tornado a saudade que o eu lírico sente do lugar em que nasceu.

Em seguida, ele nos diz que lhe disseram que sua terra “está completamente mudada”, e que hoje “é uma bonita cidade”.

Tais versos despertam nossa curiosidade a respeito de como o eu lírico reagiria perante tais mudanças, e então vem o verso seguinte:

Meu coração ficava pequenino.

Como, pois, justificar este verso?

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Obviamente, é indiferente se a terra natal do eu lírico tornou-se “uma bonita cidade” para ele que tanto tinha saudade de como ela era antes.

Ter-se tornado outra coisa diferente do que era é, para ele, a destruição daquilo que um dia ela foi e tanto lhe causa nostalgia.

Assim, o sentimento é de aflição e desconsolo.

Revi afinal o meu Recife.
Está de fato completamente mudado.
Tem avenidas, arranha-céus.
É hoje uma bonita cidade.

Esta estrofe representa, segundo o esquema que apresentamos no tópico anterior, a etapa em que o eu lírico constata que as mudanças realmente aconteceram em sua cidade natal, a qual descobrimos agora ser o Recife.

O mesmo “É hoje uma bonita cidade” que encerra a primeira estrofe encerra esta terceira; com a diferença, porém, da pontuação que a finaliza: na primeira estrofe, é o ponto de exclamação; nesta, é o ponto final.

Deste aspecto podemos deduzir que a empolgação com que diziam ao sujeito poético sobre tais mudanças não se refletiram nele após constatá-las.

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Muito pelo contrário, a impressão que o ponto final nos passa ao encerrar esta estrofe é de apatia.

Minha terra, então, é finalizado com o seguinte verso:

Diabo leve quem pôs bonita a minha terra!

Claramente, tal exclamação é a expressão do lamento do eu lírico perante as mudanças que ocorreram em sua cidade natal.

Aqui, vemos o desfecho da aflição que corrói o eu lírico, já manifesta anteriormente no poema: o novo Recife não é o Recife que lhe evoca a infância, e portanto não lhe pode provocar sentimentos de carinho e saudade.

Assim, Minha terra é um poema em que o eu lírico relembra a sua cidade natal e lamenta que ela já não seja a mesma de outros tempos.

Sobre Manuel Bandeira

Manuel Bandeira nasceu em Recife, em 19 de abril de 1886.

Além de poeta, foi professor, cronista, crítico literário e professor.

Aos dez anos, deixou Recife com destino ao Rio de Janeiro, onde, de 1897 a 1902, cursou o secundário no colégio hoje chamado Pedro II, bacharelando-se em letras.

Em 1903, matriculou-se na Escola Politécnica de São Paulo para fazer o curso de engenheiro-arquiteto, abandonando-o no ano seguinte por sofrer de tuberculose.

A doença levou-o a vários sanatórios e fê-lo mudar seguidamente de cidade. Entre 1913 a 1914, esteve recuperando-se em Clavadel, na Suíça.

Parecia a tuberculose sugerir que seria curta a vida do jovem poeta; mas, curiosamente, viveu ele até os 82 anos.

Retornando da Suíça ao Brasil, Manuel Bandeira iniciou sua produção literária em periódicos. Em 1917, publicou sua primeira obra, A cinza das horas, e dali em diante passaria os seus anos em intensa produção artística, dando luz a uma das mais ricas obras da poesia moderna brasileira.

Em 1940, foi eleito para a cadeira 24 da Academia Brasileira de Letras.

Em 13 de outubro de 1968, faleceu, célebre e amplamente considerado um dos maiores poetas da literatura brasileira.

Obras poéticas de Manuel Bandeira

  • A cinza das horas (1917)
  • Carnaval (1919)
  • O ritmo dissoluto (1924)
  • Libertinagem (1930)
  • Estrela da manhã (1936)
  • Lira dos cinquent’anos (1940)
  • Belo belo (1948)
  • Mafuá do Malungo (1948)
  • Opus 10 (1954)
  • Estrela da tarde (1960)

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que você tenha gostado de nossa análise do poema Minha terra, de Manuel Bandeira.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver o que escrevemos sobre Busque Amor novas artes, novo engenho, de Camões.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. Poema Minha terra, de Manuel Bandeira (com análise). [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poema-minha-terra-manuel-bandeira-poesia/. Acesso em: 5 jun. 2024.