Conheça o poema As borboletas, de Vinícius de Moraes, e confira nossa análise!
As borboletas é um poema de autoria de Vinícius de Moraes, que também conta com versão musical e integra o disco A Arca de Noé.
Destinado ao público infantil, o poema vale-se de uma linguagem simples, metafórica e com muitas imagens que são inseridas a fim de estimular a imaginação das crianças.
Sem dúvida, As borboletas é um poema que pode ser utilizado com muito proveito na educação dos pequenos.
Dito isso, preparamos esse texto para que você conheça o poema As borboletas, de Vinícius de Moraes. Em seguida, você poderá conferir nossa análise.
Boa leitura!
As borboletas, de Vinícius de Moraes
Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas.Borboletas brancas
São alegres e francas.Borboletas azuis
Gostam muito de luz.As amarelinhas
São tão bonitinhas!E as pretas, então…
Oh, que escuridão!
Análise do poema
- Tipo de verso: livre
- Número e tipo de estrofes: 5 estrofes: 1 oitava e 4 dísticos
- Número de versos: 16 versos
O poema As borboletas é construído em versos livres, portanto, é um poema que não utiliza metrificação.
Em geral, são os versos livres caracterizados por não seguirem padrão métrico e também não utilizarem rimas, o que não ocorre em As borboletas, que faz uso destas últimas para acentuar a musicalidade do poema.
Estrutura do poema
As borboletas possui 16 versos, divididos em 5 estrofes: 1 oitava (estrofe de oito versos) e 4 dísticos (estrofes de dois versos).
Os dísticos apresentam rimas que chamamos emparelhadas, isto é, as rimas se sucedem em pares.
A maioria delas enquadra-se no que chamamos de rimas consoantes (rimas em que há paridade completa de sons a partir da vogal tônica), mas há, também, rimas toantes no poema (rimas em que apenas há paridade nas vogais tônicas), como podemos ver na primeira e na terceira estrofe (“azuis” rima com “luz”).
O poema, como dissemos, não é metrificado, e isso sugere uma leitura leve, despretensiosa e informal.
Sentido do poema
Os versos de As borboletas são escritos em linguagem simples, metafórica e possuem um caráter notavelmente lúdico.
O poema é aberto com uma enumeração de diferentes cores, que em seguida descobrimos serem das “belas borboletas” que “brincam na luz”.
A primeira estrofe, pois, descrevendo a variedade de cores e o comportamento das borboletas, gera uma imagem viva e alegre na cabeça de quem a lê.
Obviamente, as borboletas não “brincam”, mas é assim que nos parece quando lhes analisamos a leveza e a graça do comportamento na natureza.
A partir da segunda estrofe, a cor das borboletas é utilizada para que sejam feitas associações com outras de suas características.
As borboletas brancas, assim, são pintadas como “alegres e francas”; as azuis “gostam de luz”; as amarelinhas são “bonitinhas” e as pretas são comparadas à escuridão.
Na verdade, em se tratando de um poema infantil, o objetivo de tais associações é estimular o raciocínio das crianças, além de diverti-las com o efeito agradável das rimas presentes em todos os versos.
Ao utilizar essa linguagem poética rica em metáforas e imagens da natureza, Vinícius de Moraes consegue despertar a imaginação dos pequenos e fazê-los refletir sobre a diversidade e a beleza que nos rodeia.
Publicação de As borboletas
O poema As borboletas foi publicado em 1970 em A Arca de Noé, obra que conta, também, com versão musical.
Os poemas infantis que integram esta obra foram feitos originalmente aos filhos do próprio poeta, alguns deles muitos anos antes da publicação da obra.
Por isso, não se sabe exatamente quando As borboletas foi escrito, se nas proximidades da publicação de A Arca de Noé ou se ficou ele engavetado por alguns anos antes de sua publicação.
É interessante notar que a versão musical de As borboletas foi lançada primeiramente em italiano, no disco L’Arca – Canzoni per Bambini (trad. “A Arca – Canções Infantis”) em parceria de Vinícius de Moraes com o músico argentino Luis Enríquez Bacalov.
Posteriormente, o disco ganhou a versão portuguesa contando com a contribuição de dois amigos do poeta, Rogério Duprat e Toquinho.
Sobre Vinícius de Moraes
Vinícius de Moraes nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913, filho de um pai funcionário público e poeta, e de uma mãe poetisa.
Apelidado carinhosamente de “poetinha”, Vinícius de Moraes teve atuação destacada, além de como poeta, como compositor, dramaturgo e diplomata.
Na música, esteve ele ao lado de figuras importantíssimas, podendo ser considerado, junto a Tom Jobim e João Gilberto, o epicentro do movimento que ficou mundialmente conhecido como bossa nova.
Sua canção Chega de saudade, que contou com arranjos de Tom Jobim, é considerada um marco na música popular brasileira que, regravada na voz de inúmeros artistas, foi considerada pela revista americana Rolling Stone a sexta melhor canção brasileira de todos os tempos.
No teatro, Vinícius de Moraes destacou-se com a peça Orfeu da Conceição (1956), e sua poesia costuma ser enquadrada na segunda fase do modernismo brasileiro, apresentando de forma acentuada temáticas lírico-amorosas, como vemos no Soneto de fidelidade.
Além de reconhecido nacionalmente por sua obra artística, Vinícius de Moraes ficou também famoso por sua vida pessoal bastante agitada: o “poetinha”, tido como um grande conquistador, casou-se nove vezes e deixou cinco filhos, vindo a falecer em 9 de julho de 1980
Obras poéticas de Vinícius de Moraes
- O caminho para a distância (1933)
- Forma e exegese (1935)
- Ariana, a mulher (1936)
- Novos poemas (1938)
- Cinco elegias (1943)
- Poemas, sonetos e baladas (1946)
- Pátria minha (1949)
- Antologia poética (1954)
- Livro de sonetos (1957)
- Novos poemas II (1959)
- O mergulhador (1968)
- A arca de Noé (1970)
- Poemas esparsos (2008)
Bônus: versão musical de As borboletas, de Vinícius de Moraes
Conclusão
Ficamos por aqui!
Esperamos que você tenha gostado de nossa análise do poema As borboletas, de Vinícius de Moraes.
Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver o que escrevemos sobre Leilão de jardim, de Cecília Meireles.
Um abraço e até a próxima!
