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Poema Inscrição na areia, de Cecília Meireles (com análise)

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Conheça o poema Inscrição na areia, de Cecília Meireles, e confira nossa análise!

Inscrição na areia é um poema escrito pela poetisa brasileira Cecília Meireles, que está disponível em seu livro Vaga música (1942).

Este é um poema bem conhecido de Cecília, que consegue expressar em pouquíssimos versos um lamento proveniente de uma desilusão amorosa.

Dito isso, preparamos esse texto para que você conheça Inscrição na areia, de Cecília Meireles. Em seguida, você poderá conferir nossa análise do poema.

Boa leitura!

Inscrição na areia, de Cecília Meireles

O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!

Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?

O meu amor não tem
importância nenhuma.

Análise do poema

Inscrição na areia é um poema construído em hexassílabos rimados, portanto, é um poema que utiliza metrificação e rima.

O poema pertence ao gênero lírico e expressa, em resumo, uma desilusão amorosa.

Estrutura do poema

Inscrição na areia possui 8 versos divididos em uma quadra (ou quarteto) e dois dísticos.

Os versos são hexassílabos, isto é, são versos metrificados que apresentam, cada um deles, seis sílabas poéticas.

As rimas utilizadas são rimas que chamamos cruzadas, alternadas, ou entrelaçadas, ou seja, apresentam-se alternadamente conforme o esquema abab ab ab.

Assim como se alternam as rimas, alterna-se o ritmo dos versos apresentando acentuação ora na segunda, ora na terceira sílaba.

Sentido do poema

Inscrição na areia é um poema lírico que expressa, em suma, uma desilusão amorosa.

Este poema é interessante por ser muito expressivo e atingir um grande efeito em pouquíssimos versos.

O sentimento expresso pelo poema começa a sê-lo pelo título “Inscrição na areia”, que sugere uma inscrição transitória, que será provavelmente desfeita e apagada pelo vento.

Também há de se notar o cunho artístico, pessoal de tal inscrição.

Assim é a primeira estrofe:

O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!

Esta quadra é a expressão de um lamento para com o amor experimentado pelo eu lírico, que diz este não ter importância como visando desiludir-se.

Quando exclama seu amor não ter “o peso nem de uma rosa de espuma”, quer ele sugerir ser um amor insignificante, que carece de “peso” e solidez.

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Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?

Aqui, é levantado o questionamento de para quem o seu amor é dirigido.

Nós, que lemos o poema, ficamos na expectativa de que tal nos será revelado a seguir.

O eu lírico, contudo, encerra o poema com o seguinte dístico:

O meu amor não tem
importância nenhuma.

Estes versos, que são a repetição daqueles que abrem o poema, em primeiro lugar, reforçam o lamento expresso pelo eu lírico.

Eles surtem, também, um efeito interessante: se no dístico anterior ficamos com a expectativa de uma revelação, aqui ela é frustrada.

A sensação que ficamos é de que o próprio eu lírico hesitou entre revelar e ocultar a nós o objeto de seu amor, algo característico daquele que tem a razão perturbada por este sentimento, e sente-se chacoalhado por emoções conflitantes.

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Optando por ocultá-lo, o eu lírico reafirma o seu intento de desiludir-se.

Inscrição na areia, portanto, é um poema que, em poucos versos, expressa o estado de espírito de alguém acometido por uma paixão.

Sobre Cecília Meireles

Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de novembro de 1901 e morreu, na mesma cidade, em 9 de novembro de 1964.

Nascida órfã de pai, perdeu a mãe aos três anos e, por isso, foi criada por sua avó portuguesa, Dona Jacinta, natural da ilha dos Açores.

Desde pequena, Cecília recebeu educação religiosa e demonstrou grande interesse pela literatura. Tornou-se professora muito cedo, quando já compunha poemas.

O interesse de Cecília Meireles pela educação fê-la fundar a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, em 1934.

Aos 21 anos, casou-se com o pintor português Fernando Correia Dias, que veio a suicidar-se em 1936.

Cinco anos após este evento dramático, Cecília casa-se novamente, desta vez com o engenheiro agrônomo Heitor Vinícius de Silveira Grilo.

Em 1939, Cecília publica Viagem, livro que rapidamente encantou leitores e acadêmicos, dando-lhe grande reconhecimento e o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras.

No dia 9 de novembro de 1964, com 63 anos, Cecília faleceu, vítima de câncer, no Rio de Janeiro.

Obras de Cecília Meireles

  • Espectros (1919)
  • Criança, meu amor (1923)
  • Nunca mais (1923)
  • Poema dos poemas (1923)
  • Baladas para el-rei (1925)
  • O espírito vitorioso (1929)
  • Saudação à menina de Portugal (1930)
  • Batuque, samba e macumba (1933)
  • A festa das letras (1937)
  • Viagem (1939)
  • Olhinhos de gato (1940)
  • Vaga música (1942)
  • Mar absoluto (1945)
  • Rute e Alberto (1945)
  • Rui: pequena história de uma grande vida (1948)
  • Retrato natural (1949)
  • Problemas de literatura infantil (1950)
  • Amor em Leonoreta (1952)
  • Doze noturnos da Holanda e O aeronauta (1952)
  • Romanceiro da Inconfidência (1953)
  • Poemas escritos na Índia (1953)
  • Pequeno oratório de Santa Clara (1955)
  • Pistoia, cemitério militar brasileiro (1955)
  • Panorama folclórico de Açores (1955)
  • Canções (1956)
  • Giroflê, giroflá (1956).
  • Romance de Santa Cecília (1957).
  • A rosa (1957).
  • Metal rosicler (1960)
  • Poemas de Israel (1963)
  • Solombra (1963)
  • Ou isto ou aquilo (1964)
  • Escolha o seu sonho (1964)
  • Crônica trovada da cidade de Sam Sebastiam (1965)
  • O menino atrasado (1966)
  • Poemas italianos (1968)
  • Flor de poemas (1972)
  • Elegias (1974)
  • Flores e canções (1979)

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que você tenha gostado de nossa análise do poema Inscrição na areia, de Cecília Meireles.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de conferir o que escrevemos sobre A um crucifixo, de Antero de Quental.

Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. Poema Inscrição na areia, de Cecília Meireles (com análise). [S.I.] 2023. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poema-inscricao-na-areia-cecilia-meireles/. Acesso em: 14 mai. 2024.