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Poema Soneto de fidelidade, de Vinícius de Moraes (com análise)

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Conheça o poema Soneto de fidelidade, de Vinícius de Moraes, e confira nossa análise e interpretação!

O poema Soneto de fidelidade, de Vinícius de Moraes, é um de seus poemas mais conhecidos.

O poema foi escrito em outubro de 1939, aparecendo pela primeira vez impresso em Poemas, Sonetos e Baladas (1946).

Posteriormente, o Soneto de fidelidade ganhou versões cantadas e seu sucesso só fez crescer, especialmente após entoado por algumas das vozes mais famosas do Brasil.

Sendo assim, preparamos esse texto para que você conheça o poema Soneto de fidelidade, de Vinícius de Moraes e, em seguida, você poderá conferir nossa análise.

Boa leitura!

Soneto de fidelidade, de Vinícius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Análise do poema

O poema Soneto de fidelidade é um soneto construído em decassílabos rimados, portanto, é um poema que se vale de metrificação e de rima.

Ser um soneto significa que o poema se enquadra em uma forma fixa, ou seja, que possui um número padrão de versos e estrofes: no caso do soneto, 4 estrofes, sendo 2 quadras e 2 tercetos, totalizando 14 versos.

O Soneto de fidelidade vale-se das rimas que chamamos enlaçadas em suas quadras, ou seja, seguem o esquema abba, rimando o primeiro verso com o último, e o segundo com o terceiro.

É interessante que, embora faça o uso de rimas enlaçadas nas quadras, um tipo de rima tradicional em sonetos, os tercetos do poema não seguem um padrão de rima tradicional, apresentando o esquema abcbca, encaixando-se no que chamamos de rimas misturadas.

Quanto ao sentido do poema, é demasiado patente: são versos que representam uma jura de amor ou, como nos diz o título, de “fidelidade”.

Na primeira estrofe, vemos o eu lírico abri-la com uma promessa de zelo com o próprio amor e um compromisso para fazer com que ele sempre cresça, fortalecendo-se com o tempo.

Na quadra seguinte, o mesmo sentimento é reforçado com a tradicional jura de que “na alegria e na tristeza” este amor irá perdurar.

Já nos tercetos, reforça o eu lírico a mesma unidade anunciada desde o título do poema, introduzindo temas sensíveis ao apaixonado, como a morte e o fim das coisas e, valendo-se de uma bela metáfora, ao comparar o amor com uma chama, posto que uma chama não dura para sempre.

O soneto é finalizado em seu ápice poético, nos conhecidíssimos versos que se seguem:

Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Sobre Vinícius de Moraes

Vinícius de Moraes nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913, filho de um pai funcionário público e poeta, e de uma mãe poetisa.

Apelidado carinhosamente de “poetinha”, Vinícius de Moraes teve atuação destacada, além de como poeta, como compositor, dramaturgo e diplomata.

Na música, esteve ele ao lado de figuras importantíssimas, podendo ser considerado, junto a Tom Jobim e João Gilberto, o epicentro do movimento que ficou mundialmente conhecido como bossa nova.

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Sua canção Chega de saudade, que contou com arranjos de Tom Jobim, é considerada um marco na música popular brasileira que, regravada na voz de inúmeros artistas, foi considerada pela revista americana Rolling Stone a sexta melhor canção brasileira de todos os tempos.

No teatro, Vinícius de Moraes destacou-se com a peça Orfeu da Conceição (1956), e sua poesia costuma ser enquadrada na segunda fase do modernismo brasileiro, apresentando de forma acentuada temáticas lírico-amorosas, como vemos no Soneto de fidelidade.

Além de reconhecido nacionalmente por sua obra artística, Vinícius de Moraes ficou também famoso por sua vida pessoal bastante agitada: o “poetinha”, tido como um grande conquistador, casou-se nove vezes e deixou cinco filhos, vindo a falecer em 9 de julho de 1980

Obras poéticas de Vinícius de Moraes

  • O caminho para a distância (1933)
  • Forma e exegese (1935)
  • Ariana, a mulher (1936)
  • Novos poemas (1938)
  • Cinco elegias (1943)
  • Poemas, sonetos e baladas (1946)
  • Pátria minha (1949)
  • Antologia poética (1954)
  • Livro de sonetos (1957)
  • Novos poemas II (1959)
  • O mergulhador (1968)
  • A arca de Noé (1970)
  • Poemas esparsos (2008)

Bônus: versões musicais do Soneto de fidelidade, de Vinícius de Moraes

Conclusão

Ficamos por aqui!

Esperamos que você tenha gostado de nossa análise do poema Soneto de fidelidade, de Vinícius de Moraes.

Se você curtiu esse conteúdo, não deixe de ver a nossa análise do poema José, de Carlos Drummond de Andrade.

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Um abraço e até a próxima!

Como citar este conteúdo COMO FAZER UM POEMA. Poema Soneto de fidelidade, de Vinícius de Moraes (com análise). [S.I.] 2022. Disponível em: https://comofazerumpoema.com/poema-soneto-de-fidelidade-vinicius-de-moraes/. Acesso em: 25 out. 2024.